ALMS: Confira a entrevista com Gil de Ferran

Confira entrevista com Gil de Ferran sobre o seu novo desafio nas pistas:

1 – Quando você começou a planejar a entrada na ALMS?
R: Desde que eu deixei o cargo de Diretor Esportivo da equipe Honda de Fórmula 1, na Inglaterra, no último verão, tenho tirado um tempo para refletir e pensar no que eu gostaria de fazer não só com a minha carreira, mas também com a minha vida.


Voltei aos Estados Unidos algumas vezes para refrescar a memória em relação ao cenário automobilÁ­stico norte-americano. Fui a Detroit acompanhar as corridas da IRL e da ALMS, reencontrei alguns velhos amigos e revivi algumas emoções.


No fim do ano passado, comecei a conversar com Robert Clark, então presidente de Desenvolvimento Tecnológico da Honda, sobre algumas oportunidades em potencial. Após longas considerações, exploradas sobre várias situações por ambas as partes, posso dizer que estou feliz por concluirmos este acordo de longo prazo para eu iniciar uma equipe na ALMS com o suporte deles.


Em 2008, nós disputaremos a American Le Mans Series com um Acura na categoria LMP2. Acho que o carro e a tecnologia, neste tipo de campeonato, são interessantes e emocionantes.


2 – Você está confiante em criar uma equipe que vai competir com consagrados times na ALMS, como Penske Racing e Andretti Green Racing?
R: Ganhei uma considerável experiência em administração quando trabalhei como Diretor Esportivo da equipe Honda de Fórmula 1, e sempre me interessei em saber como é dirigida uma equipe de sucesso como, por exemplo, a Penske.


Assim como outras empresas, uma equipe de corrida é formada por um grupo de pessoas. Não pretendo saber tudo, pois sempre teremos algo a aprender. Inevitavelmente vou delegar poderes a pessoas competentes que estarão ao meu lado para fazer um time competitivo. Estou confiante, pois podemos criar um ambiente onde os profissionais se sentirão confortáveis e motivados para produzir resultados.


3 – Como está o andamento do projeto e quando poderemos ver a de Ferran Motorsport no grid da ALMS?
R: Estamos no caminho certo. Já contratei o John Anderson, que será o Diretor Geral, e é reconhecido pela sua competência no mundo do automobilismo norte-americano. Ele tem uma vasta experiência e, no último ano, fazia parte do time que levou Dario Franchitti ao tÁ­tulo da IRL e Á  vitória nas 500 Milhas de Indianápolis com a AGR.


No momento, estamos trabalhando para contratar as pessoas certas. Este será um grande desafio, mas tenho certeza que o enfrentaremos com muita vontade. Estaremos no grid assim que conseguirmos nos preparar completamente e espero que isto aconteça antes da metade da temporada.


4 – Quantas pessoas você contratará e aonde será a base da equipe?
R: Nosso modelo de negócio foi feito para termos de 15 a 20 pessoas conosco e estamos procurando por elas em Indianápolis. A cidade é o lugar perfeito, pois tem uma ótima comunidade automobilÁ­stica desenvolvida, com muitas qualidades e vasta experiência pessoal. Tenho certeza que os profissionais de lá nos ajudarão a recrutar as pessoas certas.


Além disso, o networking entre os fornecedores é bastante desenvolvido e, honestamente, Indianápolis é uma cidade que realmente dá suporte Á s corridas. Será o local ideal para montarmos a nossa base.


5 – Para quando você espera o time funcionando completamente? E quando imagina ver a equipe integrando o grid da ALMS?
R: Nós receberemos o carro depois das 12 Horas de Sebring (12-15 de março) e faremos tudo para conseguir o acerto o mais rápido possÁ­vel. No estágio atual, é muito cedo para falar em datas, mas o nosso objetivo é estrear durante a primeira metade da temporada.


6 – Este é apenas um ano de aprendizado para tentar o tÁ­tulo em 2009?
R: É evidente que estamos nos organizando para montar a estruturar da equipe e iniciar as atividades o mais rápido possÁ­vel. Não quero fazer previsões e não tenho datas na minha cabeça. Sei que o campeonato é muito forte e que será um ano duro, mas nunca entrei em uma corrida sem a intenção de vencer. No entanto, temos de ser realistas e saber que o acerto de tudo não será tão rápido.


