Fórmula E: Daniel Abt é banido das competições virtuais por trapacear

Como muitos sabem, por conta da atual pandemia do coronavÁ­rus, muitos dos eventos esportivos ao redor do mundo foram adiados e/ou cancelados, como é o caso do automobilismo, com quase todas as categorias sendo afetadas (recentemente, a norte-americana NASCAR retornou suas atividades nas pistas, porém, sem público).

Para contornar essa situação, várias dessas categorias decidiram criar seus próprios campeonatos nos videogames, com a presença dos pilotos reais, como uma forma de agradar os fãs de corridas.

Entre elas, está a Fórmula E, que em parceria com a UNICEF, está organizando a Race at Home Challenge, uma série de provas disputadas no simulador rFactor 2 e que utiliza os carros elétricos da categoria (oficialmente licenciados no game), com a presença de todos os pilotos reais.

Nesse último sábado (23), foi realizado a quinta etapa da competição, no circuito alemão de Tempelhof, e que teve a vitória de Oliver Rowland, porém, quem chamou a atenção de todos foi Daniel Abt, que chegou na terceira colocação na corrida, sendo seu melhor resultado depois de amargar péssimos resultados nas corridas anteriores (com um 15º sendo sua melhor colocação antes desse GP).

Porém, esse surpreendente resultado de Abt acabou chamando a atenção de todos, principalmente do belga Stoffel Vandoorne, que após a corrida, acusou o piloto alemão de trapacear (como pode ser visto no clip abaixo retirado de seu canal oficial na Twitch).

Realmente não estou feliz, porque aquele não era o Daniel pilotando o carro, e ele estragou tudo. Isso foi ridÁ­culo

Após essa denúncia, a organização do campeonato resolveu investigar o ocorrido, e acabou descobrindo que a acusação era verÁ­dica: Daniel Abt não estava no controle do seu carro durante a corrida, e sim Lorenz Hoerzing, piloto de esports e que participava de um evento paralelo ao Race at Home Challenge apenas com jogadores profissionais.

Toda a farsa foi descoberta após uma série de evidências que deixaram claro que Abt não estava no controle de seu carro: começando pela câmera que filmava o piloto em seu simulador, onde é possÁ­vel observar que o rosto de Hoerzing estava coberto com algum equipamento para ele se passar pelo alemão da Audi.

Além disso, durante a entrevista com os três primeiros colocados, realizado através da plataforma Zoom, a câmera de Abt aparecia totalmente preta. Por fim, após uma checagem nos endereços de IP dos computadores de Abt e Hoerzing com o log do game, foi confirmada a armação para que houvesse essa “substituição” de pilotos.

Por fim, a Fórmula E acabou decidindo pelo banimento de Daniel Abt e Lorenz Hoerzing de suas respectivas competições virtuais, além da desclassificação de Abt (quer dizer, de Hoerzing) da última corrida. Além disso, Abt terá que pagar uma multa de €10,000, que será destinada para uma organização de caridade.

Após a confirmação da punição, em declaração, Abt se desculpou pelo ocorrido e disse que não levou o Race at Home Challenge tão a sério quanto deveria.

Gostaria de me desculpar com a Fórmula E, todos os meus fãs, minha equipe e meus colegas pilotos. Não levei isso tão a sério como deveria. Sinto muito por isso, porque sei quanto trabalho foi feito nesse projeto por parte da organização da Fórmula E. Estou ciente que meu erro tem um sabor amargo, mas nunca quis fazer algo de má intenção. É claro que aceito minha desqualificação da corrida.

Essa não é a primeira grande polêmica envolvendo pilotos do mundo real nos simuladores: mais recentemente, Kyle Larson, durante um evento oficial da NASCAR disputada no iRacing, acabou usando uma expressão de cunho racista, e teve como resultado sua suspensão da categoria e seu contrato com a Chip Ganassi Racing (sua ex-equipe na NASCAR) encerrado.

Outro caso que acabou repercutindo mundialmente foi o caótico final da prova virtual de Indianápolis organizado oficialmente pela IndyCar, com os pilotos Simon Pagenaud e Santino Ferrucci deliberadamente batendo em seus rivais.

Fonte: Adrenaline