Histórias: Equipe Mercedes

Fundidas em 1926 as empresas Daimler e Benz adotaram o nome Mercedes-Benz, e passaram a dominar as corridas na década de trinta, porém com a Segunda
Guerra Mundial as corridas foram paralisadas e com o fim do conflito, em
1945, a empresa ficou impossibilitada de competir, até que em 1952 a direção
da empresa decidiu voltar a competição, a partir da temporada de 1954, com a
nova Fórmula-1, de 2,5 litros.
Liderados pelo doutor Fritz Nallinger e por Alfred Neubauer, diretor esportivo da Mercedes, desde 1926, não foram poupados esforços na construção do carro, com tudo guardado sobre um enorme segredo. Para pilotar os carros foram contratados o argentino Juan Manuel Fangio e os alemães Karl Kling e Hans Hermann.

Os carros não ficaram prontos, para as primeiras provas do campeonato, Fangio foi então liberado para poder disputar estas provas, Argentina e Bélgica, com o novo Maserati 250 F, vencendo as duas corridas.No GP da França finalmente os Mercedes W 196, projetados por Rudolf Uhlenhaut, apareceram suas linhas futuristas e a cor prateada encantavam a todos no circuito. O carro possuÁ­a duas versões, uma com as rodas cobertas, usada no GP de estréia, e outra de rodas descobertas, o motor de oito cilindros debitava 257 cavalos e podia chegar aos 300 km/h, na versão de rodas cobertas.

A estréia foi esmagadora, Fangio fez a pole, com Kling em segundo, e assim chegaram praticamente lado a lado, o outro Mercedes, de Hermann fez a melhor volta, antes de abandonar a prova. Fangio marcou a pole no GP seguinte, Inglaterra, mas chegou apenas em quarto.Para o GP da Alemanha, além de Fangio, Kling e Hermann a Mercedes colocou um carro para o veterano Hermann Lang. Fangio marcou a pole, novamente, e venceu. As duas corridas seguintes, SuÁ­ça, onde Hermann foi terceiro e Itália, também foram vencidas pelo argentino, que conquistou a campeonato com facilidade, com 42(57) pontos, o vice-campeão, o argentino Froilan Gonzalez, da Ferrari, marcou 25(26,5) pontos.

Para 1955 o carro sofreu algumas alterações, com a distância entre eixos sendo encurtada 14 centÁ­metros. A potência subiu para 280 cavalos. O inglês Stirling Moss foi contratado para ser companheiro de Fangio, Kling e Hermann. Fangio começou o ano vencendo em casa,mas no GP de MÁ´naco, com o francês André Simon no lugar de Kling, nenhum carro terminou a prova. Os quatro GPs seguintes, porém, foram totalmente dominados pelos carros prateados, com quatro dobradinhas, Fangio-Moss na Bélgica e Holanda, Moss-Fangio na Inglaterra( Kling completou o pódio em 3º) e Fangio-Taruffi na Itália.

Fangio conquistou o tÁ­tulo, com 40(41) pontos, Moss ficou com o vice-campeonato, com 23 pontos. Todo este sucesso, porém foi abalado por uma grande tragédia, nas 24 horas de Le Mans daquele ano.

Devido ao sucesso do modelo W 196, no mundial de Fórmula-1, a Mercedes decidiu construir um modelo para competir no mundial de carros esporte, assim surgiu o 300 SLR, de 3 litros e dois lugares, ás 24 horas de Le Mans eram a prova mais importante do ano e se tornou também a mais trágica da história do automobilismo. As Mercedes, de Moss e Fangio lideravam a corrida, quando o Mercedes 300 SLR do francês Pierre Levegh bateu no Austin-Healey 100 S do inglês Lance McKlin, a mais de 240 Km/h, na reta dos boxes. McKlin , para não bater no Jaguar de Mike Hawthorn, que entrava nos boxes, desviou e bateu no Mercedes de Levegh, que capotou caindo junto a multidão. O saldo foi trágico, 83 espectadores mortos, além de Levegh e mais de cem feridos. Lance McKlin saiu ileso, mas em estado de choque. A equipe se retirou da corrida, vencida pela dupla Hawthorn-Bueb.

Este acidente fez com que as corridas fossem proibidas em vários paÁ­ses, como a França, Espanha e SuÁ­ça, este último até hoje mantém a proibição. No final do ano a Mercedes anunciou a sua retirada das competições, alegando que os recursos seriam destinados a pesquisas para os carros de passeio. Mas a idéia de que o acidente em Le Mans foi determinante para a decisão ainda persiste.

Foram doze Grandes Prêmios disputados, com nove vitórias, oito pole-positions, nove melhores voltas e os tÁ­tulos de pilotos em 1954 e 1955.

O Mercedes W 196, conhecido como flecha de prata, é considerado o mais belo carro de Fórmula-1 já produzido.