Stock: Para Jorge Freitas, pneus vão decidir a Corrida do Milhão

Piso abrasivo da pista carioca será o maior desafio para pilotos e engenheiros.

Com nada menos de 41 anos de automobilismo, divididos entre a pilotagem e a chefia de equipes, o carioca Jorge Freitas é um dos maiores conhecedores do Autódromo do Rio de Janeiro. E foi usando esta vasta experiência que ele baseou na economia dos pneus a preparação de seus Peugeot 307 para a luta pela vitória na aguardada Corrida do Milhão, prova que dará ao vencedor o inédito prêmio de um milhão de dólares.


É esta mesma experiência que leva Freitas a identificar armadilhas neste desafio. “Quem largar de olho no milhão de dólares se arriscará a nem terminar a corrida; quem só pensar em chegar ao final terá mais chances de ganhar o milhão”. Ele se refere Á  maior duração da prova, meia hora a mais que os 50 minutos habituais. “Este tempo extra vai exigir bem mais esforço dos carros, e a pior parte vai para os pneus”, sentencia o chefe da equipe JF Racing.


Jorginho, como é conhecido no meio da Stock Car, vem pensando em diminuir o desgaste dos pneus desde que se confirmou a pista do Rio de Janeiro como sede da Corrida do Milhão. â€œÉ o piso mais abrasivo das pistas brasileiras, a única que chega perto é Campo Grande. Onde, por sinal, chegamos ao pódio”, lembra ele, se referindo ao terceiro lugar obtido por seu piloto Átila Abreu.


“Depois da corrida de Campo Grande, vi que tÁ­nhamos economizado pneus até demais, eu poderia ter falado para o Átila aumentar o ritmo três voltas mais cedo. Mas serviu para nos dar melhor noção da medida certa”, completa Freitas, que se diz pronto para a corrida. “Nos últimos seis dias, os mecânicos passaram quatro horas e meia treinando troca de pneus. Tem gente com as mãos em carne viva, outro foi parar no hospital com dores na coluna, mas ninguém reclamou. Se for o caso, meu pessoal está pronto para fazer as trocas tão rápido quanto qualquer adversário”.


Jorge Freitas enfatiza o “se for o caso” porque não descarta a possibilidade de se completar a corrida sem trocar pneus. â€œÉ remota, mas existe. Se não cair nenhuma gota de chuva desde a sexta-feira, a borracha depositada na pista vai diminuir o desgaste. Ainda assim, o alinhamento das suspensões vai ter de ser extremamente conservador. Mas se chover um pouco que seja, esquece, todo mundo vai ter de trocar. E aÁ­ o trabalho dos mecânicos vai ser decisivo”.


No que se refere aos pilotos, Freitas tem toda confiança no novato Átila Abreu, tido unanimemente como a melhor revelação da Stock Car nos últimos anos, e no bicampeão Giuliano Losacco. “As seis corridas deste ano já confirmaram que chegamos ao equilÁ­brio ideal. Os dois conversam muito entre si e trocam informações, facilitando o trabalho dos engenheiros. Se um é mais agressivo, o outro sabe tirar o melhor desempenho do carro. Se conseguirmos dar aos dois equipamento Á  altura, temos chances de comemorar mais uma vitória neste domingo”.