Coluna: 500 Milhas da Granja Viana, festa e profissionalismo na pista, por Robson Miranda

A 11º edição das 500 Milhas da Granja Viana, disputada no kartodromo localizado em Cotia, na Grande São Paulo, no último final de semana, marcou o final de ano de disputas da maioria dos pilotos brasileiros. Um misto de festa e profissionalismo marcou a prova, que teve intensas disputas na pista.

Este ano foi a primeira vez que estive acompanhando de perto a prova, dentro dos boxes, cobrindo cada momento da disputa. Antes da largada, a meia-noite e quinze minutos, o clima era de descontração com muitos pilotos passeando pelos boxes, brincando, cumprimentando amigos, tirando fotos com fãs, simplesmente se divertindo.

Mas foi só começar a chegar a hora da largada, que tudo mudou. Todos de macacão, mesmo os que não iriam começar a prova, e os karts alinhados no estilo Le Mans antigo. Muitos, como Felipe Massa, aproveitaram para treinar a largada, onde os pilotos ficam de frente para o kart, a poucos metros de distancia, e partida dada, correm em direção ao kart. É uma confusão danada, mas muito legal de se ver. Antes aconteceu a execução do Hino Nacional e a queima de fogos.

Logo no inÁ­cio da prova um retardatário rodou, batendo nos karts de Mario Haberfeld e Rubens Barrichello. Haberfeld levou o kart, avariado até os boxes, que foi assumido por Christian Fittipaldi. Barrichello também entrou nos boxes, sem muitos problemas no equipamento. Curioso era ouvir os apitos dos mecânicos quando um kart entrava nos boxes, e difÁ­cil era tirar os convidados da prova, que circulavam a vontade pelos boxes, durante a disputa. Além de uma dupla de humoristas, que promoviam uma marca de refrigerante.

Um dos grandes favoritos a vitória, o kart de Felipe Massa/ João Paulo Bertuccelli/ Ruben Carrapatoso, assumiu a liderança da prova logo na primeira volta, depois do piloto da Ferrari largar em 3º. Mas depois de levar duas punições, tendo que passar pelos boxes, devido a ultrapassagem em bandeira amarela, o trio abandonou com problemas no motor. Vitor Meira, companheiro de Haberfeld e Fittipaldi, também desistiu, depois da quebra de um pedaço do chassi.

Madrugada a dentro e os pilotos não aliviavam as disputas. No inicio da manha o kart de Clemente Faria, que liderava a prova, parou nos boxes, suspeitando de problemas na embreagem. Depois de nova parada, devido a falta de torque nas curvas, a equipe, que se preparava para trocar o motor, descobriu uma quebra na chaveta do pinhão do motor.

Faltando cerca de três horas para o final de prova os dois karts da equipe liderada por Rubens Barricello e Tony Kanaan, assumiram a ponta da prova, ao passarem o kart liderado por Oswaldo Negri Júnior. Pouco depois, em plena reta dos boxes, e bem na minha frente, o kart número 100 foi para a grama, batendo e ficando com a carenagem de fibra destruÁ­da. O piloto saiu andando calmamente pelo canto da pista. Eu estava no lugar certo, pois pude tirar várias fotos da batida.

Às 9 horas e 57 minutos, foi acionada a vermelha, com os pilotos parando na linha de largada. A cronometragem havia dado uma pane, fazendo a prova ser paralisada. Muitos pilotos e equipes acharam essa paralisação estranha. Mais ou menos 50 minutos depois a prova recomeçou.

Antonio Pizzonia liderava, contudo uma ida a grama, na 579º volta, o fez perder a posição para o companheiro de equipe, Kanaan. Duas voltas depois o sistema de cronometragem deu pane novamente e a corrida foi dada como encerrada, com vitória do quinteto Rubens Barrichello/ Tony Kanaan/ Felipe Giaffone/ Lucas Di Grassi/ Renato Russo. O segundo lugar foi do quinteto Rubens Barrichello/ Tony Kanaan/ Antonio Pizzonia/ Lucas Di Grassi / Thiago Camilo, seguidos pelo quarteto Luciano Burti/ Denis Dirani/ Gabriel Dias/ Felipe Guimarães.

Na área do pódio a festa dos vencedores era enorme, com Pizzonia chegando a pular nas costas de Kannan, depois de uma entrevista do baiano a televisão. Nos boxes, após a prova Thiago Camilo, depois de correr atrás de Kannan, com um balde de água, deu um banho no companheiro de equipe.

Como evento automobilÁ­stico as 500 Milhas da Granja Viana reúne o que há de melhor. Pilotos de renome, um ambiente de festa e intensas disputas na pista. Ano que vem tÁ´ lá de novo. Se Deus quiser.

Destaques da prova:

Positivo: A equipe feminina, formada por Victoria Pryor/ Carolina Persona/ Paola Tena/Valéria Zopello/ Mariana Christofoletti, encheu de charme os boxes da Granja, e não fez feio na pista. Porém um acidente, na parte final da prova, na saÁ­da da curva que leva a reta dos boxes, quando vários karts bateram, fez Paola Tena levar o kart, avariado para os boxes, abandonando quando estavam entre os 30 primeiros.

Negativo: A equipe formada pelos jornalistas que fazem a revista da Red Bull na Stock Car, chegou em penúltimo lugar, depois de trocarem o motor do kart por duas vezes.