Histórias: A equipe Vanwall

O industrial inglês Tony Vandervell fez fortuna depois de adquirir os direitos de produção, para a Europa, do rolamento de paredes delgadas, desenvolvido nos EUA, pois o produto se tornou de uso praticamente universal em aviões e carros.

Sempre apaixonado pelas corridas de automóveis, quando Raymond Mays resolveu constituir a BRM, o chamou para fazer parte do conselho diretor e logicamente investir no projeto.O envolvimento de Vandervell ,contudo, foi curto devido aos problemas de organização da equipe e o fracasso do complicado motor V16. Vandervell decidiu trabalhar sozinho, primeiro tentou comprar uma Alfa-Romeo, sem sucesso, e depois da recusa e Enzo Ferrari em lhe vender um modelo, ameaçou suspender o fornecimento de rolamentos de paredes delgadas a Ferrari, o que seria um desastre para a equipe italiana. O comendador acabou cedendo um modelo. Depois de examinar o modelo, um 375 de 4.500 cilindradas e motor V 12, Vandervell os rebatizou de Thinwall, nome de sua empresa e o inscreveu para o GP da França, com Reg Parnell, que largou em 9º e surpreendeu chegando em 4º, no GP seguinte, Inglaterra, o carro foi conduzido por Peter Whitehead, sem sucesso.Foram suas únicas apresentações. Vandervell decidiu então construir seu carro, fundindo seu nome com o de sua fábrica e criando a Vanwall. Encomendou a construção do chassi a John Cooper, o motor, de 2 litros foi projetado pela Vandervell Productions, baseado no motor de uma moto Norton, debitando cerca de 200 cavalos. Com o jovem inglês Peter Collins, o carro fez sua estréia no GP da Inglaterra, foi também inscrito nos GPs da Itália e Espanha, sem nenhum bom resultado naquele ano.

Em 1955 Mike Hawthorn e Ken Wharton foram contratados, mas logo Hawthorn foi para a Ferrari e o americano Harry Schell assumiu o carro.Nos quatro GPs disputados, MÁ´naco, Bélgica, Inglaterra e Itália, nenhum resultado significativo foi alcançado. Um jovem designer chamado Colin Chapman foi contratado para reformular o projeto, em 1956, e apesar do carro se mostrar rápido, sempre largando entre os primeiros, a pouca confiabilidade só permitiu um bom resultado, o 4º lugar de Schell na Bélgica.Além de Schell pilotaram neste ano para a Vanwall: Maurice Trintignant,Mike Hawthorn,Colin Chapman,José Froilan González e Piero Taruffi, Stirling Moss deixou a Maserati, que havia contratado Fangio, e assinou com a equipe para a temporada de 1957, fazendo dupla com o novato inglês Tony Brooks (que era estudante de odontologia). A equipe ficou de fora da primeira corrida da temporada, na Argentina, mas logo conseguiu o primeiro bom resultado, com o 2º lugar de Brooks em MÁ´naco, na França os carros foram pilotados por Roy Salvadori e Stuart Lewis-Evans (Brooks havia sofrido um acidente em Le Mans).

O GP seguinte, Inglaterra, marcou a entrada da Vanwall no grupo das vencedoras, Moss marcou a pole e depois de passar para o carro de Brooks após ter problemas, na 26º volta, e voltar em 9º, venceu o Grande Prêmio, para delÁ­rio da multidão que lotava o circuito de Aintree.Brooks também foi declarado vencedor. Foi a primeira vitória de um carro britânico em um GP, desde 1923, e também a primeira de um britânico, pilotando um carro do paÁ­s, no GP da Inglaterra. Moss venceria ainda os GPs de Pescara e da Itália, terminando o ano como vice-campeão. 1958 foi a ano da consagração da Vanwall, o trio de pilotos continuou o mesmo; Moss,Brooks e Lewis-Evans. Como o primeiro GP da temporada, GP da Argentina, foi anunciado muito em cima da hora, a equipe não compareceu a disputa na América do Sul (Moss correu com um Cooper particular, de Rob Walker, e venceu a prova), mas o restante da temporada foi fantástico com seis vitórias, três de Moss(Holanda,Portugal e Marrocos) e três de Brooks(Bélgica, Alemanha e Itália), Stirling Moss perdeu o tÁ­tulo por apenas um ponto,41 contra 42 (49)do inglês Mike Hawthorn, da Ferrari, que venceu apenas um GP, o da França, mas manteve uma regularidade durante todo o campeonato, foi segundo cinco vezes, enquanto Moss abandonou seis dos onze GPs do ano. Foi o quarto vice-campeonato seguido de Moss.

Como consolo pela perda do tÁ­tulo de pilotos, a equipe foi campeã do recém-criado campeonato de construtores, com 48(57) pontos, se tornando a primeira equipe campeã da história. Mas isto não foi o suficiente para curar a tristeza de Tony Vandervell após a morte de Stuart Lewis-Evans, o jovem inglês, de 28 anos, faleceu seis dias após seu carro pegar fogo, durante o GP do Marrocos, em um hospital na Inglaterra, devido ás sérias queimaduras sofridas.

Vandervell passou também a sofrer problemas de saúde, com isto a equipe praticamente acabou, um novo carro foi construÁ­do, mas disputou apenas duas corridas, ambas com Brooks, em 1959, o GP da Inglaterra, e no ano seguinte, o GP da França. Tony Vandervell faleceu em 1967.

Foram apenas 28 GPs disputados, com nove vitórias, sete poles e seis melhores voltas.