F1: Existem artefatos explosivos no terreno do novo autódromo do Rio

Exército confirma que trabalha para retirá-los do local. Em junho, um acidente com esses explosivos vitimou um militar

Com a ajuda de equipamentos de última geração para a detectação de artefatos explosivos enterrados no solo, como um avião não-tripulado, o Exército se comprometeu a limpar o terreno do novo Autódromo Internacional do Rio, em Deodoro, Zona Oeste. Na manhã desta sexta-feira, os militares assinaram com o governo federal a cessão do espaço para a construção da instalação esportiva, que substituirá a existente em Jacarepaguá, Zona Oeste.

– O compromisso do exército é entregar uma área segura. Nós não vamos entregar uma área se ela não tiver totalmente segura. Já foi encontrado algum tipo de munição. E encontrar um só, para nós, é preocupante. Por que imagina se ocorre outro acidente? – contou o comandante da 1ª Região Militar do Exército, general de divisão João Ricardo M. M. Evangelho.

O general explicou que em 1958 ocorreu a explosão de alguns paióis em Deodoro que lançaram os artefatos no solo. Com o tempo, eles foram encobertos e muitos não foram achados.

Durante 30 anos, o terreno que abrigará o novo autódromo, com cerca de dois milhões de metros quadrados, ficou sem utilização e só na década de 80 os militares voltaram a utilizá-lo. Nunca havia ocorrido acidentes até junho deste ano, quando o aluno  da Escola de Sargentos de LogÁ­stica (EsSLog), Vinicius Figueira Benedicto Eugênio, de 22 anos, morreu.

– Quem mexe com explosivos sabe que se pegar uma banana de dinamite e jogar em uma fogueira, ela pega fogo. Mas se você esquentá-la, ela explode. E, infelizmente, o aluno limpou o chão, e acendeu uma fogueira em cima desse petardo, que estava enterrado. Ele aqueceu e explodiu – revelou o general Evangelho que, em seguida, descartou a presença de minas no local.

O governo federal, que pagará a construção do novo autódromo, disse que até fevereiro de 2013 entregará o projeto executivo da instalação para o governo do Estado fazer a licitação da obra e o preço será conhecido. Mas o general Evangelho não quis se comprometer com esse cronograma e reafirmou que só entregará o terreno quando todo ele estiver descontaminado.

A previsão é a de que em Janeiro de 2015 o novo autódromo esteja pronto. Mas em julho de 2014 ele passará a receber provas do Estadual para poder ser testado.

As tragédias em Deodoro

1958: Paióis localizados no Regimento de Artilharia Antiaérea, local do Depósito Central de Armamento e Munição do Exército e o 25 Batalhão de Infantaria Paraquedista, em Deodoro, explodiram. As explosões duraram 72 horas e o deslocamento de ar atingiu um raio de cinco quilÁ´metros. Estima-se que 27 milhões de munições explodiram ou foram lançadas nos arredores, o que provocou a morte de dezenas de pessoas. Muitas morreram por ataques cardÁ­acos provocados pelas explosões.

2012: O aluno Vinicius Figueira Benedicto Eugênio, de 22 anos, da Escola de Sargentos de LogÁ­stica (EsSLog), morreu após a explosão de um artefato. Ele acendeu um fogueira que aqueceu o artefato enterrado e o detonou.

Com a palavra

Cleyton Pinteiro – Presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo

“Só haveria perigo se fossem minas”

“Trabalho há 40 anos com perfuração de rochas e sei bem o que vou falar. Se há problema no autódromo, essa questão das bombas é a menos relevante. Só haveria perigo se fossem minas. E não se trata disso. Estou tranquilo e confio na palavra do Exército de que só entregará o terreno em segurança.

No mais, estou muito feliz com o dia de hoje. Me senti como um pai que recebe a notÁ­cia de que vai ter um filho. Agora, acredito que o novo autódromo será uma realidade. E o mais importante foi que a gente participou de todo o projeto e o Rio será incluÁ­do no calendário internacional em grande estilo.”

Fonte: LANCENET!