Papo de Box: Um longo caminho até a definição, por Marcello Thomaz

Olá pessoal, já fazem quatro meses desde o nosso último encontro e muita coisa aconteceu nesse perÁ­odo. Foram muitos contatos, muitas negociações, muita conversa e alguns testes até chegarmos a definição de qual seria o meu destino nas pistas em 2007. E agora posso dizer a todos que vou competir na categoria alemã Seat Leon Supercopa, que faz preliminar do Campeonato Alemão de Turismo, o DTM.
Mas foi um perÁ­odo muito difÁ­cil, de muitas incertezas e algumas frustrações, causadas principalmente pela falta de patrocÁ­nio. Infelizmente no automobilismo europeu, principalmente nas categorias de monopostos, só se consegue um lugar em uma equipe se você tiver um bom patrocinador apoiando sua carreira e pagando a quantia que esses times pedem para disputar uma temporada. O histórico de sua carreira e seu desempenho em pista pouco importa, ou não importa realmente nada. Dessa maneira, conversei com várias equipes de diversos campeonatos espalhados pela Europa e poucos contatos evoluÁ­ram de uma maneira satisfatória. Para vocês terem uma idéia, só consegui um teste, com apenas uma equipe de Fórmula. Isso mesmo, somente uma equipe se interessou em ver a minha performance em pista antes de conversarmos sobre custos.

Essa equipe foi a Ultimate Motorsport, time que vai estrear no Campeonato Inglês de Fórmula 3 com a tarefa de desenvolver o chassi francês Mygale para a categoria, dominada amplamente pelo chassi italiano Dallara. O meu primeiro contato com a equipe foi no inÁ­cio de março no circuito de Snetterton. Uma equipe super estruturada, com profissionais competentÁ­ssimos e que tinha definido como um dos seus pilotos o meu amigo argentino Esteban Guerrieri. Estava na disputa pela segunda vaga e acredito ter feito um bom trabalho, já que no segunda dia de testes, que contava com a presença de todas as equipes da Fórmula 3 Britânica, consegui tirar o chassi Mygale das últimas posições e colocá-lo na 17ª posição entre os 29 participantes. Foi bom para conhecer o carro e ficar ciente de suas limitações e do trabalho que poderia ter pela frente para torná-lo competitivo.

Satisfeito com meu trabalho na Inglaterra e na expectativa de um contato do pessoal da Ultimate, recebi um convite para testar um carro da Seat Leon Supercopa, também em uma equipe estreante, a Cat Race. Foi um dia inteiro de testes em Hockenheim e para a minha surpresa me adaptei bem ao carro, neste meu primeiro contato com modelos de Turismo. Equipado com motor de 300 cavalos e com câmbio com acionamento no volante como na Fórmula 1, o Leon é muito divertido de se pilotar e começou a chamar meus pensamentos para as competições de Turismo. O pessoal da Cat Race também se mostrou satisfeito com esse primeiro contato e demos sequência as nossas negociações e nesse momento tinha na Fórmula 3 Inglesa e na Leon Supercopa minhas principais alternativas para 2007.

Recebi então a posição da Ultimate, a qual me informava ter sido procurada pelo piloto inglês Ben Clucas, e que após negociações, decidiram fechar com ele para as três primeiras corridas, sendo que voltariam a conversar comigo após essas provas. Dias mais tarde, entraram em contato comigo novamente e convidaram-me para um novo teste, pois havia sido “cancelado” o acordo feito com o inglês. O teste desta vez seria em Oulton Park. Acordei no dia do treino, com uma intoxicação estomacal, muita dor de cabeça, tontura, febre, enjÁ´o e um tremendo mal estar. Esses fatores fizeram-me pensar muito se valeria a pena continuar na pista tentando a vaga na equipe, tendo um rendimento inferior ao meu normal, colocando até mesmo em risco a minha segurança, sendo que o problema do patrocÁ­nio persistiria na hora das negociações. Optei por conversar com a equipe e encerrar ali o treino com o pessoal da Ultimate, decisão essa que contou com total apoio de todos. Eles haviam sido em todos os momentos corretos comigo, tentando me proporcionar boas condições de ir para a pista, sempre muito atenciosos, atenção essa que procurei retribuir encerrando o treino por não achar correto atrapalhar o trabalho da equipe, que já contava com um tempo extremamente curto para a definição do segundo piloto, visto que a temporada começaria no inÁ­cio de abril. Desejo toda a sorte da mundo para a Ultimate/Mygale nesse projeto que exigirá muito trabalho de todas as pessoas envolvidas, acreditando que em breve estarão colhendo o fruto de tanta dedicação.

Mas ao retornar para a SuÁ­ça, onde moro, recebi uma proposta muito boa para competir na Leon Supercopa pela equipe Logiplus. Chegamos a um acordo rapidamente e já nos dias 2 e 3 de abril participarei de dois dias de testes em Oschersleben. É uma mudança no rumo da minha carreira, que muitos devem pensar que foi difÁ­cil de ser tomada. Posso garantir que não, pois irei participar de um campeonato forte do automobilismo europeu, que possui premiação para pilotos e equipes a cada etapa e ao final da temporada e que faz a preliminar de uma categoria de ponta como o DTM. Se existe um porém dessa minha ida para a Leon Supercopa é a de que depois destes testes do inÁ­cio do mês não terei mais oportunidade de treinar antes da abertura do certame nos dias 21 e 22 de abril em Hockenheim. E devido aos bons contatos que deixei na Fórmula 3 alemã, não se surpreendam se ainda este ano eu participar de algumas provas na categoria. Acho que agora deixei vocês que acompanham a minha carreira e frequentadores do nosso “papo” a par do longo caminho até a definição do meu futuro no automobilismo.

Obrigado a todos e espero trazer boas notÁ­cias.

Um grande abraço
    Marcello Thomaz