Stock: Losacco crava a pole em Tarumã

O bicampeão Giuliano Losacco (Medley) conquistou a pole da 9ª etapa da Stock Car, prova que abrirá neste domingo no circuito gaúcho de Tarumã os playoffs decisivos da principal categoria do automobilismo nacional.


Quinto colocado na classificação geral, Losacco estabeleceu novo recorde da pista (1min03s657) e deu grande passo para reduzir a diferença do lÁ­der, Cacá Bueno (RC), que fechará a segunda fila na quarta colocação. Foi a segunda pole consecutiva de Losacco, mais veloz também na última corrida em BrasÁ­lia. A largada está marcada para Á s 10h30, com transmissão ao vivo pela TV Globo.

Losacco entrou na superclassificação com o 8º tempo. Sentiu o carro um pouco arisco e pediu ao diretor-técnico Andreas Mattheis para baixar a pressão dos pneus, por causa da alta temperatura deste sábado na região de Viamão. A mudança funcionou e ele precisou apenas de uma volta para deixar todos para trás. “Largar na pole é começar com o pé direito. Mas ainda temos muito trabalho pela frente. Aqui, é preciso andar rápido, no limite, mas não errar, porque uma escapadinha pode ter conseqüências ruins”, comentou o piloto paulista, depois de engolfado pelos abraços dos mecânicos. “Espero ter a sorte que sempre tive. Gosto muito de Tarumã e já ganhei duas corridas neste autódromo”.

Numa sessão classificatória marcada pelo rigoroso equilÁ­brio, o companheiro de equipe Guto Negrão lamentou o erro cometido com o segundo jogo de pneus novos. “Dei uma escapadinha, mas foi o suficiente. Perdi um ou dois décimos que me deixaram fora da superclassificação”, explicou, acrescentando que a primeira chance também não fora aproveitada porque ficou bloqueado por um carro bem mais lento. Mesmo assim, o saldo acabou sendo positivo. Guto entra na fase final em 10º lugar, mas sairá em 14º, Á  frente de adversários diretos e melhor colocados como Thiago Camilo (16º), Alceu Feldmann (17º), Hoover Orsi (24º) e Rodrigo Sperafico (28º). “Vou procurar ser cuidadoso no inÁ­cio, porque o pessoal que não está nos playoffs está louco para mostrar serviço”, avisou.

Em 28 anos de história da categoria, é a primeira vez que o sistema de pontos corridos foi deixado de lado. Os playoffs são adaptação do formato empregado na Nascar norte-americana. Depois de apenas oito etapas, os 10 melhores classificaram-se para a decisão em quatro corridas.

A novidade, no entanto, está longe de merecer unanimidade no meio. Pilotos e equipes que não concordam com ela apontam razões técnicas e de marketing para criticar o conceito, que na verdade será avaliado ao final do campeonato. A sua manutenção para o próximo ano dependerá de discussões internas que prometem ser acaloradas. Uma delas é o pequeno número de provas em comparação com o modelo inspirador, constituÁ­do de 26 preliminares e os playoffs com 10.

Além disso, há quem alegue que a justiça pode não ser feita. “Pode até ser melhor para o espetáculo, mas traz enorme prejuÁ­zo para quem construiu uma grande vantagem ao longo do ano”, argumenta o lÁ­der Cacá Bueno, vice nos últimos três anos e que em 2006 viu evaporar os 55 pontos que acumulara sobre Losacco exatamente nas últimas quatro corridas. Agora, com a pontuação que passa a vigorar, Cacá inicia as superfinais – como prefere denominar a TV Globo, que exibirá todas as provas ao vivo – com 225 pontos, contra 220 do segundo colocado Hoover Orsi. No encerramento da primeira fase, a distância entre ambos era de 15 pontos. Em relação a Losacco, que começa com 212 e 13 atrás do adversário, a diferença chegava a 50. Apesar da perda, Cacá se diz disposto a aceitar o sistema. “Se for bom para a Stock Car, também o será para mim como piloto”.

Ášnico dos campeões a garantir presença no grupo de elite – daqueles em atividade, David Muffato, Ingo Hoffmann e Chico Serra brigarão apenas pela 11ª colocação em diante -, Losacco entende o desapontamento de Cacá e admite que as novas regras o favorecem, mas lembra que o regulamento era conhecido por todos. “Os playoffs estão beneficiando quem enfrentou problemas nas primeiras etapas e se afastou da luta pela liderança. No entanto, ninguém poderia prever o que ocorreria durante o campeonato. Hoje nós estamos sendo ajudados, amanhã podem ser outros. Os pontos que merecem avaliação são estes: os playoffs são bons para a categoria, enriquecem o espetáculo nas pistas, tornam mais atraentes as transmissões pela televisão? Se as respostas forem sim, então está ótimo. Mas ainda nem abrimos a fase final. Todos terão de ter um pouco de paciência antes de fazer um juÁ­zo definitivo”, avisa.

