Motovelocidade: CBM não tem suas contas aprovadas por unanimidade

Na Assembleia Geral anual para aprovação de contas, realizada no último final de semana (6 e 7 de fevereiro), no Hotel Solimar em Porto Seguro-BA, pela primeira vez nos últimos vinte anos, a maior entidade desportiva brasileira de motociclismo, a CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo), afiliada a FIM (Federação Internacional de Motociclismo), não teve suas contas aprovadas unanimemente pelas suas federações regionais.

Com dois votos contra e dois abstêmios, as federações fizeram várias ressalvas e levantaram suspeitas de má gestão do dinheiro da entidade. Falta de documentos claros, contratos, extratos bancários e uma prestação de contas detalhada, além da ausência de licitação para contratação de serviços, colocaram em cheque a reputação da Confederação Brasileira de Motociclismo, uma entidade que há anos promovia e organizava os maiores campeonatos brasileiros.
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Em 2006, a CBM chegou a ter mais de 4 milhões de Reais de receita por ano, para promover seus campeonatos. Na assembleia do último final de semana, segundo os números apresentados pela entidade, apenas pouco mais de um quarto foi arrecadado. Rumores no mercado dão conta que a Honda, maior patrocinador da entidade pode retirar o restante do seu patrocÁ­nio, já que ano passado cortou cerca de 50% da sua verba o que faria a entidade diminuir ainda mais.
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Há quinze dias, a CBM divulgou uma nota adiando a 1ª etapa do Campeonato Brasileiro de Motocross, que estava marcado para o fim de fevereiro e cancelando todos os locais divulgados anteriormente. Isso reforçou ainda mais os rumores da saÁ­da do maior fabricante de motos do Campeonato, que é o carro chefe da entidade.
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Equipes, atletas, patrocinadores e dirigentes esportivos regionais estão preocupados com o futuro do esporte. Sem querer se identificar, por temer retaliações nos possÁ­veis campeonatos, é comum ouvir dos maiores nomes do esporte motociclÁ­stico nacional, sejam off road ou on road, que “quem viu e quem vê como está a nossa atual gestão esportiva nacional está abismado e realmente preocupado. O mercado cresce e os eventos estão cada vez piores”, desabafa um dos maiores atletas nacionais, concluindo que a entidade está na contra-mão do mercado.
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Prova disso são o surgimento de dezenas de ligas, associações, clubes e entidades organizadoras de eventos motociclÁ­sticos. No último fim de semana, enquanto a cúpula nacional se reunia em Porto Seguro, no autódromo de Interlagos quase 15 mil pessoas prestigiaram a abertura do SBK Series, evento realizado pela iniciativa privada e que contou com 130 profissionais e amadores inscritos, além de transmissão ao vivo pela ESPN, canal de TV fechada.
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Segundo um balanço divulgado recentemente pela Abraciclo – Associação Brasileira dos fabricantes de Motocicletas, Motonetas, Bicicletas e Similares, o último mês de 2009 registrou um aumento de 19,4% nas vendas de motocicletas para o consumidor final, comparando com o mês anterior. Em novembro foram registradas vendas de 158.228 veÁ­culos de duas rodas. Na comparação anual o aumento foi e de 16,3%. Segundo fonte na indústria fabricante de equipamentos para motocicleta, para cada moto emplacada dois capacetes são vendidos. DaÁ­ pode se ter a idéia do tamanho deste mercado.