Rally dos Sertões: Diário de Viagem – Paulo e Alcides Polido

Dupla da Medley retornou ao rally após problemas no carro.

Depois de três dias parados, graças a Deus voltamos Á s trilhas. Tivemos problemas no inÁ­cio do terceiro dia, com o diferencial dianteiro quebrado. Como a especial fazia parte da etapa maratona e também incluÁ­a o domingo, passamos o final de semana tentando solucionar os problemas mecânicos.

Ontem, quando tentamos sair, o carro ficava apenas em 4×2. Acho que usamos muito essa configuração no deslocamento de Palmas e, ao iniciarmos a especial de ontem, a tração 4×4 não funcionava. Percorremos 500 metros e retornamos Á  área de serviço, onde o carro foi analisado pelos mecânicos, que detectaram mais um problema com o diferencial dianteiro.

Obviamente, foi muito frustrante ficar de fora desses dois dias. Eram os dias mais complicados e gostosos do Sertões. Não queremos mais parar durante os próximos dias e queremos esquecer essa decepção. O que nos deixa mais satisfeitos é o fato de que muitas equipes de fábrica já retornaram pra casa e nós estamos firmes e fortes por aqui.

Hoje, o sexto dia de competições ligou as cidades de Barra e Seabra, na Bahia. Foram 312 quilÁ´metros – 152 deles cronometrados – de um percurso cheio de pedras e muito travado. O momento mais complicado foi uma subida compostas de pedras grandes, onde precisamos andar em primeira e segunda marchas para poupar o nosso equipamento. Até agora foi o dia mais fácil, um trajeto muito gostoso de percorrer.

Amanhã teremos uma especial curta, igual Á  de hoje. Serão 162 km de especial, saindo daqui de Seabra com destino a Brumado, ainda na Bahia. Completamos dois terços do trajeto e estamos partindo para a parte final do rally, que se encerra daqui a três dias, em Porto Seguro. Esperamos na sexta-feira contar como é ter um sonho concretizado!

Paulo e Alcides Polido

*Paulo Polido (Medley) é o primeiro piloto deficiente fÁ­sico a participar do Rally dos Sertões. Paraplégico desde os 19 anos, Paulo participa do grupo do protocolo de células-tronco do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP e está Á  frente da ONG Viqui (Viver com Igualdade, Qualidade e Integridade), que luta pela causa do deficiente.