7 – O quão difÁ­cil será exercer as funções de dono de equipe e piloto?
R: No passado, disse que seria difÁ­cil exercer as duas funções juntas. Então reconheço que será um grande desafio. No entanto, após conversar bastante com a Honda e pensar com cuidado, estou confiante porque, com a infra-estrutura certa, poderei realizar as duas funções com a minha habilidade máxima.


8 – Você havia se aposentado dos cockpits em 2003. O que o fez retornar em 2008? Isso foi parte do acordo com a Honda?
R: Em alguns momentos – cada um com uma intensidade diferente – eu senti falta de pilotar. Certamente senti saudades de levar um carro ao seu limite, é algo difÁ­cil de se substituir.


Neste espaço de tempo em que fiquei fora dos cockpits, dei o meu máximo para manter a forma e a condição fÁ­sica. Se eu estiver apto a fazer, vou ser competitivo. Estes protótipos têm alta pressão aerodinâmica e bastante aderência. Então são diferentes do que eu estava acostumado a andar. Estou concentrado e confiante de que serei competitivo. Como sempre, o meu objetivo é ser o piloto mais rápido do campeonato.


9 – O formato da ALMS requisita dois pilotos por carro. Você está procurando por um segundo piloto que tenha méritos ou alguém que possa trazer fundos para a equipe?
R: Estou procurando pelo piloto mais rápido. É muito importante para o time, e também para mim, ter alguém que comece este desafio acelerando. Estive longe dos cockpits e é importante saber que estou rápido. Temos os fundos necessários para sermos competitivos e este definitivamente não será um fator relevante.


10 – Você tem uma lista dos prováveis pilotos? Começou a conversar com alguém?
R: Tenho algumas idéias, mas prefiro não dividi-las ainda.


11 – Será uma época marcante para você?
R: De diversas maneiras é um sonho que se transforma em realidade. É uma oportunidade fantástica, e fica melhor ainda se pensar que é uma parceria com a Honda, empresa que conheço muito bem e que é reconhecida mundialmente não só pela qualidade no automobilismo, mas em todas as suas áreas de atuação. O desafio é gigante, mas isso o faz ser emocionante e, se Deus quiser, recompensador.


12 – Você e a Honda têm fortes ligações com a IRL. Por que este acordo por uma equipe de categoria de turismo?
R: Neste momento, a Honda está querendo aumentar a sua participação na ALMS.


Como um piloto de monoposto, não quero descartar um possÁ­vel retorno a este tipo de competição, mas estou 100% dedicado e motivado com os carros de turismo. Acho a geração atual de tecnologia dos protótipos muito interessante. No meu ponto de vista, acredito que é o maior atrativo. Sempre amei a área técnica do automobilismo, especialmente os desenvolvimentos de chassi e motor. Será um desafio extremamente interessante para mim.


13 – Depois de ter conquistado muita coisa – incluindo uma vitória em Indianápolis – com o Roger Penske, como será enfrentá-lo na ALMS?
R: Tenho sentimentos diferentes sobre isso. Roger, sua famÁ­lia e muitos membros do time dele se tornaram meus amigos pessoais. São pessoas com quem me preocupo e quero muito bem. Exceto o fato de “brigarmos” na pista, este sentimento continua existindo. Acho que estou adquirindo o sentimento que Michael Andretti e Al Unser Jr. têm quando enfrentam os seus pais.


Mesmo com tudo isso, é o meu dever, o da minha equipe e também da Acura, dar o máximo para atingirmos o sucesso na pista.


14 – Olhando um pouco para frente, você acha que este é apenas o primeiro passo para disputar outros campeonatos, como as 24 de Horas de Le Mans e a IRL?
R: Estou 100% focado para fazer sucesso na ALMS e acho que isto já é o suficiente para o momento. Disputar Le Mans no futuro seria um desafio que eu adoraria enfrentar, mas não tenho planos definidos para isso atualmente