Jovens de todo o Brasil farão contatos e negociarão com equipes na última rodada das Fórmulas Renault e 3.
Um olho no cronÁ´metro, outro nas cifras dos orçamentos propostos para 2007. A última edição do Renault Speed Show na atual temporada acontecerá em Interlagos (SP) de 24 a 26 de novembro e reunirá, além dos pilotos das categorias que disputam os torneios que integram o evento, jovens aspirantes que se preparam para ingressar no automobilismo esportivo de nÁvel nacional. Kartistas de várias partes do Brasil e pilotos de torneios regionais de monopostos – como a Fórmula São Paulo – visitarão os boxes em busca de propostas para suas carreiras no ano que vem. “Este evento será o maior ponto de encontro de 2006 entre chefes de equipe e novos pilotos do Brasilâ€, prevê Eduardo Bassani, chefe da equipe Bassani Racing, que possui carros tanto na Fórmula 3 Sul-Americana quanto na Fórmula Renault Brasileira – os dois torneios almejados pelos pilotos que chegam para 2007.
O Renault Speed Show reunirá em Interlagos quatro categorias: as já citadas Fórmula 3 e Fórmula Renault, e também o Campeonato Brasileiro de Renault Super Clio e a tradicional Copa Clio. No entanto, apenas as duas primeiras categorias são consideradas modalidades de carreira – ou seja, torneios de formação nos quais os pilotos ingressam em busca de aprendizado e evolução em seu caminho rumo ao sonho da Fórmula 1. “Como o evento de Interlagos será o último do ano, os contatos e propostas devem fervilhar – em uma espécie de balcão de negócios de fim de anoâ€, explica Bassani. “Claro, não teremos centenas de pilotos nos boxes, mas haverá muita gente vinda de várias partes do Brasil, pilotos em busca da continuidade de suas carreiras e de oportunidades para seus patrocinadoresâ€.
Ansiedade – O movimento de troca de categorias leva, naturalmente, os kartistas e pilotos da Fórmula São Paulo (categoria que só compete em Interlagos com os antigos chassis da Fórmula Ford) a procurar a Fórmula Renault, considerada a porta de entrada do automobilismo de nÁvel nacional. “Quem já corre na Fórmula Renault quer ir para a Fórmula 3 Sul-Americana, a categoria mais rápida e avançada do continenteâ€, diz Dárcio dos Santos, chefe da Prop Car, time que, assim como a Bassani, possui monopostos tanto na Fórmula Renault quanto na Fórmula 3. “Não são só os pilotos que estão ansiosos, nós também, das equipes, queremos saber quem estará conosco em 2007â€, continua Dárcio, que é tio de Rubens Barrichello.
Há ainda os que já estão na Fórmula 3 e, no ano que vem, devem buscar no exterior a próxima escala da carreira. “Como uma escola comum, o automobilismo possui um ciclo de aprendizadoâ€, explica Diego Nunes (Chocolates Garoto/Aura), piloto da Bassani Racing na F-3 que deve competir na Europa em 2007. “O meu ciclo no Brasil se encerra na última corrida de 2006. Meu aprendizado, porém, continuará em categorias como a World Series, F-3000 ou GP2, todas na Europa. Por isso, vou deixar minha vaga na Bassaniâ€, explica Diego, vencedor de duas das três provas da rodada tripla realizada recentemente em Buenos Aires, Argentina. Além de Diego, outros nomes importantes da F-3, como Luiz Razia (Cia Athlética) e Mário Moraes (Votorantin) também estudam possibilidades no exterior.
Decisão final – No entanto, dificilmente haverá negócios selados em definitivo no fim de semana de Interlagos. “O que mais vai acontecer serão conversas paralelas, ofertas, propostas de orçamentos, sondagens, mas ninguém vai levar o contrato para a pista e sair de lá já com as assinaturasâ€, conta Rodolpho Santos (Neosoro/Palu Suisse), piloto de F-Renault que passou por esta experiência em 2006, quando deixou o kartismo e optou pelo contrato com a Bassani Racing.
“Todos sairão da pista com um pacote de informações, como custos, quantidade proposta de testes, especificação de equipamentos, nomes dos engenheiros e mecânicos envolvidos, etc. De posse desses dados, o piloto e, talvez, seu empresário, tomarão a decisão final. É mais ou menos como comprar ações na bolsa: você vê o cenário, analisa as empresas envolvidas e aposta em uma delasâ€, continua Rodolpho.
É nesse momento, também, que a experiência dos empresários será fundamental: “Escolher a equipe errada, ou optar por um piloto que não terá condições de oferecer a contrapartida financeira ao longo do ano pode ser desastroso para os dois lados envolvidosâ€, ensina Fernando Coser, da RaceOne, empresa especializada no assunto. “Para o piloto, é preciso olhar também o aspecto aprendizado: Á s vezes, é melhor uma equipe mais modesta mas disposta a investir no ensino dos segredos do carro do que outra de currÁculo pomposo mas displicente neste aspecto, que será cobrado mais adiante na carreiraâ€, observa Alexander Lopes, da Extrabold, também do ramo.
“Hoje, é também possÁvel sair direto do kart e ir para a Europa ou Estados Unidos. Mas tudo isso depende da necessidade e do objetivo de carreira traçados pelo piloto. Como os números envolvidos são sempre grandes, é melhor ter um profissional para ajudar na escolha. Mesmo nesta fase inicial, um erro pode custar muitos milhares de reais e chegar ao valor de dois bons apartamentos, além de desperdiçar um ano inteiro na carreiraâ€, adiciona José Eduardo Donatelli, da Promosports, outra empresa do segmento.
A sofisticação e as exigências deste esporte extremamente competitivo já levam as equipes nacionais a oferecer pacotes mais completos para a carreira de seus pilotos. Um caso interessante é a Cesário Fórmula, que em 2006 montou uma equipe na F-3 Inglesa a fim de dar continuidade ao trabalho que o time já faz no Brasil. Antes dela, a Piquet Sports, que ainda atua na F-3 Sul-Americana, montou um time na Europa, mas a proposta basicamente atendia ao projeto de carreira de Nelsinho Piquet, e não contemplava contar com outros pilotos do Brasil. Só em 2005, com a ida de Nelsinho para a GP2, a equipe abriu esta possibilidade para o então campeão sul-americano de F-3 Xandinho Negrão.
Em Interlagos, os chefes de equipe da Copa Clio e da Renault Super Clio também serão sondados por pilotos para 2007, mas raramente haverá entre eles nomes que projetem carreiras de âmbito internacional.