Coluna: Filho de peixe, peixinho é?

Uma declaração quase profética do escocês David Coulthard, publicada ontem; de que o menino que sua noiva Karen espera, irá assinar contrato com a equipe Ferrari em 2028, me levou a seguinte pergunta: Filho de peixe, peixinho é?

Se analisarmos a quantidade de filhos de ex-pilotos que estão pelas pistas do mundo, podemos dizer que sim. O que não podemos garantir é que eles terão o mesmo sucesso que os pais.

A lista é bem grande e variada. Tem desde moleques, que mal saÁ­ram das fraudas, a já digamos, experientes com passagens pela F-1 e que ainda estão por ai, dando as suas aceleradas e desafiando a nova geração.

Na F-1 temos três representantes, dois filhos de ex-campeões e um do mais folclórico piloto da década de oitenta. Se o alemão Nico Rosberg já está em seu segundo ano pela Williams, seu parceiro de equipe, Kazuki Nakajima, começou este ano a mostrar ao mundo que não é igual ao pai, Satoru. Rosberg já deu mostras de seu talento, na claudicante equipe do velho Frank. Já Kazuki, se não é um assombro, ao menos não é tão atrapalhado quando o ex-parceiro de Ayton Senna na Lotus. Seu irmão Daisuke, de 19 anos, já está no Japonês de F-3.

O brasileiro Nelsinho Piquet trás nos ombros a responsabilidade de ser filho de um tri-campeão, Nelson. Depois de um começo difÁ­cil, na complicada Renault, ele tem dado mostras, como o segundo lugar em Nurburgring, de que tem talento e tudo para fazer uma longa carreira na F-1. Seu irmão mais velho, Geraldo, lidera o Campeonato da F-Truck no Brasil, sem tanta cobrança, mas é um Piquet, então….

Outros filhos de campeões de F-1 que estão batalhando no começo de suas carreiras são o francês Nicolas Prost, filho do tetra-campeão Alain, os ingleses Greg e Leo Mansell, filhos do “leão” Nigel, o austrÁ­aco Matthias Lauda, filho do tri-campeão Niki e Christian Jones, filho do campeão Alan. Nicolas é o vice-lÁ­der do Europeu de F-3000, mas pela idade, 26 anos, e ainda em categorias abaixo da GP2, dificilmente chega a categoria máxima. Já os filhos de Nigel deixaram a Europa rumo aos EUA, para disputarem a F-Atlantic. Leo, o mais velho, com 23 anos, é o 20º colocado na tabela de pontos, enquanto o irmão, três anos mais novo, tem uns pontinhos a mais na 17º posição. Talvez eles sigam os passos do pai, e cheguem a F-Indy, mas serem campeão, como Nigel em 1993, só o tempo dirá.

Matthias, de 27 anos, passou por diversas categorias de base, sem grandes resultados, até chegar a GP2 em 2005, onde em 23 corridas marcou apenas 3 pontos. Depois de defender o paÁ­s na A1GP, mudou os planos da carreira, para os carros de Turismo e desde 2006 disputa o Campeonato Alemão de Turismo, com resultados modestÁ­ssimos. Christian, aos 28 anos, passou pela F-3 australiana e Asiática, além da equipe australiana na A1GP, que é gerenciada pelo pai, Alan, primeiro campeão mundial de F-1 pela Williams, em 1980. Mudou para o turismo no ano passado e é o atual vice-lÁ­der da Porsche Carrera Cup Ásia. F-1 para ele nem pensar pelo jeito.

O francês Adrien Tambay tem apenas 17 anos, e é o 3º colocado no F-BMW Européia, um dos mais importantes certames de base da Europa. Seu pai, Patrick, foi piloto da Ferrari na F-1, em 1982 e 1983. O venezuelano Johnny Cecotto Jr, com 18 anos, não quis repetir o pai, Johnny, que antes de pilotar carros, foi um dos maiores motociclistas da década de setenta, antes de chegar a F-1 em 1982. Cecotto Jr é o vice-lÁ­der do prestigiado Alemão de F-3.

Nos EUA temos o duelo de dois grandes nomes da Indy, Rahal e Andretti. Grahan, filho do tri-campeão Bobby, tem 19 anos, e Marco, que corre na equipe do pai, o campeão Michael, 21. Ambos venceram uma vez na categoria top dos EUA, mas ainda estão longe dos desempenhos dos pais, que por anos protagonizaram as disputas na Indy. O holandês Arie Luyendyk Jr, filho do carismático Arie, só correu uma vez na Indy, e aos 27 anos, é o 4º colocado na Indy Lights.  Já Al Unser III não deve seguir os passos do pai, Al Unser Jr. Com 25 anos a sua carreira não decolou e depois de começar a temporada da Indy Ligths, já ficou sem carro.

