F1: Em Spa, pilotos passam 71% da volta acelerando

Confira uma análise técnica do mÁ­tico circuito belga feita por Luiz Razia, piloto reserva e de testes da equipe Virgin

Uma das pistas mais adoradas de todos os pilotos, Spa-Francorchamps é o palco do GP da Bélgica de Fórmula 1, 13ª etapa da temporada 2010. Dona de belos cenários e localizado na região das Ardenas, uma região de muitas colinas e construções com influência holandesa, a pista é caracterizada por ser bastante seletiva e pela tradicional instabilidade do tempo.

Idealizada em 1921, o circuito usa estradas públicas que ligam as cidades de Francorchamps, Malmedy e Stavelot, com uma forma triangular e comprimento de 13 km; três anos após sua inauguração, sediou o primeiro GP belga. Com seu traçado original, Spa compÁ´s o calendário da primeira temporada da F-1, em 1950, e passou por uma remodelação na década de 70, passando aos atuais 7.004 metros em 1983 e conservando muitas das caracterÁ­sticas do traçado original.

Com 20 curvas, Spa-Francorchamps é caracterizado como uma pista de média para alta velocidade, onde os pilotos percorrem cerca de 71% da volta com o pé cravado no acelerador. O traçado possui, também, o maior trecho em declive do calendário _são 2,5 km de pura descida no miolo do circuito_, além das curvas mais famosas do calendário, como a Bus Stop, a Blanchimont, a La Source e a temida Eau Rouge, entre outras.

Para entender como o circuito influencia os vários setores do equilÁ­brio de um carro de F-1, confira uma análise técnica feita pelo baiano Luiz Razia, piloto reserva e de testes da equipe Virgin:

Aerodinâmica
“Essa pista é fascinante! Ela é muito seletiva, com curvas de todos os tipos para todos os lados, rápidas e lentas, com subidas e descidas, incluÁ­ndo a fabulosa Eau Rouge, a curva mais adorada do automobilismo. Adoro a força aerodinâmica gerada com a velocidade nessa pista. É muito difÁ­cil para as equipes decidirem o equilibrio ideal entre retas muito longas e curvas de alta velocidade.”

Freios
“Os freios não são um grande problema para Spa-Francorchamps, apesar da bastante pressão aerodinâmica usada no carro, mas, com as longas retas do circuito belga, a refrigeração dos freios é tranquila. Temos algumas freadas fortes, como a La Source e no fim do retão, mas nada muito grave.”

Motor
“Alguns motores de Silverstone, que foi a 11ª etapa do ano, serão utilizados aqui. A vida útil do motor será muito importante para o carro conseguir aguentar as longas retas e o alto giro, com o carro podendo atingir velocidades acima de 320 km/h em dois setores: na reta que sucede a Eau Rouge e na saÁ­da da curva Blanchimont.”

Pneus
“Não vejo porque as equipes teriam problemas para esquentar os pneus em uma pista longa como Spa-Francorchamp, já sabendo dos problemas enfrentados com os pneus duros e macios (selecionados pela Bridgestone para esta etapa) durante a temporada.”

Estratégia
“Em caso de pista seca, as equipes deverão realizar apenas uma parada com certeza. Já se chover, o que indica a previsão de tempo, tudo pode acontecer como em 2008, quando teve gente que parou na última volta e quase subiu ao pódio.”