Coluna: Vinte anos depois, falta carro na F-1, de novo

Um dos assuntos preferidos de quem acompanha e cobre a F-1 neste começo de ano, é especular sobre que irá comprar o espólio da Honda, que no final de 2008 abandonou a categoria, vitimada pela crise mundial e a absoluta falta de resultados nos dois últimos mundiais.

Oficialmente hoje temos apenas nove equipes, e dezoitos carros, aptos para alinhar no grid de largada da primeira prova do mundial de 2009, em Melbourne, na Austrália, dia 28 de março. Se alguém comprar a Honda, e der o nome que for, mesmo assim serão apenas 20 carros. E isso preocupa o chefão Bernie Ecclestone, pois o contrato com as emissoras exige no mÁ­nimo 20 carros em cada etapa.

E pensar que há vinte anos tÁ­nhamos até pré-qualificação para ver quem disputava os treinos classificatórios. Era tanto carro, quase quarenta, que chegaram a criar rebaixamento no meio da temporada, para definir quem disputava a pré-classificação.

A lista de inscritos para o GP do Brasil de 1989, abertura do mundial, contava com 39 nomes, destes 26 participaram da prova. E olha que os pilotos eram do calibre de Ayrton Senna, Alain Prost, Nelson Piquet, Gehard Berger, Riccardo Patrese, Thierry Boutsen, Michele Alboreto, Eddie Cheever, …..

Tudo bem que os tempos são outros, pois para se montar uma equipe de F-1 na atualidade se gasta praticamente o mesmo que todas as grandes equipes da época juntas.  Só para se ter uma ideia, voltando muito no tempo, o tri-campeão Jackye Stewart faturava, no auge da carreira, no começo dos anos setenta, astronÁ´micos (para a época), um milhão de dólares! Imagina quanto valeria hoje o salário de Ayrton Senna? E por falar em Senna, seu sobrinho, Bruno, um dos maiores valores que o Brasil produziu nos últimos tempos, tem na venda da Honda a sua única chance de entrar na F-1 neste ano. Espero que isso aconteça, pois senão depois de muitos anos teremos apenas um brasileiro na categoria máxima do automobilismo, e que dominamos por vinte anos.

Como ainda é proibido a venda de chassis, o que era normal até 1980, vamos torcer para que a crise não derrube mais nenhuma equipe, e esvazie ainda mais o grid. Afinal a Toro Rosso já foi posta a venda de novo, a Williams tá de pires na mão, a Renault e a Toyota dependem do bom humor de seus controladores. Firme mesmo só Ferrari, McLaren e Red Bull.

Mas quem quer ver um campeonato com cinco Ferrari, seis McLaren e sei lá quantos carros enérgicos?

Lembrando que por duas vezes a F-1 quase foi fechou. Em 1952 uma debandada de equipes de fábrica obrigou a categoria a usar por dois anos os carros da F-2. E em 1969, a quebra tanto de equipes de fábrica quanto as das chamadas garagistas, deixou o grid com menos de 15 carros (e de novo os F-2 foram chamados para engrossar alguns grids).
Bem a F-2 está voltando, quem sabe a história não se repete.