GT3 Brasil: Ingo testa pela primeira vez Lamborghini que guiará esse ano

Maior estrela da Stock Car andou pela primeira vez com o bólido que utilizará para tentar o tÁ­tulo da nova categoria de supercarros.

“Este é um carro maravilhoso”, repetiu Ingo Hoffmann algumas depois de passar parte da tarde desta quarta-feira testando pela primeira vez, em Interlagos, o Lamborghini Gallardo com o qual disputará a temporada 2008 do Brasil GT3 Championship ao lado do também paulista Paulo Bonifácio. “Eu sempre digo que um carro é lindo e maravilhoso quando é rápido e ganha corridas. Mas este aqui, não dá para negar, te encanta desde a primeira olhada. Eu nunca o havia visto ao vivo. Quando cheguei ao box, fiquei olhando e pensei que nós aqui no Brasil não estamos acostumados com essas supermáquinas. Depois, pensei: ‘Nossa, vou guiar esse foguetão aÁ­. Tremendo show!’”. O treino terá continuidade nesta quinta-feira em Interlagos.

Na pista, o Lamborghini com motor V10 de cinco litros e 500 cv de potência correspondeu ao impacto visual que causou na maior estrela da Stock Car. “Você esquece a parte estética quando senta e acelera esse carro e começa a se aprofundar no lado técnico. É um carrão, espetacular”, disse Hoffmann. “Logo me chamou a atenção a facilidade de trabalhar com o câmbio tipo borboleta (com aletas de acionamento atrás do volante). Nunca tive a oportunidade de usar este equipamento em um autódromo de verdade. Também me impressionou a docilidade do Lambo, mas eu ainda não cheguei ao seu limite de desempenho, então ainda tenho o que explorar pois só treinei uma tarde. Andei rápido, sim, mas ainda tem muito o que tirar dele. É tanto uma questão de adaptação minha ao carro e a seus equipamentos quanto de acerto na pista”.

Hoffmann disse que se sentiu a vontade ao volante – confiante para explorar os limites do Gallardo – depois de algumas poucas voltas. “Se acostumar com coisa boa é mais fácil…”, brincou ele. “Mas ainda tenho que aprender a lidar com 100% de intimidade com alguns equipamentos, como o sistema do acelerador, que é fly-by-wire (eletrÁ´nico e sem cabos). E também os freios, que são muito bons mesmo, mas têm ABS (Anti-Lock Brake System, ou sistema antitravamento dos freios, eletrÁ´nico). Então, terei que mudar meu estilo, pois posso ser mais agressivo na freada: você tem que dar uma pancada muito forte no pedal para o carro parar rapidamente, enquanto que em outros carros, como no Stock, o piloto precisa ser mais suave, pois senão trava as rodas. Então, terei que mudar isso. E, tecnicamente falando, acho que esse detalhe, pela importância das freadas nas corridas, é a grande diferença entre o Lamborghini Gallardo e o Stock que estou acostumado a pilotar há tantos anos. Nas saÁ­das de curva, a tração é muito forte, presente mesmo, você pisa no acelerador e o carro vai embora”.

“Pregado no chão”“Nas curvas, o Lambo é muito preciso”, continua Ingo, relembrando os momentos que passou ao volante do carro. â€œÉ mesmo grudado no chão, o que é ótimo, pois anda rápido na curva. Mas, claro, se o piloto passar do limite (de aderência dos pneus) vai se dar mal, vai escorregar, pois isso é FÁ­sica pura, não tem como fugir dessa regra seja com qual carro for. Mas que o Lambo é pregado no chão, isso ele é mesmo”.

E, entre as caracterÁ­sticas do Gallardo em Interlagos, o que deu mais prazer a Hoffmann, um piloto muito experiente? “Não dá para apontar uma única caracterÁ­stica, pois você acaba sentindo as reações do carro como um todo, então é o conjunto que é muito bom, gostoso mesmo de pilotar. Mas poderia ter sido melhor, pois o banco que usei não está bem ajustado. Vamos fazer esse ajuste logo e aÁ­ vou estar melhor acomodado – e isso influencia bastante pois assim o piloto se sente mais integrado ao carro e rende melhor”.

O parceiro de Ingo Hoffmann para 2008, Paulo Bonifácio, disputou o tÁ­tulo da temporada anterior, chegou a liderar a classificação mas acabou na terceira posição. Ingo diz que a experiência de Bonifácio com o carro será fundamental este ano. “Ele me deu várias dicas e conhece tudo sobre esse carro”, elogiou Hoffmann. “Para adiantar as coisas, fui logo perguntando com qual marcha deveria fazer cada curva – assim é mais rápido do que ir descobrindo no traçado – e já comecei fazendo a coisa certa. Também gostei bastante da estrutura da equipe Boni Sports, que é completa e conta com técnicos vindos da Alemanha, da própria preparadora Reiter Engineering, que fez o projeto da versão de competição deste Lamborghini. Isso é primordial em carros com tanta tecnologia”.

Doze vezes campeão da Stock Car, Ingo também comentou sobre sua expectativa para seu campeonato de estréia na GT3, em um grid formado por vários supercarros além do seu Lamborghini Gallardo – há também Ferrari F430, Dodge Viper Competition, Ford GT, Porsche 997 e Aston Martin DBRS9. “Ah, a expectativa é grande, e muito positiva”, diz ele. “Acho que este é um campeonato que veio para ficar e que vai ser extremamente competitivo, muito bom mesmo, com duplas bem fortes disputando a vitória. E os carros, claro, são muito legais. Do nosso lado, o que me deixa muito animado, como disse, é a infraestrutura da equipe, mas outro fator importante é o equilÁ­brio da nossa dupla. Eu e o Boni vamos andar em um ritmo bem parecido e isso é fundamental em provas de duplas. E deu para ver que ele é extremamente dedicado ao assunto e que está se preparando de forma muito profissional. No automobilismo de ponta, ter essa gana de fazer as coisas com perfeição é fundamental”.