Na pista ele não era o ator premiado, mas a personalidade que vivia sua paixão em alto nÁvel. Aceitava conversar, desde que o cinema não fizesse parte da discussão. Ao contrário de outros homens de sucesso que investiram no automobilismo, fazia questão de acompanhar de perto corridas e treinos, sempre ao lado do sócio e parceiro Carl Haas. Esse foi o Paul Newman que o mineiro Bruno Junqueira conheceu bem. Por quatro anos, o piloto de Belo Horizonte defendeu o time que se tornou referência nos EUA e no mundo e teve em Newman muito mais do que apenas um patrão: um amigo, um exemplo, alguém que fazia questão de reconhecer e respeitar o empenho de quem trabalhava a seu lado. Por isso mesmo, a notÁcia da morte do vencedor do Oscar foi recebida com tristeza.
“Vi poucas pessoas tão apaixonadas pelo automobilismo quanto ele. Com mais de 80 anos, ainda participava de corridas tradicionais como as 24h de Daytona e fazia questão de se envolver em todos os assuntos da equipe. Era uma presença marcante, alguém para quem me orgulho muito de ter corrido e vencido provas”, diz Bruno, que destaca um lado menos conhecido na personalidade de Newman: os projetos sociais, iniciados na década de 1980. No aerofólio de seu Lola Cosworth, Bruno levava a marca dos Hole in the Wall Camps, abrigos criados em todo o mundo para receber crianças com doenças graves. E o ator ainda faria mais, com a linha de produtos alimentÁcios Newman’s Own que, além da preocupação com um estilo de vida saudável, destina anualmente cerca de US$ 250 milhões a obras de caridade e entidades assistenciais.
“Ele foi um pioneiro na preocupação com o semelhante. Visitei vários camps e é impressionante o cuidado dedicado Á s crianças, que recebem todo o apoio para se curarem. A obra do Paul vai muito além dos filmes. Deixa uma enorme herança como ator, mas também como apaixonado pelo automobilismo e homem atento ao próximo”, diz o piloto, atualmente na Dale Coyne Racing, que disputa a Indy Racing League.