IndyCar: Uma categoria democrática

Opinião dos pilotos e entendimento com os organizadores da categoria devem contribuir para mais segurança no traçado e uma corrida mais emocionante para o público.

“Circuitos temporários como este têm caracterÁ­sticas únicas e cada um tem seu tipo de desafio, seja o pavimento, fechamento de ruas ou os muros e cercas”. A frase dita no fim da tarde de hoje por Tony Cotman, projetista de vários traçados urbanos da Fórmula Indy e responsável pelo formato do Circuito Anhembi resume bem os desafios de se competir em autódromos montados no meio das cidades.

Durante os treinos livres, verificou-se a falta de aderência no trecho de concreto da reta do Sambódromo, que é tradicionalmente usada nos desfiles das escolas de samba durante o Carnaval. “Honestamente, eu não esperava que o concreto fosse ser um problema aqui. “A borracha dos pneus dos carros não está aderindo Á  superfÁ­cie, como seria normal”, afirmou Cotman.

Tony Kanaan concordou com o projetista. “Não havia nada diferente a ser feito no inÁ­cio (da construção do circuito), porque faltava a gente entrar na pista com os carros. E o que tinha de ser feito está sendo feito agora e todos ouviram as nossas opiniões”, disse o piloto da Andretti Autosport, referindo-se ao fato de a organização trabalhar em conjunto com os pilotos para tomar decisões.

Para melhorar as condições de aderência neste trecho particular da pista, a direção da categoria reuniu-se com quem faz o show acontecer: os pilotos. O presidente de Competições e Operação de Corridas da Fórmula Indy, Brian Barnhart, encontrou-se no final da tarde com os competidores e com Cotman para discutir soluções.

“Continuamos a trabalhar com Cotman e com os promotores para melhorar a pista com as opiniões que ouvimos dos pilotos. Este processo de ajuste não é diferente de nenhum utilizado em outros circuitos onde estivemos pela primeira vez. Cotman tem feito um ótimo trabalho criando uma pista rápida e com vários pontos de ultrapassagem, que será um desafio para estes competidores de alto nÁ­vel, o que com certeza resultará em um grande show para os torcedores”, observou Barnhart.

Uma decisão importante foi transferir o treino classificatório para o domingo, dando mais tempo para que os pilotos e técnicos pudesse avaliar e sugerir soluções. A segunda mudança notável do fim de semana foi realizar uma nova raspagem no piso de concreto, visando aumentar sua aspereza e a capacidade de reter a borrada dos pneus, gerando mais aderência. Esta operação começou a ser realizada logo depois do terceiro e último treino livre deste sábado. “Estou confiante de que esta solução vai ter o efeito que esperamos”, afirmou o projetista do traçado.

“Tudo o que foi usado aqui é de primeira. Ondulações existem em qualquer circuito. Mas este traçado excedeu as minhas expectativas (em termos de qualidade do projeto). É rápido e tem vários pontos de ultrapassagem, e acho que em nenhum outro lugar do mundo conseguiriam montar, do nada, uma pista no perÁ­odo de menos de três meses. Imprevistos acontecem e estamos aqui também para ajudar a melhorar o espetáculo para o público”, declarou Kanaan.

Gil de Ferran, ex-piloto e hoje sócio da Luczo Dragon/De Ferran, resumiu o espÁ­rito democrático que reina na Fórmula Indy. “Houve este imprevisto, todos se sentaram e discutiram as soluções. Houve uma reação ao problema e a decisão tomada se provou a mais acertada”.