IndyCar: Brasileiros destacam qualidade do evento

Pilotos elogiaram o trabalho feito para a realização da prova. “Essa é a melhor pista de rua do mundo”, apontou Kanaan, ecoando opinião também dada por estrangeiros

“Foi um aprendizado”, “acordei nove voltas atrás”, “vamos pensar na próxima corrida”, “vou torcer para que a sorte vire” e “agora é olhar para frente” foram os discursos dos cinco brasileiros que disputaram nesta segunda-feira (2) a Itaipava São Paulo Indy 300 Nestlé. Mas apesar da frustração com os resultados, Vitor Meira, da A.J. Foyt; Tony Kanaan, da KV-Lotus; Helio Castroneves, da Penske; Bia Figueiredo, da Ipiranga Dreyer & Reinbold, e Raphael Matos, da AFS, destacaram as melhorias realizadas em toda a estrutura no Complexo do Anhembi para o evento deste ano e saem felizes de São Paulo.

Tony Kanaan abriu a tradicional coletiva de imprensa com os brasileiros agradecendo aos organizadores da prova. “Conseguir fazer uma corrida de rua em uma segunda-feira em São Paulo é quase um milagre. A torcida veio e a corrida foi um sucesso. A pista foi eleita pelos pilotos como a melhor de rua no mundo”, destacou o baiano da KV-Lotus. “Foi um grande trabalho: tanto recapeando todo o circuito, como organizando o evento, a garagem, a mÁ­dia. Foi um sucesso. Pena que não pudemos controlar a mãe natureza, mas isso acontece. Passamos a prova para a segunda-feira, e foi o mesmo procedimento que é feito nos Estados Unidos. Infelizmente boa parte da torcida não pÁ´de voltar, mas vi arquibancadas cheias”, completou Helio Castroneves, da Penske.

As declarações dos brasileiros ecoaram as diversas declarações dadas pelos pilotos estrangeiros – em especial o pole position e vencedor Will Power – sobre o traçado, a estrutura e a organização. “Vocês têm que se orgulhar do que fizeram aqui”, frisou Power na entrevista coletiva. “Essa é uma daquelas pistas que você espera com ansiedade o momento de competir pela qualidade do traçado, com tantos pontos de ultrapassagem e retas longas. Uma beleza”, detalhou mais tarde o vencedor das duas provas da Indy disputadas no Anhembi.

Trânsito abaixo da média
Com a realização da prova no Sambódromo e trecho da pista local da marginal do Tietê, a preocupação era o impacto que isso poderia causar no trânsito de São Paulo na manhã de uma segunda-feira. No entanto, de acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a média da lentidão no momento da prova foi de 109 quilÁ´metros, enquanto a média para o horário é de 112 km.

“Todos os pilotos elogiaram a pista, a organização e a estrutura. Foi um trabalho fantástico tudo o que fizeram aqui. Tem gente que gosta de alfinetar. Está aÁ­ a resposta para os ‘alfineteiros’”, respondeu Kanaan.

“Os organizadores merecem uma salva de palmas por terem decidido continuar hoje”, destacou Vitor Meira. “Adiar por causa do mau tempo acontece em todo lugar. Tive uma corrida nos Estados Unidos em que todos tiveram que sair rápido da pista porque havia um alerta de furacão. É normal, e a direção de prova tomou a decisão certa em adiar a relargada para hoje”, lembrou Bia. No domingo, por causa da quantidade de chuvas, a prova foi interrompida na 14ª das 75 voltas programadas e foi decidido pela relargada Á s 9hs da manhã de hoje (2). “Foi até interessante essa parada, ir jantar, dormir e recomeçar no dia seguinte”, brincou a piloto da Ipiranga Dreyer & Reinbold.

A corrida, segundo os brasileiros
A exemplo de 2010, Vitor Meira foi o piloto da casa mais bem colocado na corrida. Mas ao contrário do ano passado, quando o brasiliense terminou em terceiro lugar, o resultado deste ano foi longe do esperado. “Eu sobrevivi. A corrida foi um exercÁ­cio de paciência, porque o colocado Á  minha frente tinha duas voltas de vantagem, e o de trás tinha cinco de desvantagem. Então foi mais paciência do que em qualquer outra prova. Foi um fim de semana que nenhum brasileiro queria”, afirmou.

Tony Kanaan queria mais. “Queria pedir mais uma corrida amanhã, para aÁ­ todo mundo largar do zero”, brincou. “Eu não tinha muito o que fazer hoje em termos de resultados, pois a minha corrida acabou ontem mesmo. Foi bem divertido porque passei vários carros, mas não influenciava nada porque eu acordei hoje nove voltas atrás. Eu tenho que agradecer todo o carinho que recebi aqui, pois mesmo debaixo de chuva o pessoal estava me apoiando muito”, afirmou o campeão de 2004, 21º colocado na corrida e melhor brasileiro no campeonato, em sexto lugar. Helio Castroneves também lamentou o fato de iniciar o dia com nove voltas de desvantagem. “Espero que agora em Indianápolis a sorte de todos mude um pouco nesta nova fase que se inicia no campeonato, agora com os circuitos ovais”, projeta.

Bia Figueiredo era a melhor colocada entre os pilotos da casa, mas teve de abandonar com um problema mecânico. “Estávamos indo muito bem, fugindo das batidas e tentando dar boas voltas, mas depois acabei pegando uma peça do carro do Rapha (Matos) que desestabilizou meu carro, fez o motor apagar. É extremamente frustrante terminar o dia assim, porque eu estava na mesma volta do lÁ­der, as coisas estavam acontecendo e poderÁ­amos ir mais para frente”, lamentou. “Minha mão nem incomodou tanto, porque na chuva a pilotagem tem que ser mais suave”, disse.

Raphael Matos também teve uma corrida difÁ­cil. “Foi um final de semana de aprendizado. Não testamos no inÁ­cio do ano, então a cada vez que entramos na pista vamos aprendendo mais e mais. Eu estava tentando recuperar uma volta e tentei passar o Helio, mas fui muito otimista e nos tocamos. Eu bati forte no guard rail e tive que parar nos boxes para trocar a asa dianteira”, narrou. “Ainda assim consegui me manter na mesma volta do lÁ­der, mas em uma das relargadas eu tomei uma batida por trás e fui direto na traseira do carro do Tony. AÁ­ a suspensão quebrou e não tive como continuar. Fiquei chateado, pois queria muito terminar essa prova”, disse Matos.

Bia ainda resumiu o sentimento de correr pela segunda vez em casa. “Senti orgulho quando entrei na pista sábado. Pelas melhorias, pela estrutura organizada. Somos a única cidade a receber as duas principais corridas de monopostos do mundo. A gente tem que parar de pensar que é menor. Tudo o que mudaram de 2010 para este ano não acontece em nenhum outro lugar que a gente corre. Todo mundo elogiou a pista, e este é o melhor circuito de rua que temos em todo o calendário”, concluiu a piloto.