Truck:Competitividade extrema redime Truck da má lembrança de 2005 em Campo Grande

Depois do acidente com 19 pilotos que suspendeu a prova em 2005,
categoria volta Á  cidade num de seus momentos mais competitivos.


A largada para a corrida da Fórmula Truck em 2005, na tarde ensolarada de 7 de agosto, proporcionou no Autódromo Internacional de Campo Grande uma das imagens mais assustadoras da história do automobilismo nacional. Um toque de Jonatas Borlenghi em Roberval Andrade, que formavam a segunda fila do grid, provocou uma sucessão de batidas que, em meio minuto, levou Á  destruição total ou parcial nada menos que 19 caminhões.

As toneladas de ferro retorcido na reta dos boxes, os pilotos atordoados e atÁ´nitos diante de uma imagem até então inacreditável. O piloto goiano José Maria Reis ficou preso Á s ferragens de seu Ford, com outros veÁ­culos destruÁ­dos sobre o seu, por quase uma hora. Aquele cenário de horror, aos olhos de alguns, já seria suficiente para afastar definitivamente a categoria mais popular do PaÁ­s da pista cravada na capital de Mato Grosso do Sul.

Mas a Fórmula Truck está de volta a Campo Grande. E, para compensar a suspensão da corrida, para premiar o público da cidade com um dos momentos de maior competitividade de sua história. A quinta etapa do Campeonato Brasileiro de 2006, neste domingo (16), tem especial importância por definir as chances de cada postulante ao tÁ­tulo. Até agora, com quatro corridas realizadas, quatro pilotos ocuparam o degrau mais alto do pódio.

O paranaense Pedro Muffato, que ganhou a segunda prova do ano, lidera o campeonato. A vitória em Fortaleza, em abril, abriu-lhe uma seqüência de três pódios consecutivos – foi terceiro colocado em Interlagos, onde Roberval venceu, e ficou em segundo em Guaporé, na vitória de Renato Martins. Os dois pilotos de São Paulo são terceiro e quarto colocados na pontuação, respectivamente. O vice-lÁ­der é o paranaense tricampeão Wellington Cirino.

Muffato, após o acidente na largada de 2005, foi retirado da cabine de seu caminhão com o pescoço imobilizado pelos socorridas. Submeteu-se a exames na Santa Casa de Campo Grande e foi liberado, aliviado pela constatação de que não havia sofrido fraturas nas costelas. “Aquele foi realmente um momento difÁ­cil, mas que confirmou o alto nÁ­vel de segurança dos nossos caminhões”, lembra o piloto, que comanda a classificação atual com 66 pontos.

Apenas quatro pilotos conseguiram evitar envolvimento no maior acidente da história da Truck. Renato Martins, pole-position, estava Á  frente do restante do pelotão. Além dele, só o catarinense Luiz Zappelini e os paulistas Vinicius Ramires e Felipe Giaffone conseguiram frear seus caminhões a tempo. “Quando começou a pancadaria, a equipe me avisou pelo rádio. Eu estava a 130 km/h, só tive tempo para jogar o caminhão para a grama e frear”, lembra Ramires.

Um dos mais jovens pilotos da categoria neste ano, Vinicius pretende dar seqüência em Campo Grande Á  boa campanha que vem cumprindo. “Já consegui os primeiros pontos, o primeiro pódio, está tudo muito bom neste ano”, considera o piloto da Mercedes-Benz. “Essa vai ser uma corrida de muito desgaste para os caminhões, quem conseguir poupar melhor os freios para o final pode ficar com a vitória. Para mim, o pódio é a meta”, estipula.

Cirino, que acumula 56 pontos, e Roberval, que tem 55 pontos, foram os únicos pilotos a integrar a festa do pódio em todas as provas da Truck em Campo Grande. O paranaense, que pilota para a Mercedes-Benz, venceu em 2001 e 2003 e ficou em quarto em 2004. O paulista, que compete com um Scania, foi segundo em 2001 e 2004. Na corrida de 2003, foi quinto. “Quero manter esse histórico de pódios para voltar Á  liderança”, avisa, motivado.

Depois da prova na capital de Mato Grosso do Sul, a Fórmula Truck terá mais quatro corridas – a seguinte, conforme anunciou a organização da categoria na última semana, será disputada em Cascavel, no dia 17 de setembro. Com um intervalo de nove semanas entre as duas etapas, as equipes agendam exaustivas sessões de testes para que possam ter Á  disposição, na reta final da temporada, todos os recursos técnicos possÁ­veis para disputarem vitórias.

A largada da corrida deste domingo no circuito de 3.433 metros de Campo Grande será dada Á s 13h15 locais, 14h15 de BrasÁ­lia. A meteorologia indica que a corrida vá acontecer sob forte calor. A prova será transmitida ao vivo para todo o Brasil pela Rede Bandeirantes, com narração de Téo José, comentário de Eduardo Homem de Mello e reportagem de Luiz Silvério.