Como o Facebook está destruindo sites e toda a Internet

Redes sociais são uma febre há anos, especialmente no Brasil. O Facebook apareceu para “acabar” com as demais redes sociais, e conseguiu. Porém, o que pouca gente sabe é que o Facebook está acabando também com a viabilidade comercial de muitos sites. Entenda.

Nós somos donos de um negócio na Internet baseado em anúncios. Nossa receita, que já não é lá essas coisas, vem exclusivamente de propagandas e o nosso faturamento é diretamente proporcional Á  quantidade de visualizações de páginas (“pageviews”) que podemos imprimir por mês. Se o nosso tráfego cai, nossa receita também cai. Simples assim. E pode haver um momento em que a nossa receita caia para um ponto abaixo do nosso ponto de equilÁ­brio, o que inviabilizará o negócio. Se isso ocorrer, teremos algumas alternativas, como diminuir o ritmo das postagens ou simplesmente tirar o nosso site do ar.

Os usuários não se tocam que o Facebook tira tráfego dos sites e, portanto, colabora com a queda do faturamento de todos os sites e, com o passar dos anos, representa uma grave ameça a sobrevivência dos sites de conteúdo. Há alguns motivos principais para isso ocorrer.

Como o Facebook é um grande agregador de atividades e notÁ­cias, muitos usuários passaram a acessar exclusivamente o Facebook em suas horas vagas. Antes do Facebook, se um usuário tinha duas horas livres por dia para ficar “de bobeira” na Internet, ele visitava seus sites preferidos. Hoje, os usuários acessam apenas o Facebook durante todas as suas horas vagas. Afinal, está “tudo” ali.

Logo, a solução para todo site de conteúdo é criar uma página no Facebook, onde os usuários podem acompanhar os últimos textos publicados e clicar caso queiram ler o texto inteiro, certo? Errado! Pois o modelo de negócios do Facebook é o mesmo usado pela máfia. E aqui precisamos explicar em detalhes o que ocorre.

Facebook: modelo de negócios inspirado pela máfia

A lógica de criar uma página no Facebook com a esperança de atrair mais visitantes para o seu site faz sentido, mas há dois problemas.

Primeiro, a maioria dos usuários só lê a chamada para o seu conteúdo e não clica no link para ir ao seu site para ler o conteúdo. Antes do Facebook, o usuário teria de ir ao seu site para ver as novidades. Mesmo que ele não clicasse na chamada do conteúdo, pelo menos ele gerava uma visita. Com o Facebook, essa visita é perdida, fazendo com que o número de visualizações de página caia e, consequentemente, o faturamento do site também caia.

Em outras palavras, se você quiser que os seus sites favoritos continuem no ar, clique nos links e não fique, como tantas pessoas, se informando apenas através de manchetes.

Mas o grande problema é que o Facebook não libera o conteúdo que você gerou para todos os seus usuários: na maioria das vezes, menos de 1% dos seguidores são informados sobre as atualizações do Facebook.

O problema aqui é claro: você segue nossa página no Facebook achando que vai ser informado sempre em que postarmos algo e deixa de acessar nosso site confiando nisso. Todos perdem: deixamos de receber sua visita (o que ocasiona queda em nosso faturamento e, no longo prazo, ameaça a viabilidade do nosso site) e você não é informado sobre novos artigos que são postados.

Isso ocorre porque o Facebook limita o alcance do conteúdo que você posta (isto é, a quantidade de pessoas que verão o post). Se você quiser que mais usuários vejam o que você postou, você tem que pagar ao Facebook.

O algoritmo usado pelo Facebook prioriza o que ele chama de “ações” (número de cliques, curtidas, comentários e compartilhamentos), e funciona de forma dinâmica, em tempo real. Quanto maior o número de “ações” de uma postagem no Facebook, mais o Facebook abre a “torneira” e mais gente vê aquela postagem. Porém, se a postagem for algo importante mas que não esteja gerando um número alto de “ações”, ela não será vista por muitas pessoas. É o que, infelizmente, ocorre com a maioria das nossas postagens avisando sobre novos artigos do site.

Por isso, uma forma de ajudar os sites que você gosta é efetuando “ações” nas postagens, tais como curtir, compartilhar, comentar e clicar no link existente.

O Facebook modifica seu algoritmo frequentemente, normalmente diminuindo o alcance “padrão” para tentar convencer donos de sites a gastar dinheiro com propaganda. No começo de 2014, o alcance que obtÁ­nhamos em nossas postagens “normais” era muito maior que o nosso alcance atual. O que é paradoxal: quando tÁ­nhamos menos seguidores, mais gente via nossas postagens. Não deveria ser o contrário?

Então vamos entender: você gera conteúdo para o Facebook (que fica para ele de graça) e ainda tem de pagar ao Facebook se quiser que seus usuários (que você enviou ao Facebook e não são usuários que ainda não conhecem a sua página) vejam o conteúdo que você criou. Isso é simplesmente um absurdo. Basta comparar o Facebook ao YouTube, que além de divulgar gratuitamente os seus vÁ­deos, ainda divide a receita publicitária obtida com o vÁ­deo, se ele for popular. O Google (dono do YouTube) estimula que você poste mais vÁ­deos e ajuda na divulgação, pois a empresa quer que você ganhe dinheiro com eles. O Google, através do AdSense, quer que o seu site tenha mais tráfego, de modo que exista mais receita publicitária que será compartilhada com o dono do site. Já o Facebook quer que todo tráfego da Internet passe por eles e que você pague a eles para ter o seu conteúdo divulgado entre os usuários oriundos do seu site. Ou seja, você dá tudo de graça ao Facebook e ainda tem de pagar se quiser que o seu conteúdo seja divulgado corretamente entre os usuários que já são “seus”.

Isso poderia até fazer sentido se essa fosse a única fonte de renda do Facebook. Só que não é. O mesmo tem propagandas nas laterais das páginas (muitas delas sendo golpes, mostrando que o Facebook não tem o menor critério ou controle de quem anuncia) e no meio do seu “feed” de notÁ­cias.

Há um excelente vÁ­deo explicando o modelo de negócios do Facebook de forma extremamente didática e que recomendamos caso você queira se aprofundar ainda mais nesse assunto.

Há ainda fortes suspeitas de fraude na maneira com que o Facebook opera, assunto que abordaremos mais a frente.

É interessante ainda notar como muitos falam que o Mark Zuckerberg é um “gênio”, sem se tocarem que, enquanto o pessoal fica maravilhado com esse suposto gênio, a empresa dele está simplesmente destruindo a viabilidade econÁ´mica de sites de conteúdo. E, obviamente, ele quer mais que os demais sites se explodam para que ele possa controlar sozinho a Internet (com 30 bilhões de dólares no bolso, diga-se de passagem).

Por que vocês não postam seus artigos e notÁ­cias na Á­ntegra no Facebook?
Porque é suicÁ­dio. O maior bem de um site de conteúdo é justamente o seu conteúdo. Se colocarmos nosso conteúdo, de graça, no Facebook, o tráfego do nosso site cairá, e de onde tiraremos dinheiro para continuarmos no ar?

Por que vocês não têm um sistema de comentários integrado ao Facebook?
Idem. Com o agravante que o pessoal começaria a interagir através do Facebook, a pessoa não precisaria mais visitar o site.

Em conclusão, se você quiser ajudar sites de conteúdo que você gosta, passe a acessá-los com maior regularidade e interaja mais com ele. Isso ajudará aquele site a continuar no ar e não ter que fechar as portas devido Á  queda no faturamento causada pelo efeito Facebook.

Fonte: Clube do Hardware