IndyCar: Motores. Uma corrida a parte na Indy

Na nova fase da categoria, a briga não é somente na pista: agora, três fábricas pesquisam e testam em laboratório para vencer

Após um perÁ­odo de seis anos no sistema monomarca, a Fórmula Indy estreia no próximo dia 25, em São Petersburgo, durante a primeira etapa da temporada, o novo regulamento técnico que permite a adoção de uma das três marcas de motor confirmadas para 2012: Honda, Chevrolet e Lotus. Este cenário modifica muito a dinâmica da competição, pois agora pilotos e equipes têm vÁ­nculos e fidelidade a um dos três fornecedores, o que se reflete em troca de informações e colaboração extrapista entre os times. Esse novo cenário será visto ao vivo pelo público brasileiro no dia 29 de abril, quando será realizada a Itaipava São Paulo Indy 300 Nestlé, quarta etapa da temporada 2012.

Espertamente, a organização da Indy criou um campeonato entre as fábricas – o que só vai aumentar o comprometimento dos executivos e acirrará a rivalidade entre os três blocos concorrentes. Em 2012, a Honda deve contar com oito equipes, que devem colocar na pista 12 carros. A Chevrolet será defendida por cinco times, com 11 monopostos. E a Lotus atraiu para sua campanha quatro equipes, totalizando cinco carros. Os pilotos brasileiros Tony Kanaan, Rubens Barrichello e Hekio Castroneves utilizarão os motores Chevrolet.

O novo formato foi anunciado pela IndyCar em junho de 2010. Os fornecedores de motor devem fabricar unidades de até 2,2 litros de capacidade cúbica, com no máximo seis cilindros. Os motores alimentados pelo etanol E85 podem ter entre 550 e 700 cv, variação que permite ajustes e opções de mapeamento eletrÁ´nico visando uma melhor adaptação aos vários tipos de pista utilizados pela categoria.

Desafio técnico – As unidades também são mono ou biturbo, o que, segundo a IndyCar, permite maior flexibilidade no uso da potência por meio de um sistema de ajuste de carga do sistema. Desde 2003, a Indy usava motores V8 de 3,5 litros naturalmente aspirados – e nos bastidores sabe-se que essa alteração vai resultar em novo cenário técnico para engenheiros e pilotos, especialmente levando-se em consideração que este será também o ano de estreia de um novo chassi, o DW12, fabricado pela italiana Dallara. Outra novidade são os freios de carbono, que farão muita diferença nos traçados mistos e de rua.

As três marcas entraram na competição por meio de seus braços esportivos: a Honda Performance Development, a Ilmor Engineering (Chevrolet) e a Engine Developments, que representa a Lotus e tem como principal engenheiro o famoso John Judd.

Honda: antecipação – A fábrica japonesa foi a primeira a anunciar a intenção de fornecer os motores, ainda em agosto de 2010, apenas dois meses depois da apresentação do novo projeto pela IndyCar. A Honda Performance Development já fornecia motores, sozinha, para todo o grid desde 2006.

Um protótipo da nova HI12RT foi Á  pista pela primeira vez já em agosto de 2011, pelas mãos de Dan Wheldon, piloto que acabaria por falecer na última etapa do ano passado. Naquele teste, a Honda já considerava seu projeto pronto para estrear nas corridas, enquanto Chevrolet e Lotus ainda trabalhavam no protótipo de seus motores e buscavam atingir o patamar mÁ­nimo de 2.000 milhas (ou cerca de 3.200 quilÁ´metros) de testes em dinamÁ´metro, como determina o regulamento.

Chevrolet: cooperativa – A marca americana fez seu shake-down no dia 30 de setembro do ano passado, na pista de Putnam Park, perto de Indianápolis, quando o carro foi conduzido por Will Power. Neste mesmo dia, a Honda dava por encerrados seus testes particulares de pista – mostrando que foi realmente vantajoso se comprometer antecipadamente com a categoria.

Mas as equipes da Chevy só puderam testar o motor pela primeira vez no dia 14 de outubro de 2011, em Mid-Ohio. Mesmo cumprindo metas e usando a expertise da Ilmor, a fábrica precisou de ajuda: criou um programa que envolve todas as suas equipes no desenvolvimento do motor, empregando profissionais de todas as equipes de corrida em uma espécie de cooperativa.

