Rally Dakar: Golaço no Dakar

Primeira participação do etanol no Rally Dakar deixou equipes estrangeiras interessadas no projeto capitaneado por Klever Kolberg.

Quando Klever Kolberg resolveu disputar o Dakar 2010 com um carro movido a etanol, a idéia era disputar a prova emitindo menos CO2 e provando ser plenamente possÁ­vel competir em provas de cross country de nÁ­vel mundial – como o Dakar – com um carro fabricado e preparado no Brasil, com um combustÁ­vel 100% nacional. O objetivo de Klever Kolberg é tornar o etanol uma tendência em competições dentro e fora do PaÁ­s.

E a julgar pelo interesse de outros competidores no projeto pioneiro do Valtra Dakar Eco Team, Klever pode ter este objetivo como cumprido. “Nossa idéia, de inÁ­cio, era mostrar que o etanol é uma boa idéia. É um combustÁ­vel limpo, amigo do meio ambiente”, afirmou dias antes da largada.

Mesmo com pouco tempo disponÁ­vel durante os dias de competição, Klever crê que a mensagem foi dada. “Muita gente ficou interessada no etanol por aqui, tanto no Chile como na Argentina. Mas como o rally foi bastante difÁ­cil, todos tiveram muitos problemas, então não havia muito tempo para pilotos e navegadores ficarem passeando pelo acampamento e ‘bisbilhotar’ o equipamento das outras equipes”, disse o piloto, com 22 participações no Dakar.

“Muitos me faziam perguntas, outros nem sabiam do carro movido a etanol, mas como já me conheciam de outras edições do Dakar, perguntavam sobre como estava a minha corrida e então eu explicava sobre o projeto, e aÁ­ sim vinha o maior interesse”, contou.

Segundo Klever, o desconhecimento dos europeus sobre o combustÁ­vel derivado da cana-de-açúcar o impressionou. “Alguns vieram me perguntar e era lÁ­quido ou gás; de que matéria-prima era derivado, se era vendido na Argentina ou no Chile, e como eu havia trazido o combustÁ­vel, além de outras curiosidades sobre consumo, emissão de CO2, se a potência do motor era melhor…”, enumerou.

“Em algumas situações era até engraçado, porque o etanol é uma coisa já tão comum na cultura do brasileiro, está aÁ­ há tanto tempo… Tive que explicar para muita gente o que é, como e de onde é extraÁ­do, como funciona… Houve uma situação de um competidor estrangeiro ter me perguntado se o carro era movido a cachaça”, divertiu-se.

De acordo com ele, muitos pilotos queriam guiar o carro para saber se havia alguma diferença de desempenho. “Algumas equipes disseram que vão me procurar durante o ano para conhecer mais sobre o projeto. Outras tiveram um interesse maior, como os espanhóis da Epslon Team, os portugueses da New Speed e os alemães da Speed Factory. São equipes que têm muita coisa em comum: prestam todo tipo de serviço, preparação, apoio e inclusive aluguel de carros de competição”, afirmou Kolberg.

“Eles entenderam o etanol como um novo caminho, e acham que no futuro terão clientes que irão querer disputar o Dakar e outras provas com combustÁ­vel limpo. E a alternativa viável no momento é o etanol. Este foi um gol importantÁ­ssimo que marcamos nesta edição do Dakar”, comemorou.

No decorrer do ano, Kolberg e o navegador Giovanni Godoi irão manter contatos com as equipes interessadas e disponibilizar mais informações, pensando em parcerias. “Alguns até manifestaram o interesse de fazer um rally menor, talvez até no Brasil, para testar o etanol. Naturalmente eles querem conhecer o nÁ­vel de competitividade do produto. E posso garantir: eles vão se surpreender”.