F1: Adaptação Á  nova Fórmula 1 deve impedir os famosos ‘blefes’ na pré-temporada

Se perguntar para qualquer piloto de Fórmula 1, ele vai confirmar que a famosa máxima do futebol também pode ser aplicada no automobilismo. “Treino é treino, e corrida é corrida”. Todo ano, especula-se se os resultados das equipes nos testes de pré-temporada condizem com o que será visto na hora de competir. E, em muitas ocasiões ao longo da história, as equipes mais fortes realmente esconderam o jogo das adversárias, para depois surpreendê-las.

Porém, com a restrição dos testes e a enorme quantidade de mudanças que a categoria sofreu de 2009 para 2010, tanto no regulamento quanto na “dança das cadeiras” dos pilotos, dificilmente as equipes se darão ao luxo de “blefar” durante a pré-temporada que começa nesta segunda-feira, em Valência, na Espanha.

Para chegar Á  prova de abertura no Bahrein, dia 14 de março, na melhor condição possÁ­vel, todas as escuderias terão de aproveitar cada um dos 15 mil quilÁ´metros permitidos para os 15 dias de testes para se adaptarem ao novo regulamento com os carros de 2010, que sofreram grandes alterações em relação aos do ano passado.

A principal mudança nas regras é o fim do reabastecimento durante as corridas, que forçou as equipes a criarem carros com maior distância entre-eixos para acomodar um tanque de gasolina bem maior que os usados nos últimos anos. A última temporada disputada sem reabastecimento foi a de 1993, há 17 anos. Dos pilotos confirmados para este ano, apenas Michael Schumacher e Rubens Barrichello experimentaram correr dessa forma.

Os pilotos terão de se acostumar a largar com tanque cheio e terminar a prova com o carro cerca de 30% mais leve e 5 ou 6 segundos mais rápido do que no inÁ­cio da corrida. E a adaptação será inversa do sábado para o domingo. Depois de disputarem a classificação com o menor peso possÁ­vel, no dia seguinte alinharão no grid com o monoposto cerca de 160 kg mais pesado.

E se para os times consolidados o desafio é grande, será ainda maior para as quatro equipes novatas e os quatro pilotos estreantes já confirmados no grid: Bruno Senna (Campos), Lucas Di Grassi (Virgin), José Maria López (USF1) e Nico Hulkenberg (Williams).

Além da presença dos novatos, a “dança das cadeiras”, muito mais movimentada em 2010 que nos anos anteriores, também impede a tática de esconder o jogo. Até mesmo pilotos já consagrados precisarão aproveitar os treinos para se acostumar Á s suas novas realidades.

Maior campeão de todos os tempos, o heptacampeão Schumacher terá de se adaptar ao cockpit de sua nova equipe, a Mercedes, após três anos de aposentadoria. O bicampeão Fernando Alonso já anunciou que só deve atingir seu limite na terceira ou quarta corrida da temporada, após ter trocado a Renault pela Ferrari. Atual campeão, Jenson Button é outro que enfrentará dificuldades ao ter seu desempenho comparado com o de Lewis Hamilton na McLaren.

TESTES DE 2009 MOSTRARAM A REALIDADE

Assim como neste ano, em 2009 as equipes também tiveram de se adaptar a mudanças radicais no regulamento e no projeto de seus carros – nova aerodinâmica, pneus slick e KERS eram a novidade. Naquela ocasião, quando a Brawn GP assombrou o mundo da Fórmula 1 ao dominar os testes , era difÁ­cil acreditar que o time que aproveitou o espólio da extinta Honda não estava blefando.

Na época, Barrichello precisou dizer que “o carro é bom mesmo” para que a imprensa e a torcida brasileira começasse a acreditar no que estava acontecendo. O resultado confirmou o que se viu na pré-temporada: Button venceu seis das primeiras sete corridas, conquistou o tÁ­tulo e, com a ajuda de Barrichello, selou a vitória da equipe de Ross Brawn no Mundial de Construtores.