Lotus: baseada na Europa – A marca, que hoje pertence a um grupo da Malásia, foi a última das três a confirmar sua participação, em novembro de 2010. E teve como problema inicial encontrar uma empresa que pudesse fabricar e dar assistência Á s equipes – o que atrasou bastante o inÁ­cio da produção. Escolhida, a Engine Developments vai operar a partir da Inglaterra. Como resultado do atraso, quase três meses do primeiro Honda ir Á  pista, o Lotus ainda engatinhava no dinamÁ´metro.

As restrições impostas pelo novo regulamento, no entanto, ajudaram a Lotus a acelerar o desenvolvimento. “As regras são bem estritas no uso de materiais exóticos, peso e regime de rotação do motor. Isso evita que alguém com mais dinheiro leve vantagem e também facilita na fase de projeto”, resumiu John Judd. O primeiro motor Lotus da Indy deu as voltas iniciais somente dia 12 de janeiro, na pista de West Palm Beach. O shake-down completo contou 1.450 quilÁ´metros em quatro dias.

Nos testes realizados no inÁ­cio de março por todas as equipes em Sebring, as fábricas tiveram seu primeiro confronto oficial. O domÁ­nio foi dos motores Honda, que ocuparam as duas primeiras posições nos tempos combinados de todas as sessões, com os pilotos da equipe Ganassi – Scott Dixon e Dario Franchitti – em primeiro e segundo lugares, respectivamente. O terceiro tempo foi registrado por Helio Castroneves (Penske), seguido por Rubens Barrichello (KV), ambos com motor Chevrolet. Tony Kanaan (KV), que também usa motor Chevrolet, ficou com a 20ª posição. O melhor carro com motor Lotus foi o pilotado por Oriol Servia, da equipe Dreyer & Reinbold Racing, que terminou a semana de treinos apenas no 19º lugar.

Veja abaixo os pilotos, equipes e suas respectivas marcas de motor para 2012:

Equipe, Piloto, PaÁ­s, Motor
A.J. Foyt Enterprises, Mike Conway, Inglaterra, Honda
Dale Coyne Racing, James Jakes, Inglaterra, Honda
Dale Coyne Racing, Justin Wilson, Inglaterra, Honda
Sam Schmidt Motorsports, Simon Pagenaud, França, Honda
MSR Indy, AJ Allmendinger, Estados Unidos, Honda
MSR Indy, Brian Bailey, Canadá, Honda
Fisher Hartman, Josef Newgarden, Estados Unidos, Honda
Target Chip Ganassi Racing, Scott Dixon, Nova Zelândia, Honda
Target Chip Ganassi Racing, Dario Franchitti, Escócia, Honda
Novo Nordski Ganassi Racing, Charlie Kimball, Inglaterra, Honda
Service Central Ganassi Racing, Graham Rahal, Estados Unidos, Honda
Rahal Letterman Lanigan Racing, Takuma Sato, Japão, Honda

Andretti Autosport, Marco Andretti, Estados Unidos, Chevrolet
Andretti Autosport, James Hinchcliffe, Canadá, Chevrolet
Andretti Autosport, Ryan Hunter-Reay, Estados Unidos, Chevrolet
Ed Carpenter Racing, Ed Carpenter, Estados Unidos, Chevrolet
KV Racing Technology, Tony Kanaan, Brasil, Chevrolet
KV Racing Technology, Rubens Barrichello, Brasil, Chevrolet
KV Racing Technology, Ernesto Viso, Venezuela, Chevrolet
Panther Racing, JR Hildebrand, Estados Unidos, Chevrolet
Team Penske, Ryan Briscoe, Austrália, Chevrolet
Team Penske, Helio Castroneves, Brasil, Chevrolet
Team Penske, Will Power, Austrália, Chevrolet

Lotus Team Barracuda, Alex Tagliani, Canadá, Lotus
Dreyer & Reinbold Racing, Oriol Servia, Espanha, Lotus
HVM Racing, Simona de Silvestro, SuÁ­ça, Lotus
Luczo Dragon Racing de Ferran Motorsports, Sebastien Bourdais, França, Lotus
Luczo Dragon Racing de Ferran Motorsports, Katherine Legge, Inglaterra, Lotus