Negrão conquistou de forma dramática em BrasÁ­lia a 10ª e última vaga – exatamente na única corrida em que abandonou e não pontuou. É um dos mais entusiasmados porta-vozes dos playoffs. “Não tenho dúvidas de que são uma boa idéia. No ano passado, apenas dois pilotos chegaram com chances de tÁ­tulo nas últimas provas. Agora, serão 10, pelo menos na corrida de abertura”, justifica Negrão, de 47 anos, o mais velho entre os concorrentes.

A trombeta mais estridente contra os playoffs soa da boca do maior nome da história da Stock Car. Com a autoridade de quem levantou 12 tÁ­tulos e disputou todos os campeonatos, Ingo Hoffmann está inconformado. O “dinossauro” acredita que o público não foi devidamente informado sobre o mecanismo de disputa daqui para frente e acha que as etapas finais contarão com a presença apenas de 10 pilotos. “As pessoas me perguntam se já estou de férias”, afirma, acrescentando outros aspectos negativos: segundo ele, serão cerca de 30 carros distantes dos holofotes da mÁ­dia num momento delicado de renovação de contratos e uma preocupante proximidade entre os que brigam pelo tÁ­tulo e os demais sem qualquer possibilidade. “Será um desconforto geral e os comissários terão muito trabalho”, alerta. Mesmo a suposta emoção que o formato proporcionaria é encarada com desconfiança. “Se houvesse playoffs no ano passado, o Losacco teria sido campeão por antecipação”.

O sistema de pontuação nos playoffs será exatamente o mesmo que vigorou até agora. Depois de uma série de especulações, os organizadores desistiram da idéia de criar uma pontuação paralela. Ou seja: os pilotos somarão os pontos que obtiverem de acordo com a ordem de chegada. Para evitar o risco de que alguém de fora venha a marcar mais pontos que os Top 10, os classificados apenas iniciarão a briga pelo tÁ­tulo com pontuação diferenciada e bem mais elevada.

O grid em Tarumã ficou assim:

1º) Giuliano Losacco (CA, SP), 1:03.657, média de 170,56 km/h
2º) Felipe Maluhy (ML, SP), 1:03.820
3º) Ingo Hoffmann (ML, SP), 1:04.110
4º) Cacá Bueno (ML, RJ), 1:04.156
5º) Tarso Marques (ML, PR), 1:04.366
6º) Valdeno Brito (CA, PB), 1:04.462
7º) David Muffato (VB, PR), 1:04.465
8º) Antonio Jorge Neto (ML, SP), 1:04.505
9º) Thiago Marques (VB, PR), 1:04.515
10º) Allam Khodair (CA, SP), 1:04.729

11º) Ruben Fontes (CA, GO), 1:04.127
12º) Ricardo Mauricio (ML, SP), 1:04.128
13º) Luciano Burti (VB, SP), 1:04.134
14º) Guto Negrão (CA, SP), 1:04.189
15º) Pedro Gomes (VB, SP), 1:04.204
16º) Thiago Camilo (CA, SP), 1:04.250
17º) Alceu Feldmann (CA, PR), 1:04.259
18º) Fábio Carreira (VB, SP), 1:04.346
19º) Jader David (VB, SP), 1:04.358
20º) Popó Bueno (CA, RJ), 1:04.360
21º) Chico Serra (VB, SP), 1:04.419
22º) Mateus Greipel (CA, SC), 1:04.422
23º) Diogo Pachencki (CA, PR), 1:04.424
24º) Hoover Orsi (VB, MS), 1:04.447
25º) Duda Pamplona (ML, RJ), 1:04.456
26º) Claudio Ricci (CA, RS), 1:04.476
27º) NonÁ´ Figueiredo (CA, SP), 1:04.497
28º) Rodrigo Sperafico (CA, PR), 1:04.507
29º) Ruben Carrapatoso (ML, SP), 1:04.544
30º) Juliano Moro (ML, RS), 1:04.556
31º) Christian Fittipaldi (CA, SP), 1:04.588
32º) Gualter Salles (CA, RJ), 1:04.626
33º) Paulo Salustiano (CA, SP), 1:04.648
34º) Felipe Gama (CA, SP), 1:04.916
35º) Carlos Alves (VB, SP), 1:05.142
36º) Raul Boesel (CA, PR), 1:05.203
37º) Wellington Justino (CA, GO), 1:05.320
38º) Christian Conde (ML, SP), 1:05.391
39º) Mano Rola (CA, CE), 1:05.860
40º) Hybernon Cisne (CA, CE), 1:05.938


Obs.: Em destaque os pilotos que estão concorrendo no playoff