Rally dos Sertões: O Sertões por trás da poeira das especiais

LogÁ­stica que faz os trechos cronometrados acontecerem vai muito além de organizar os veÁ­culos e competidores ao longo dos dez dias de prova

A primeira lembrança que nos vem Á  cabeça quando se escuta falar no Rally Internacional do Sertões é a da poeira. Entretanto, muito antes dos veÁ­culos rasgarem o sertão em alta velocidade, testando a habilidade de pilotos e navegadores, e levantarem muita poeira, é iniciada uma outra verdadeira prova de fora-de-estrada com todos os desafios de logÁ­stica para realizar o evento. O trabalho por trás da competição envolve controlar a movimentação de pessoas em áreas urbanas, em propriedades particulares e em estradas utilizadas por pessoas ao longo do ano, sem prejudicar este público para a passagem de 155 veÁ­culos durante algumas horas.

Para que isso aconteça, times chefiados por Marcos Moraes, organizador do Sertões, e Edu Sachs, diretor técnico da prova, controlam tudo o que acontece no percurso determinado para aquela data. Ao todo, são 82 pessoas, divididas em quatro equipes técnicas – cada uma com cerca de 20 integrantes e seis picapes Mitsubishi L200 para controlar -, além das próprias máquinas da competição e suporte médico em pontos estratégicos por onde a especial – trecho cronometrado – passa.

Além das equipes em terra, são usados dois aviões para coordenar a operação e três helicópteros (dois para resgate médico, equipados para a realização de um primeiro atendimento emergencial, e um para a filmagem). “É uma logÁ­stica muito complicada, que começa durante o levantamento, depois durante a conferência, e é finalizada quando com a equipe coelho, que passa dois dias antes da prova por cada trecho, relembrando os fazendeiros que a prova vai acontecer”, contou Moraes.

Fazer o controle de civis enquanto a especial está acontecendo é um dos momentos crÁ­ticos para todos os envolvidos. “Muita gente por onde passamos já conhece o Sertões, mas algumas pessoas não conhecem e não sabem o risco. Tem quem force a barra para deixar passar, mas sempre explicamos a situação e, quando algum veÁ­culo passa, mostramos para a pessoa o risco que ela pode correr. Conversamos, oferecemos lembranças do Rally, água… só em casos extremos e, quando não representa risco nem para o público, nem para os competidores, liberamos a entrada de outros veÁ­culos na especial, mas sempre no sentido da prova. Jamais no contra-fluxo. Montamos toda esta estrutura para causar o menor impacto no cotidiano destas pessoas e lugares por onde passamos”, explicou Moraes.

Cuidar dos veÁ­culos, entretanto, não são as únicas preocupações das equipes que cuidam da segurança e logÁ­stica durante as etapas. “Além destes contratempos, também temos de ficar atentos a qualquer problema que os competidores tenham durante a especial. Temos de estar a postos para ajudar em caso de falha mecânica ou em caso de acidente. Tentamos fazer isso da forma mais ágil possÁ­vel para não prejudicar os competidores que ainda passarão pelo ponto e tendo cuidado com aquele que teve problema”, contou Marcos.

Além das equipes técnicas, a organização conta sempre com indicações dos pilotos e navegadores que, quando passam por um acidente ou alguma novidade não apontada na planilha, costumam avisar. Esta interação e a rapidez na hora de resolver os problemas são destacados por um dos mais experientes pilotos do Sertões, Klever Kolberg. “A agilidade com que o pessoal de apoio do rali consegue entrar em contato com as equipes de apoio de cada competidor é, realmente, de chamar a atenção. Sempre em que precisei de socorro, tanto a equipe por terra, quanto a equipe aérea agiu com muita rapidez”.

Nesta quinta-feira (19), a 18ª edição do Rally Internacional dos Sertões alcança a sua nona – e penúltima etapa. Pilotos e navegadores comandarão os seus veÁ­culos entre Teresina (PI) e Sobral (CE) por 452 quilÁ´metros. No total, serão 70 quilÁ´metros de deslocamento inicial, 245 de especial e 137 de deslocamento final.