F1: Hamilton chama de “carros porcaria” os bólidos atuais da categoria

O GP do Canadá, disputado no último domingo, decepcionou quem esperava uma corrida movimentada, tradição do circuito. Ainda mais depois que os três primeiros colocados na classificação ficaram separados por pouco menos de três décimos de segundo. Depois de chegar em quinto na corrida vencida por Sebastian Vettel (Ferrari), Lewis Hamilton culpou os carros pela falta de ação.

O inglês largou em quarto e perdeu a colocação para Daniel Ricciardo (Red Bull) durante a sessão de pit stops da corrida. Na parte final da prova, ele conseguiu se aproximar do australiano, passando várias voltas a menos de 1s da Red Bull, mas em momento algum conseguiu sequer tentar uma ultrapassagem.

“Ele estava particularmente lento, não sei por quê. Eu estava dando tudo o que podia, mas assim que você se aproxima, você sabe o que acontece com esses carros porcaria. Não tenho outra palavra para definir. Eles são incrÁ­veis quando você está sozinho, mas uma porcaria para lutar por posição”, disse o inglês.

Hamilton se refere ao comportamento da atual geração de carros quando ele está no ar turbulento do carro de um rival. Como há uma grande dependência aerodinâmica, o carro fica muito instável, impedindo que o piloto se aproxime ainda mais para tentar a ultrapassagem. Isso, além da necessidade de poupar motor em um ano no qual o limite de unidades de potência por temporada caiu de quatro para três, mesmo com 21 etapas ao invés de 20, vem contribuindo para que as ultrapassagens terem se tornado mais raras.

O problema começou com a adoção de um novo regulamento em 2017 para tornar os carros bem mais rápidos, e desde aquela época Hamilton já se colocava contra essa mudança por temer o efeito negativo nas ultrapassagens com o aumento da dependência da aerodinâmica. A queda no número de manobras já tinha sido observada ano passado, mas piorou em 2018 pela evolução natural dos carros, que estão ainda mais velozes, e a questão dos motores.

Pouco pode ser feito para este ano. Como os pneus são outro fator importante na disputa, a Pirelli vai passar a adotar escolhas mais ousadas de compostos na segunda metade, começando pelo GP da Hungria, em julho. Isso não foi feito antes porque a seleção dos compostos é realizada com bastante antecedência – os pneus para o Canadá já estavam decididos antes da temporada começar, por exemplo.

Para o ano que vem, contudo, a Fórmula 1 terá uma nova mudança que vai simplificar as asas dianteira e traseira, tornando os carros menos dependentes da aerodinâmica e aumentando o poder da asa traseira móvel, a fim de pelo menos diminuir o problema. Mas um regulamento totalmente novo só será adotado em 2021.

O resultado do Canadá fez Hamilton perder a liderança do campeonato para Sebastian Vettel, que agora é o primeiro colocado com um ponto de vantagem. Há duas etapas, o alemão estava a 17 pontos de Hamilton.

A próxima corrida será dia 24 de junho, no retorno da França ao calendário depois de 10 anos.

Fonte: UOL