Coluna: Asas e Patos, por Vitor Garcia

A Stock Car é uma das maiores categorias do automobilismo brasileiro e mundial também. Na última etapa realizada em Curitiba, pudemos ver a grandeza dessa categoria, em uma união histórica com outra grande competição sul-americana de carros turismo: a TC2000 Argentina.

As duas categorias dividiram espaço no final de semana, e o público só tem a agradecer. A categoria Argentina, ao contrário da Brasileira, utiliza realmente os carros de rua, adaptados para competição. São modelos como o Honda Civic, Chevrolet Astra, Ford Focus, Toyota Corolla, Mitsubishi Lancer, Peugeot 307, Renault Megane, VW Bora, Chysler Néon e VW Pólo. É uma categoria incrÁ­vel, muito disputada e muito bonita também.



Em Curitiba, a categoria Brasileira também lançou novidade: com a finalidade de aumentar as ultrapassagens, foi desenvolvida uma “asa”, que foi instalada logo após o vidro dianteiro.


 


Essa “asa” tem toda a extensão do teto do carro, e deveria melhorar o fluxo de ar acima do carro, ajudando a aumentar o vácuo, o que facilitaria as ultrapassagens e traria ainda mais emoção a categoria.


 


Esse novo apêndice aerodinâmico não foi testado anteriormente, e os primeiros resultados só seriam verificados nos primeiros testes em Curitiba, o que gerou algumas incertezas entre as equipes e pilotos.


 


Após os primeiros testes na sexta-feira, as opiniões ficaram divididas. A idéia inicial desse equipamento partiu do piloto Christian Fittipaldi, que utilizou essa “asa” nos carros da categoria Nascar, onde correu nos Estados Unidos.


 


Porém aqui no Brasil esse apêndice parece que precisa ser mais bem testado. O ar que passa pela “asa” e que deveria ajudar no vácuo acaba causando um problema: o ar é desviado acima do aerofólio traseiro do veÁ­culo, o que torna a peça pouco útil e causando inclusive problemas na traseira, fazendo com que a mesma fique “boba”.


 


No final, ainda houve um grande imprevisto: a chuva. Com a mudança no clima e a forte chuva que aconteceu durante todo o inÁ­cio da prova, o “teste” que seria realizado nas pistas não aconteceu. O jato d’água que era lançado pelo carro da frente era tão grande que os pilotos tiveram muitas dificuldades para guiar os veÁ­culos. Estavam mais para “patos” na lagoa, do que pilotos na pista. No final, tirando os toques de costume, todos terminaram a prova bem, sã e salvos.


 


Entramos em contato com alguns pilotos para compararmos as opiniões:


 


Felipe Maluhy (Terra Avallone): “Achei a idéia válida. Foi um bom começo. Pena que choveu e ficou mais difÁ­cil para avaliar a eficiência do defletor. Temos cinco semanas até a próxima prova e acho que é o melhor momento para pegar dois carros e fazer os testes necessários para que a meta de se ter um vácuo significante seja atingida”.


 


Ingo Hoffmann (AMG Filipaper): “Em relação ao apêndice aerodinâmico e o efeito de vácuo que dele se esperava para facilitar as ultrapassagens numa categoria marcada pela igualdade dos carros, o efeito foi nulo ou próximo disso numa corrida atÁ­pica, de pista molhada e pouca visibilidade, na qual os pilotos procuravam fugir do spray d’água dos carros da frente. Portanto, uma avaliação real será feita a partir da próxima corrida em condições normais”.


 


Christian Fittipaldi (Terra Avallone): “Pra dizer a verdade, fiquei um pouco chateado com o resultado final. Teve uma diferença muito pequena no final das retas, ou seja, estava dando um pouco mais de vácuo, porém bem pouco. A estabilidade nas curvas foi comprometida muito pouca, todos os carros em geral andaram com um pouco mais asa traseira na segunda prova de Curitiba.

O que talvez acertamos é que conseguimos reduzir o diferencial de velocidade nas retas entre Lancer e Astra. Outro ponto positivo foi o diferencial de velocidade para o carro que vem atrás. Com o apêndice aerodinâmico, foi maior que em todas as outras etapas. Todos esses dois pontos citados acima foram números de radares na última prova de Curitiba.



Resumindo, algum efeito ele teve, porém não tão grande como todos esperavam. Acho que temos que trabalhar um pouco em cima e desenvolver o novo apêndice aerodinâmico.”


 


 


Bom, agora é esperar que testes sejam realizados para verificar a real melhoria da inclusão do apêndice aerodinâmico, afinal a próxima etapa só acontecerá no dia 28 de agosto, em Londrina.


 


Para finalizar, o grande vencedor de Curitiba foi o multicampeão Ingo Hoffmann, que fez uma corrida fantástica e mostrou que ainda tem muito a ensinar para as jovens feras que estão chegando, além de dar a primeira vitória a nova marca da categoria, a Mitsubishi.


 


O destaque da etapa foi o novato Hoover Orsi da NasrCastroneves, que vem realizando uma fantástica temporada na Stock Car V8 e deu muito trabalho para o dinossauro Ingo, que soube segurar o mato-grossense, mas garantiu um fantástico show para os espectadores.


 


O carioca Cacá Bueno que terminou a prova em 4º. lugar e está cada vez mais perto do tÁ­tulo. Porém não é bom haver qualquer descuido do piloto da Action Power, pois muitos pilotos estão com muita vontade de colocar a mão nessa taça.


 


A Stock Car Brasil ainda tem muito show até o final da temporada!!!


 


 


 


Um grande abraço a todos