Papo de Box: Uma grande amizade acima de tudo!, por Cláudio Ricci

Nessa minha primeira coluna no site SpeedRacing, na qual fiquei muito lisonjeado em ter sido convidado para ser colunista, vou falar um pouco sobre a última edição das 12 Horas de Tarumã, que aconteceu no dia 17 de dezembro.


Participo desta prova, que é a mais tradicional do automobilismo gaúcho, desde 1999 e sem dúvida essa foi a mais emocionante que participei. Muito competitiva, havia no mÁ­nimo dez protótipos favoritos, não podendo apontar um entre eles. Pela segunda vez, nossa equipe que é formada também pelos pilotos Lisandro Webber e Marcelo Fernandes, foi pole na geral com o Scorpius Opel 2.0. Para mim a conquista foi uma façanha contra os potentes turbos, ainda mais numa pista de alta velocidade e com poucas freadas,  que os favorecia  e muito. Mas, trabalhamos o carro todos os treinos para a classificação, pois para mim e para toda a equipe tem muita importância o glamour de uma largada Á  meia-noite em primeiro lugar.


Claro, que fizemos isso pensando também em montar um conjunto de motor e relação de câmbio para agüentar todas Á s 12 horas, mas estávamos tranqüilos, pois tÁ­nhamos o motor guardado revisado, o mesmo que havia nos dado o titulo de Bicampeões do serrano e a liderança geral do Gaúcho. Confiávamos muito nesse motor. Então arriscamos tudo na classificação e valeu a pena. Tivemos uma largada com 41 carros de todas as categorias, no tradicional estilo Le Mans. Um show para o público que lotou o autódromo. Fizemos uma largada sem problemas, nos intercalamos nas primeiras posições com os turbos até quase o amanhecer. Quando eles tiveram que forçar o ritmo, pois estávamos cinco protótipos muito perto e acabaram quebrando.


Pela manhã já tÁ­nhamos quase cinco voltas Á  frente de todos e tranqüilos sem problema algum. No meio da manhã, enfrentamos um problema numa roda traseira e tivemos que fazer duas paradas. Quem vinha numa prova espetacular eram os irmãos Stédile, sem problema algum durante a prova eles acabaram conseguindo a liderança da prova, faltando apenas 20 minutos pra acabar a corrida, sendo que nós estávamos na mesma volta. Voltamos para a pista e sabÁ­amos que nosso carro era muito rápido e que podÁ­amos recuperar a primeira colocação, mas com a quebra da nossa suspensão dianteira tive que entrar para box para soldarmos. Nesse tempo, perdermos seis voltas, quando retornamos a pista, praticamente com a frente arrastando no chão, apenas para completarmos a prova, pois o Spyder Opel dos irmãos Stédile, já estava com o tÁ­tulo na mão.


Como falei essa foi Á s 12 Horas mais emocionante que já participei, mas não só pela prova, mas porque vi como é bom ter e a cada dia cultivar grandes amizades, como a que tenho com esses três irmãos Fernando, Joacyr e Edemar Stédile, meus conterrâneos de Passo Fundo, que acima de qualquer corrida são meus grandes amigos. O que ficou provado com a cena inédita da chegada, quando o Edemar, que pilotava o carro, me esperou para eu passar junto com ele na linha de chegada.


Depois de uma prova desgastante como esta, eu que vinha me arrastando na pista recebi talvez o maior troféu e essa imagem nunca me esquecerei, pois eu havia auxiliado a construir aquele protótipo dos meus amigos e, que, antes da prova eu mesmo anunciava que poderia ser o grande vencedor, pois potencial eles tinham para isso. O público aplaudiu de pé e com muita emoção, imaginem como eu estava no carro, em lágrimas e muito feliz, pois tanto nós, como eles tÁ­nhamos todos os méritos dessa vitória. Buscávamos ali muito mais que uma simples vitória, mas sim um exemplo de espÁ­rito esportivo e companheirismo, que com certeza nessa corrida ficou marcado pela alta competitividade e uma bela chegada que surpreendeu e emocionou todos os apaixonados por automobilismo como eu.


Um abraço e até a próxima coluna!


Cláudio Ricci tem mais de 20 anos de carreira como piloto. Gaúcho, natural de Passo Fundo, atualmente, se prepara para participar de mais uma temporada no Campeonato Brasileiro da Pick-up Racing.