Coluna: “Breves do MotoGP”, por Rafael Ligeiro

Apesar do GP de abertura da temporada 2005 estar previsto apenas para 10 de abril, em Jerez dela Frontera, o Mundial de Motovelocidade passa por um momento agitado fora das pistas. Assim como em 2004, quando Valentino Rossi trocou a Honda pela Yamaha, a pré-temporada desse ano chama a atenção por novidades e definições interessantes. E uma delas está na BMW. Segundo uma conceituada revista de motociclismo, a montadora alemã que estreará em 2006 terá como diretor o ex-projetista da Ferrari, Mauro Forghieri.

Nome popular para quem acompanhou Fórmula-1 nos anos 70, Forghieri surgiu para o automobilismo na área de engenharia do time de Maranello em 1960. Ainda jovem trabalhou ao lado de outro conceituado projetista, Carlo Chiti, criador do popular Ferrari 156 “Nariz de Tubarão”, vencedor dos mundiais de Pilotos e de Construtores de 1961. Logo passou ao posto do “ex-professor” Chiti. E, de fato, fez bem a lição de casa.

Embora tenha construÁ­do carros de grande competitividade ao longo da carreira, nenhum outro modelo de Forghieri fez tanto sucesso quanto o 312T, de 1975. Após uma série de estudos, o italiano desenvolveu o câmbio transversal e um sistema de engrenagens que conseguia traduzir toda a força do motor Ferrari, o mais potente da época – capaz de atingir 11.500 rotações por minuto, algo bastante aquém das 19 mil dos atuais propulsores. Com isso, o 312T não somente venceu com sobras o campeonato daquele ano, através de Niki Lauda. O carro ditou novos rumos na área tecnológica dos Fórmula 1 e até hoje é um exemplo de união entre potência, durabilidade e estabilidade.

Logicamente, o posto de projetista e o atual desafio de Mauro são campos tão distintos que quaisquer comparações se tornam inviáveis. Entretanto as quase três décadas na Ferrari lhe renderam diversas experiências extrapista e que valerão muito no comando da BMW. Aliás, os alemães possuem tradição, um projeto promissor e terão o ano inteiro para treinar. Os primeiros testes ocorrem já em fevereiro, com o experiente inglês Jeremy McWilliams.

Em posição bem mais confortável que os germânicos está a Yamaha. Além do tÁ­tulo em 2004, o principal nome da marca nas pistas, Valentino Rossi, está contente com a estrutura oferecida pelos japoneses. Nas últimas semanas, o “Bambino D’oro” vem rasgando elogios ao atual time. Ambos parecem viver uma “lua-de-mel”. E para aquecer ainda mais o relacionamento, a festa dos 50 anos de existência da marca acontecerá justamente na Itália, no próximo dia dois. O evento será realizado em Bormio, localidade bastante visitada durante o inverno europeu por turistas de todos os cantos do mundo. Além da presença de Rossi, serão apresentados o recém-contratado Colin Edwards e possivelmente o modelo que a montadora usará em 2005.

Já a rival Honda continua literalmente mordida pela derrota no campeonato passado. A ex-equipe de Valentino vem trabalhando muito nessa fase de preparação e promete ter um equipamento bastante competitivo. Á“timo para o nosso Alex Barros, que deve voltar Á  boa forma na Pons Honda, time em que pilotou dentre 1999 e 2002, conquistando cinco vitórias e 14 pódios. Na esquadra de Sito Pons, Barros tem o talento reconhecido e voltará a acelerar sem pressão.