Novo formato de treinos classificatórios divide opinião dos pilotos.
Mais comentado do que compreendido nos últimos dois meses, desde que foi introduzido no regulamento desportivo da categoria, o novo formato de treinos classificatórios da Stock Car será colocado Á prova neste sábado em Interlagos. O circuito paulistano recebe a abertura da 30ª temporada da mais importante categoria do automobilismo brasileiro em meio Á incerteza sobre o acerto na decisão que modificou o sistema de “qualifying†usado nos últimos anos.
Serão três sessões. Os trinta e quatro carros – limite estabelecido para o campeonato – entrarão na pista para os primeiros 30 minutos. Os 15 mais rápidos passarão para a segunda e os demais formarão o grid do 16º ao 34º lugares. Na segunda, com 20 minutos, avançarão apenas os seis melhores, enquanto os outros se classificarão da 7ª Á 15ª colocações. A terceira é onde reside a polêmica. A superclassificação prevê disputas diretas em duas voltas entre 3º x 4º, 2º x 5º e 1º x 6º da fase anterior. A idéia é de uma prova super-rápida, com largada lançada e resultados baseados na soma dos tempos. Os vencedores garantem as três primeiras posições; a ordem de saÁda dependerá de quem for o mais rápido entre eles.
Os pilotos claramente estão divididos. Vencedor da prova inaugural de 2007, quando estreava pela Equipe Medley, Ricardo MaurÁcio se diz contrário Á iniciativa. “Não concordo com essa corridinha, porque pode acontecer de todo. Aliás, nem estou certo se realmente haverá uma disputa, já que pode não valer a pena correr o risco. Eu preferia que ficasse como estava ou, se a mudança fosse mesmo necessária, que se adotasse o esquema da Fórmula 1, também em três partes, mas na última todos juntos e sem limite de voltasâ€, justificou.
Um dos nomes mais experientes da Stock Car, Guto Negrão acredita que o formato precisará ser aprovado na prática. “Toda novidade é bem-vinda e deve ser experimentada. Mas acho que ainda temos de avaliar corretamente os prós e contras. Confesso que ainda não estou convencido de que este modelo está garantido em todo o calendário. Se não funcionar, então é melhor copiar outro que já sabemos que funciona muito bem, como é o caso da Fórmula 1.â€
O paraibano Valdeno Brito, único piloto nordestino da categoria, vai na mesma linha de Guto. “Só mesmo depois dos treinos de amanhã é que seremos capazes de emitir uma opinião a respeito. Antes, é apenas especulação. Mas penso que poderá ser algo interessante, porque é provável que os objetivos sejam alcançados. Pode mesmo haver brigas nessa corridinha porque quem vencer sabe que já ganhou três posiçõesâ€, lembrou.
Melhor estreante do ano passado e vencedor da prova de encerramento em Interlagos, Marcos Gomes admite que os colegas chegaram a ficar apreensivos com o novo formato de definição da pole. “Vamos testar algo nunca visto. O pessoal se assustou, mas aos poucos passou a procurar entender melhor. É algo ainda para ser avaliado, mas pode até dar certo. Como é proibido trancar para manter a posição, será possÁvel tentar a ultrapassagemâ€, comentou.
Se o novo “qualifying†provoca dúvidas, o aumento da carga e do tempo de utilização do óxido nitroso durante a corrida é unanimidade. Agora, os pilotos poderão usar o nitro por seis vezes em perÁodos de sete segundos. Cada “apertada†no botão despejará uma potência extra de 60 cavalos aos 450 dos motores da Stock Car – no ano passado, eram três de nove segundos e acréscimo de 35 cavalos. “Agora, sim, vai dar para sentir a diferença. Antes, os pilotos que iam ser ultrapassados percebiam que o piloto que vinha atrás estava usando o nitro e fechava a porta. Agora, com o aumento da potência, talvez não tenha o mesmo tempo de reaçãoâ€, analisou MaurÁcio. “O nitro agora tem de ser levado em conta na estratégia de corrida, já que não será utilizado apenas no começo ou no fimâ€, aplaudiu Negrão. “Sessenta cavalos são um ganho e tantoâ€, concordou Valdeno. O mais entusiasmado, no entanto, é Marcos Gomes. “O nitro vai determinar até o resultado das corridasâ€, assegurou.