Tribunal aprova edital do autódromo no Rio, mas exige aval da Câmara

O Tribunal de Contas do MunicÁ­pio do Rio de Janeiro aprovou nesta quinta-feira (9) o edital de licitação para construção e exploração do novo autódromo da cidade. A intenção é que ele seja a nova sede da Fórmula 1 no paÁ­s, atualmente em São Paulo.

Os conselheiros, contudo, determinaram que nove correções ao edital fossem feitas. Também exigiram a aprovação de uma lei na Câmara Municipal autorizando a exploração imobiliária do terreno, contrapartida oferecida pela prefeitura ao vencedor da licitação, que terá de arcar com os R$ 697 milhões de investimento previsto no projeto.

A exigência de uma lei para concretizar o autódromo será um teste para o prefeito Marcelo Crivella (PRB), que vem enfrentando uma rebelião de vereadores até da base. Ele é alvo inclusive de um processo de impeachment.

O projeto de levar a Fórmula 1 para o Rio de Janeiro existe desde o ano passado, quando a prefeitura iniciou os estudos. Ele ganhou novo apoio polÁ­tico nesta quarta-feira (8) com a assinatura pelo presidente Jair Bolsonaro de um termo de cooperação para concretização da iniciativa.

Até o momento, porém, não existem garantias de que o Rio sediará o evento, já que a Prefeitura de São Paulo possui contrato para realizar o GP de Interlagos até 2020.

A Prefeitura de São Paulo reafirmou a intenção, já manifestada pelo prefeito Bruno Covas e pelo governador João Doria, ambos do PSDB, de renovar o contrato que vence no próximo ano. Atualmente, a privatização de Interlagos está congelada, Á  espera do inÁ­cio das discussões sobre a Operação Urbana Jurubatuba na Câmara Municipal de São Paulo.

Alguns vereadores planejam criar outro empecilho para o projeto. A Câmara Municipal já aprovou em primeira votação a criação da APA (Área de Preservação Ambiental) da Floresta do Camboatá na área prevista para instalação do autódromo.

O projeto foi aprovado por 30 a 0 no primeiro turno. Uma audiência pública sobre o tema será realizada na sexta (10), exigência para o reconhecimento da APA pelo Sistema Nacional de Unidade de Conservação.

“Importante os cariocas perceberem que não é meia dúzia de árvores que a prefeitura quer cortar para fazer o autódromo. Eles querem destruir uma floresta em pleno processo de regeneração que precisa ser preservada”, disse o vereador Renato Cinco (PSOL), autor da proposta.

Bolsonaro minimizou a intenção dos vereadores. “Se o Exército não estivesse naquela área, com toda certeza ela já estaria invadida e com toda certeza depredada. O Exército preservou a região e, por ocasião desse projeto, a região será preservada”, disse ele.

O autódromo de Deodoro é uma promessa no Rio de Janeiro desde 2012, quando o autódromo de Jacarepaguá foi desmontado definitivamente para a construção do Parque OlÁ­mpico da Barra da Tijuca.

O novo autódromo do Rio de Janeiro, com capacidade para 130 mil pessoas, será construÁ­do em Deodoro, em uma área de propriedade do Exército que foi cedida. Ela teve de ser descontaminada porque havia artefatos explosivos enterrados no local.

A previsão é que a construção do autódromo, que segundo Bolsonaro levará o nome de Ayrton Senna, custe R$ 697,4 milhões. O investimento será a cargo da iniciativa privada, que poderá explorar o espaço comercialmente, além de usar 41% do terreno para empreendimentos imobiliários.

Fonte: Folha de S.Paulo