F1: Uma volta em Cingapura com Luiz Razia

Piloto de testes da Virgin, baiano descreve cada detalhe do palco da única corrida noturna da história da categoria


O
circuito de rua de Marina Bay é o palco da ação
deste fim de semana da F-1, o GP de Cingapura. Com sua primeira
edição realizada em 2008, a corrida fez história
ao ser o local da primeira _e, por enquanto, única_ corrida
noturna da categoria: geralmente acostumados a andar no inÁ­cio
da tarde, os pilotos correm em uma pista iluminada artificialmente,
com as luzes dos luxuosos prédios da região e a lua
servindo como cenário.


Com 5.073 metros, o traçado
possui nada menos que 23 curvas, muitas delas em 90º, como
costumam ser os circuitos de rua. Confira uma volta detalhada nas
palavras de Luiz Razia, piloto de testes da equipe Virgin e único
brasileiro na GP2, principal divisão de acesso Á 
F-1:

“Cingapura
é uma pista de rua estonteante. A corrida é noturna e é
muito difÁ­cil conseguir uma volta perfeita, por causa do
grande número de curvas bruscas para a direita e a
esquerda.

Vamos Á  volta: com a melhor saÁ­da
possÁ­vel da curva 23 para conseguirmos velocidade plena na
reta dos boxes, começamos a volta com uma sequência de
três curvas muito próximas. O segredo é usar
bastante as zebras neste setor e sair bem delas, para conseguirmos
construir uma boa velocidade na curva 4.

A curva 5 não
é segredo e não necessita uma freada forte: apenas o
suficiente para o contorno perfeito e subida até a sétima
marcha com destino Á  curva 7. É tudo ‘flat’, com o pé
embaixo, e é importante ficar esperto nas luzes do câmbio,
para não perdermos nenhum giro.

Em seguida, uma grande
freada para a curva 7, que possui uma área de escape decente
em caso de uma frenagem tardia! Ela é feita em terceira
marcha, com aceleração total na saÁ­da para as
curvas 8 e 9, muito similares. Só que, na 9, a saÁ­da é
muito importante, para ter a certeza de que é possÁ­vel
acelerar cedo e se concentrar nas luzes do câmbio até
atingirmos a 7ª marcha, a 260 km/h.

A curva 10 possui uma
freada realmente difÁ­cil, pois você freia e gira o
volante ao mesmo tempo na chicane tripla onde Kimi Raikkonen bateu em
2008 _muitos pilotos tocaram o muro na saÁ­da dessa sequência.
Manter a calma é realmente importante nesta parte da
pista.

Curva 10 concluÁ­da, agora é acelerar até
a quinta marcha e encarar um “S”, que compreende as curvas
11 e 12. São muito complicadas, já que você tenta
manter a velocidade alta e chega muito perto do muro, se aproximando
para a curva 13, que é similar Á  9, pois precisamos de
uma boa saÁ­da. É fácil ver as rodas girarem em
falso nesta parte da pista, já que todos buscam uma boa tração
e uma boa saÁ­da.

A curva 14 é, novamente, uma
grande freada. Contorná-la de maneira limpa e suave é o
segredo, “construÁ­ndo” a velocidade até a
sexta marcha, quando você se aproxima da curva 15, na qual é
muito difÁ­cil frear, já que você breca e gira o
volante ao mesmo tempo; essa curva, junto com as 11, 12, e as
seguintes, 16 e 17, são combinações similares em
forma de “S”.

Na curva 18, gosto da freada e da
entrada da pequena ponte; é muito legal Á  noite. A
saÁ­da desta curva é a preparação para a
19, que é muito rápida para a quantidade de grip que
existe lá. A saÁ­da da curva 19 é muito
traiçoeira, muito próxima ao muro enquanto nos
encaminhamos para as curvas 20 e 21, uma nova combinação
em “S”. Precisamos ter a certeza de que a saÁ­da da
curva 21 é muito boa e rápida, próxima ao
muro.

E, em seguida, temos as duas últimas curvas, 22 e
23, que nos levam Á  reta de chegada. Essa sequência é
realmente muito rápida e, em muitas oportunidades, os pilotos
passam pela área de escape, testando os limites da pista.

É
uma pista muito boa e divertida com as luzes acesas. Esta é
Cingapura, uma volta fantástica. Para mais dicas e conselhos
da pista, me siga no twitter: @luizrazia.”

Luiz
Razia e a Casa Filadélfia

Desde
a última rodada dupla da GP2, na Hungria, Luiz Razia corre com
a logomarca da Casa de Assistência Filadélfia (CAF) em
seu carro. Nascida em 1988, a entidade trabalha pela dignidade e
inclusão social de crianças, adolescentes e famÁ­lias
que vivem e convivem com HIV/AIDS e em situação de
vulnerabilidade social, contribuindo para a vida participativa em
comunidade. Luiz Razia é um dos parceiros do CAF. Para
conhecer mais sobre a Casa e seus projetos, acesse
www.caf.org.br