F1: Brasileiro faz coluna sobre a transferÁªncia para a Williams F1

Escrevo esta coluna voando de Abu Dhabi para a Inglaterra. Estou indo realizar um sonho, pois sempre sonhei em guiar para Williams, desde criança, desde a primeira vez que vi um F1 na TV. Estou indo anunciar a minha contratação…Estou indo encontrar meu destino .Várias vezes nesses últimos 17 anos chegamos a conversar e a quase fechar um contrato, mas confesso que a hora boa é agora: Nunca estive tão preparado, nunca estive tão bem guiando um carro e a Williams sabe vencer e tenho confiança no trabalho deles.

Foi já na prova de Barcelona que fui contactado por um jornalista inglês me perguntando se eu tinha contrato para 2010 porque tinha um time querendo os meus serviços (Mal sabia ele que o meu contrato para 2009 era de somente 4 corridas e que o resto dependia do meus resultados e trabalho). Quis saber que time era esse, mas ele só me falou que era inglês e que não era um time novo…Só podia ser Mclaren ou Williams. O coração bateu mais forte! Depois daqueles 4 meses sem saber se guiaria um F1, logo na quinta prova do campeonato sendo procurado por um sonho.

Com a Mclaren, cheguei a falar, mas foi mais para frente…no GP do Brasil exatamente. Uma grande equipe sempre a ser considerada, mas meu contrato com a Williams já estava assinado. E bem assinado…Estou indo para liderar um projeto na tentativa da equipe de voltar ao topo. E como quero isso…

Voltando um pouco no tempo devo dizer que Abu Dhabi surpreendeu…tudo novinho em folha e uma pista de muito empenho especialmente pelo calor. Começamos o campeonato na frente, mas já no final a RBR e Mclaren vinham nos superando. Foi assim na classificação e seria assim na corrida, caso o Hamilton não tivesse problemas de freio.

Já na largada, fui para cima .Tinha que ganhar terreno no começo da prova. Larguei bem e vi o Webber tentar passar o Vettel por fora na curva 1. Vi minha chance de ir por dentro e ganhar algo. Acabei perdendo um pedaço da minha asa quando ele decidiu abortar sua tentativa e voltar por dentro na curva. O toque foi inevitável…Logo após, senti o carro saindo bastante de frente e confesso que achei que teria que ir para os boxes. O Jenson me passou nessa hora. O incrÁ­vel foi que quando os pneus aqueceram o meu rendimento era muito bom…melhor ate que o Jenson. Por isso, a equipe resolveu não mudar meu bico, mesmo eu pedindo para que trocassem. Alegaram que não tÁ­nhamos o luxo de perder 2 ou 3 segundos no box. E talvez não tÁ­nhamos mesmo…E foi assim a minha corrida, rápido mas sem condições de ultrapassagem com uma parte da asa perdida.

Mas valeu demais esse ano…Após resolvido meus problemas de freio (em Silverstone) sempre estive a frente do meu companheiro e consegui recuperar muitos pontos. Em um campeonato onde se melhorava a cada prova…fui muito competitivo. Foi demais, isso sim…

Agora, começa uma nova etapa…Sempre com os pés no chão e com os braços abertos para o que esta por vir…

Abraços

Rubens Barrichello

* A Coluna do Rubens é publicada em seu site oficial www.barrichello.com.br