Truck: Fortaleza abre temporada Nordestina da categoria

Categoria vai passar um mês e meio no Nordeste para as provas de Fortaleza (CE) e Caruaru (PE).

São mais de três mil quilÁ´metros de estrada. Distância superior a que separa São Paulo de Buenos Aires. Um desafio logÁ­stico que só não assusta a Fórmula Truck. A categoria dos caminhões, acostumada aos trajetos mais longos, é a única do automobilismo nacional a promover corridas no Nordeste. É por lá que a estrutura do campeonato vai ficar durante um mês e meio, para as provas nos dois únicos autódromos da região, em Fortaleza (CE) e Caruaru (PE). A primeira delas, na capital cearense, será realizada neste domingo (1. de julho), válida como a quarta etapa de uma temporada que já começa a mostrar alguns favoritos.

Um deles, inegavelmente, é Roberval Andrade (Scania). Apesar de ainda não ter vencido nesta temporada, os resultados positivos e constantes das três primeiras etapas lhe renderam a liderança do campeonato com folgados quinze pontos sobre o segundo colocado, Felipe Giaffone. Só que nem ele mesmo se ilude com o conforto momentâneo. “Não é nada que me dá muita certeza. Esta é uma boa vantagem, mas que pode ser perdida rapidamente, então temos muito trabalho pela frente. Vou para Fortaleza não com o pensamento de administrar, mas sim de ampliar a diferença em relação aos demais”, revela.

E cabe a Felipe Giaffone (Volkswagen) impedir que isso aconteça. O piloto está com fÁ´lego renovado depois de alcançar sua primeira vitória na categoria, em Interlagos (SP), na etapa passada. Contra ele, pesa o fato de não ter experiência no traçado do Autódromo Internacional VirgÁ­lio Távora, situado em Euzébio, cidade da grande Fortaleza. Ausente da categoria no ano passado, correndo nos Estados Unidos, ele perdeu a estréia da categoria no circuito, que teve vitória de Pedro Muffato (Scania). Um momento histórico, porque além do primeiro triunfo do piloto na categoria, a prova representou a abertura de uma praça importante para a competição.

A pista foi inteiramente reformada pela própria organização da Fórmula Truck, em parceria com o Governo do Estado do Ceará e a Federação Cearense de Automobilismo, para que tivesse condições de segurança e estrutura para receber um público de até 40 mil pessoas. O esforço para a realização da corrida de Fortaleza movimenta um total de 86 carretas, que cruzam o Brasil levando a estrutura necessária para a prova. Além do lado esportivo, a etapa também tem sua importância para as empresas que apóiam a Fórmula Truck, principalmente aquelas ligadas ao setor de transporte, que investem bastante na região.

Com o cenário pronto para a disputa, quem espera se intrometer novamente na briga pela liderança na tabela de pontos é Beto Monteiro (Ford), o único piloto nordestino na F-Truck e que teve um fim de semana de poucas alegrias na prova anterior. Saiu sem pontos de Interlagos, depois de uma longa parada de box e uma série de punições por queima de radar. “Fiquei um pouquinho para trás, mas é uma diferença que pode ser eliminada”, comenta o piloto, que briga por seu segundo tÁ­tulo na categoria (foi campeão em 2004). Ele colocou um ponto final na polêmica sobre uma possÁ­vel troca de motor ainda para esta temporada.

Vai seguir com o propulsor mecânico ao invés de arriscar o moderno motor de sistema eletrÁ´nico de alimentação. O time acredita que não é o momento de fazer grandes alterações. “Falei com a equipe e eles decidiram apostar todas as fichas em mim na briga pelo tÁ­tulo. Ou seja, os outros caminhões vão testar coisas novas, mas eu não”, conta. Seu companheiro de equipe, Djalma Fogaça, continua como o responsável pelo desenvolvimento do motor eletrÁ´nico, mas pensando exclusivamente em 2008. Já outro piloto que compete de Ford, Leandro Totti, tem a tecnologia com sua principal aliada neste ano.

Depois de já ter corrido com os dois propulsores, ele acredita na evolução do motor com o sistema eletrÁ´nico e vem fazendo incessantes testes para atingir o nÁ­vel desejado. Por enquanto, ocupa a sexta posição na tabela, mas já soma uma vitória, conquistada em Tarumã (RS). Aqueles pontos foram os únicos alcançados por ele em 2007, o que reforça a necessidade de um bom resultado em Fortaleza. Enquanto isso, o atual campeão, Renato Martins (Volkswagen), não pode reclamar da própria constância (tem dois terceiros lugares), mas ainda persegue o primeiro triunfo do ano e sabe que possui um dos equipamentos mais rápido do momento.

Situação totalmente diferente da vivida pela dupla que compete com Mercedes-Benz. A meta de Geraldo Piquet e Wellington Cirino para a próxima etapa é superar a má fase que vem rondando o time desde a etapa de Tarumã (RS). O sobrinho do tricampeão mundial de F-1, que começou a temporada vencendo, sofreu um acidente gravÁ­ssimo naquela prova, ficou sem pontos e, o pior de tudo, sem caminhão. O novo modelo só ficou pronto na véspera da prova de Interlagos, o que lhe permitiu arrancar heróicos três pontinhos, ficando na quarta posição no campeonato.

“Para mim, é um recomeço. Só que não há tempo a perder e se temos a pretensão de brigar pelo tÁ­tulo é preciso estar bem em Fortaleza. Quero aproveitar os treinos livres para fazer mais alguns ajustes e se tudo der certo o objetivo é subir ao pódio no domingo”, analisa. O companheiro de equipe dele, Wellington Cirino, quebrou na prova passada e aposta no trabalho do time para ganhar na capital cearense, onde foi segundo no ano passado. “Fizemos um motor mais resistente para diminuir o risco de quebra. Somos rápidos, só precisamos buscar a confiabilidade”, declara.