Dakar: Brasileiro considera Dakar sul-americano devastador

Donos da 95ª posição na categoria carros do Rally Dakar, os brasileiros Paulo Pichini e Lourival Roldan acreditam que a primeira edição da disputa off road na América do Sul está sendo tão ou até mais sofrida que as provas realizadas no continente africano, que sediava a prova até 2007.

“O Dakar sul-americano está mostrando que a África tem sua magia, mas que o nosso continente também traz belezas naturais e obstáculos que marcarão profundamente os participantes desta edição. Os mais experientes comentam que nunca viram um Dakar tão exigente quanto este. Está devastador”, resume Pichini.

Ao menos este sábado não será tão sofrido visto que o dia está reservado para o descanso dos competidores na cidade chilena de ValparaÁ­so. O navegador Roldan explica que o principal problema do Dakar 2008 tem sido a chamada fesh fesh, uma areia muito fina que invade o carro todo, gerando um desgaste ainda maior do veÁ­culo. “Quando passamos pelo fesh fesh, ele parece um talco, levanta aquele poeirão, que entra no carro e escurece tudo. Depois parece que, com o calor constante, ele cola onde estiver e fica duro feito cimento. Na prática, isso significa que ele funciona como um verdadeiro ladrão de potência, já que impede a circulação de ar do motor. Por várias vezes foi preciso parar e limpar nosso filtro e dar uma geral no radiador para podermos seguir em frente”, explica o competidor.

Chefe da equipe Red Line, que apóia a dupla, Francisco Inocêncio, ressalta que o sábado será de muito trabalho para os mecânicos, na tentativa de reparar os danos provocados nos veÁ­culos. “O dia será de muito trabalho para a nossa equipe, vamos dar duro para deixar nossos carros impecáveis para relargarmos amanhã”, comentou.

Ele concorda que a América do Sul tem trazido mais dificuldades que a África. “O Dakar está tão duro, que a reposição de peças dos veÁ­culos este ano está mais acelerada que o habitual. Isso acontece porque nossos carros estão sendo colocados numa situação ainda mais extrema que em edições anteriores. Este é o meu quinto Dakar e nunca vi nada parecido ao que estamos vivenciando aqui”, ressalta.

A dureza do percurso surpreendeu até mesmo a organização, que viu obrigada a criar uma zona neutra na quinta etapa (cerca de 20% dos carros e caminhões que largaram conseguiram completar o trecho cronometrado), e diminuir a sexta e sétima especiais – esta última, sequer foi disputada entre os caminhões. No total, foram cortados 363 km de prova.

Fonte: Gazeta Press