GT3 Brasil: Categoria terá equipe que montou o dream team do automobilismo brasileiro

Completando 50 anos em 2009, equipe Greco já reuniu no mesmo grid os irmãos Emerson e Wilsinho Fittipaldi, José Carlos Pace, Luiz Pereira Bueno, Bird Clemente e muitos outros. Mais do que chegar apenas embalado pela tradição, o time paulista traz como credenciais tÁ­tulos consecutivos obtidos desde 2002.

O Brasil GT3 Championship terá em seu grid de 2008 um time que ajudou a escrever parte da história do automobilismo brasileiro. No ano de 1959, a Greco Competições foi escolhida para fornecer a estrutura da Equipe Willys. Na direção do time estava Luiz Antonio Greco, o “Trovão”, como era conhecido por sua voz potente e rouca que reverberava e impunha respeito pelos boxes. Aquele seria também o primeiro time profissional com pilotos assalariados no paÁ­s. E sua mão de obra ao volante fazia jus ao contracheque. Testemunha de sua força foi a imagem marcante de uma famosa foto usada como pÁ´ster muito popular entre os fãs da época, na qual se anunciava: “Estes pilotos maravilhosos e suas máquinas voadoras”. Naquela mesma imagem, vestindo o rudimentar macacão da época, aparecia o que talvez tenha sido a maior seleção de talentos do nosso automobilismo a defender uma única escuderia: Luiz Pereira Bueno, Wilsinho Fittipaldi, José Carlos Pace, Bird Clemente, Chiquinho Lameirão e Carol Figueiredo. Os três primeiros – mais o então garoto Emerson Fittipaldi, que também integrou a equipe mas não apareceu na foto -, chegaram Á  Fórmula 1. Mas todos tinham competência para atingir a categoria máxima, especialmente o fenomenal Bird Clemente, o grande craque daquela época, os anos 1960, um perÁ­odo hoje reverenciado como o ponto de partida do automobilismo profissional no Brasil.

Com um time dessa envergadura Greco dava inÁ­cio Á  saga que forjou o que talvez seja a principal equipe de competição do nosso automobilismo – e lhe deu fama de o mais esperto estrategista do esporte a motor brasileiro. Ao longo de sua existência, a Greco cravou marcos para o automobilismo nacional, como a criação da maior escola de pilotos do Brasil, a Fórmula Ford (1969) e a participação em provas de longa duração com o revolucionário Ford GT40 – carro cujo design e façanhas inspiraram o Ford GT que compete atualmente na GT3 moderna. A equipe também colecionou tÁ­tulos como poucas, conquistando as Divisões 1, 2 e 3, o Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos, e muitos outros.

105 carros – Hoje, aos 49 anos, a Greco Competições permanece como a escuderia mais antiga em atividade no Brasil. O comando agora está nas mãos de Fabinho Greco, 44 anos, já que o velho Trovão se calou em 1992, ainda aos 57 anos, e deixou como herança para o filho um rico legado histórico, a grande responsabilidade de tocar adiante uma saga tão bem sucedida e 105 carros de corrida para preparar… “Estávamos no começo da implantação Fórmula Fiat, uma categoria monomarca que iniciou no Brasil este tipo de conceito”, conta Fabinho, lembrando os tempos em que tinha uma grande operação em andamento no galpão instalado bem de frente ao portão principal de Interlagos. “Os 105 carros que preparávamos formavam o grid de três categorias diferentes. Fomos os primeiros a usar injeção eletrÁ´nica no PaÁ­s e também a transmitir todas as corridas ao vivo”, conta ele.

Aquela foi também uma época de transição para o automobilismo brasileiro. De um lado, a Fórmula Fiat, que era disputada por modelos Palio e Uno, reuniu a nata do esporte a motor profissional, com nomes do quilate de Ingo Hoffmann, Chico Serra, Paulão Gomes, Adalberto Jardim e Xandy Negrão, e viu o final do brilho de estrelas mais antigas, caso do sensacional Toninho da Matta – pai do ex-piloto de Fórmula 1 Cristiano da Matta. Mas também assistiu ao surgimento de novos nomes que seguiram fazendo sucesso no esporte, exemplos de Cacá Bueno, Antonio Jorge Neto e NonÁ´ Figueiredo. “O NonÁ´ veio das corridas de carros do tipo Fórmula. O Netinho era um campeão nas motos, e o Cacá ainda era iniciante. Todos eles, e muitos outros, aprenderam os segredos dos carros do tipo Turismo com a gente, brigando com Ingo Hoffmann e companhia. Tenho muito orgulho disso”.

Terceira geração – Embalada por sua tradição, a Greco inscreveu dois Ferrari F430 no Brasil GT3 Championship. Um deles será pilotado pela dupla Antonio Jorge Neto e Sérgio Laganá, enquanto o outro terá a revelação da Maserati Cup, Renato Cattalini (campeão em 2007 pela própria Greco), ao lado de um piloto que ainda será anunciado. “A tecnologia da GT3 nos atrai muito”, diz Fábio Greco. “E acho que nossa passagem pela Maserati, em 2007, nos deu uma boa bagagem pois há muita coisa em comum entre os modelos Maserati CoupÁ¨ e Ferrari F430. Somos uma equipe antiga, mas que gosta de novidades, de aprender”, continua. É o mesmo pensamento do outro Fábio Greco do time, filho do dirigente da escuderia e representante da terceira geração da famÁ­lia nas pistas. Aos 21 anos e cursando Engenharia na FEI, ele é o responsável pela área de aquisição dados do time.

De 2002 a 2007, a Greco Competições faturou cinco tÁ­tulos de campeã e um vice-campeonato em competições de nÁ­vel nacional. A maior parte destas façanhas foi obtida no difÁ­cil Rally Internacional dos Sertões.

Confira:
2002 – Campeã do Rally Internacional dos Sertões (categoria Production, Troller, dupla René Mello/Marcos Mello)
2003 – Vice-campeã do Rally Internacional dos Sertões (categoria Production, Mitsubishi L200, René Mello/Marcos Mello)
2004 – Campeã do Rally Internacional dos Sertões (categoria Production, Mitsubishi L200 RS, Riamburgo Ximenez/Flávio França)
2005 – Campeã do Rally Internacional dos Sertões (categoria Super Production, Mitsubishi L200 RS, Riamburgo Ximenez/Flávio França)
2006 – Campeã do Rally Internacional dos Sertões (categoria Geral, Mitsubishi L200 RS, João Franciosi/Rafael Capuani)
2007 – Campeã do Troféo Maserati (Maserati Coupé, piloto Renato Cattalini)