Coluna: Até tu Brutus?, por Carlos Mattos

Que o automobilismo é um esporte que movimenta muito dinheiro ninguém tem dúvidas, e isso vem desde as categorias de base. Para se ter uma idéia, para correr de Copa Clio, uma das categorias de turismo mais baratas do Brasil, é necessário um investimento de R$ 200 mil por ano para uma temporada completa, isso se nada acontecer com o carro, como batidas e outros danos que os limites da pista podem trazer. Mas o que me impressiona um pouco, é o fato de alguns pilotos acabarem se envolvendo em encrencas que podem lhe custar a carreira.

Nas últimas semanas recebemos – com um certo choque – a notÁ­cia de que Hélio Castroneves, vice-campeão da IndyCar neste ano, estaria envolvido com sonegação fiscal nos EUA. A história á princÁ­pio ninguém entendeu, pois só se notÁ­ciava que o Brasileiro não poderia sair do paÁ­s porque estava dando chapéu no leão americano, mas foi explicada logo depois pela mÁ­dia especializada, e que eu repasso para vocês que não leram muito á fundo o assunto. O fato é que Hélio Castroneves não havia declarado o que ganhou nos anos de 1999 á 2004 pela Penske, valor que supera US$ 5 milhões, a acusação no entanto foi desencadeada, por um processo movido pelo bicampeão de F1 e bicampeão das 500 milhas de Indianápolis, Emerson Fittipaldi, empresário do piloto á partir de 1997 com contrato até 2004, que fora substituÁ­do pela Seven – uma empresa “laranja” de marketing e publicidade que passou á tomar conta da imagem de Hélinho – e pedia a fatia financeira no contrato que Hélio assinou com a Penske em 1999, após a morte do piloto Greg Moore. No final das contas, o Brasileiro acabou tomando um prejuÁ­zo de US$ 12.250.000,00 para responder o processo que sofre pela acusação de driblar o leão dos EUA, em liberdade. A quantia paga é usada para pagar 10 milhões de dólares pela sua fiança, 2 milhões pela fiança de sua irmã que toma conta dos negócios e ainda 250 mil, pela fiança do advogado que cuida do caso, e ainda pode pegar 35 anos de prisão nos EUA, o que seria o fim de sua carreira, pois segundo á mÁ­dia especializada, Castroneves pode ser expulso da Indy.

De outro lado Lewis Hamilton, piloto da Mc Laren na F1 também passou por investigação, por ter investido US$ 35 milhões, no Grenada Grand Beach Resort, hotel de luxo localizado em Granada, no Caribe, terra natal de seu avÁ´ paterno e por conta disso, teria recebido uma série de significativos incentivos fiscais e “facilidades” para aquisição destas terras por parte do então primeiro-ministro Keith Mitchell. Entretanto, o poder em Granada trocou de mãos e o novo gestor Tillman Thomas ordenou uma investigação a respeito deste negócio que também envolveria uma permuta: Em troca da isenção de impostos nas terras que adquiriu (no valor aproximado de US$15 milhões), Lewis Hamilton se tornaria garoto propaganda para promover o turismo na ilha. A investigação iniciou a partir de uma denúncia da imprensa local, que reportou não ter havido recolhimento de impostos pela transferência das terras. Há de se destacar que o governo de Granada é o proprietário de todas as terras localizadas na orla do paÁ­s e a cede para empresários em troca de uma taxa anual. Há ainda outro item que teria deixado a negociação ainda mais nebulosa: o acordo entre o grupo de Hamilton e o Governo Federal foi assinado em 7 de Julho, exatamente um dia antes das eleições.

É uma situação complicada para o automobilismo, porque vemos pilotos competentes, que se tornaram Á­dolos para muita gente e acabam sujando sua imagem, envolvendo-se em escândalos que podem literalmente abalar suas carreiras, sujar a imagem das categorias em que correm, haja visto que a Fórmula 1 pode enfrentar uma crise nos próximos meses e o pior, podem ainda matar a paixão de muitos torcedores pelo automobilismo o que acabaria gerando á longo prazo falta de investimentos de grandes empresas e vários outros problemas que nem vou citar, pois já falei demais por aqui.

É isso, termino essa coluna por aqui e deixo meu e-mail para quem quiser entrar em contato para sugerir temas para discutirmos.

Grande abraço á todos!