Os ingleses, Alex Brundle, de 18 anos e Jolyon Palmer, de 17 anos, começam a dar os primeiros passos. Ambos disputam a F-Palmer Audi, categoria gerenciada pelo ex-F-1, Jonathan Palmer, pai de Jolyon, vice-lÁ­der da temporada. Martin Brundle, aos 59 anos e grande rival de Ayrton Senna na F-3 inglesa em 1983, até voltou Á s pistas, disputando três provas da temporada, para incentivar o filho. Isso que é pai.

O norte-americano Eddie Cheever III resolveu seguir os passos do pai, que começou a carreira na Itália. O filho do vencedor das 500 Milhas de Indianápolis de 1998, disputa provas de kart nas terras italianas. O colombiano Steven Gurerrero, aos 19 anos, é o 2º colocado na F-3 Inglesa, na classe Nacional. Seu pai, Roberto, sem resultados na F-1, disputou por 15 anos a Indy.

O alemão Nicki Thiim, filho de Kurt, tem 19 anos e lidera a temporada da SEAT Leon Supercopa Alemã. Seu pai é um experiente piloto de carros de turismo, tendo disputado o DTM por dez anos. No BTCC, o Inglês de Carros de Turismo, Andrew Jordan, de 19 anos, faz sua primeira temporada na categoria na mesma equipe do pai, o veterano Mike.

E temos também os já com anos de pista, que estão ai há anos batalhando para deixarem Á  sombra dos pais famosos. O brasileiro Christian Fittipaldi, depois de passar pela F-1, como o pai, Wilson e o tio Emerson, foi para os EUA, nos passos do tio. Com 37 anos e depois de anos na Indy, ele passou pela Nascar, ALMS e no meio deste ano voltou para a Grand-Am. Sem esquecer a passagem, meio apagada, pela Stock Car em 2005 e 20006.

David Donohue, aos 41 anos, tem uma sólida carreira na Grand-Am. Seu pai, Mark, faleceu em um terrÁ­vel acidente nos treinos para o GP da Áustria de 1975, guiando um Penske. Também nos EUA, o australiano David Brabham, é um dos principais pilotos do AMLS, sendo vice-lÁ­der na classe LMP2. David, de 42 anos é o mais bem sucedido nas pistas dos três filhos de Jack, tri-campeão de F-1. Ele disputou 24 GPs na F-1, estreando pela equipe fundada pelo pai, em 1990. Seus irmãos, Geoff e Gary já deixaram as pistas.

O canadense Jacques Villeneuve conseguiu o que o seu pai, Gilles, não alcançou: o tÁ­tulo mundial de F-1 em 1996. Porém Jacques nunca foi uma unanimidade. Depois de perder a sua vaga na equipe BMW Sauber de F-1, no ano passado, ele foi para os EUA, tentar a Nascar. Mas logo após não se classificar para a primeira prova do ano, foi dispensado pela equipe Ganassi. Contratado pela Peugeot, foi 2º colocado nas 24 Horas de Le Mans deste ano.

O sul-africano Tomas Scheckter, está construindo na Indy a fama que seu pai, Jody, fez na F-1. Campeão mundial pela Ferrari em 1979, Jody era muito rápido e também um batedor em potencial, o mesmo conceito que todos tem a respeito de seu filho, de 27 anos. Depois de aprontar na Europa, quando era piloto de testes da Jaguar, sendo pego, em 2001, pela policia inglesa fazendo sexo com uma prostituta dentro de um carro parado na rua, Tomas chegou a IRL em 2002, logo fazendo sucesso e colecionando batidas. Sem equipe para este ano, fez apenas três provas até agora pela Luczo Dragon, da mesma maneira, rápido e extremamente chegado a uma confusão nas pistas.

Na Nascar temos Dale Earnhardt Jr e Kyle Petty, filhos de dois dos maiores pilotos da história da categoria. Seus pais faturaram cada, sete tÁ­tulos da Nascar. Dale, de 33 anos, já foi bicampeão da Busch Series, a segunda em importância na Nascar, mas ainda não levou a taça da Sprint Cup. No final do ano passado ele deixou a equipe fundada pelo pai, falecido em um acidente em Daytona, 2001, e na Hendrick Motorsports, está na 4º posição na atual temporada.

Kyle, filho de Richard, disputa a Nascar desde 1979, quase sempre pela equipe fundada pelo avÁ´, Lee. Aos 48 anos, nunca disputou para valer a taça, venceu apenas oito vezes, e nos últimos anos virou mero figurante no grid das provas. Seu filho, Adam, faleceu em um acidente, aos 19 anos, durante um treino em New Hampshire, pela Busch Series.
 
Depois do terrÁ­vel acidente em Elkhart Lake, em 2006, quando atropelou em cervo, e ficou vários dias em coma, Christiano da Matta, filho de Toninho da Matta, voltou as pistas em maio deste ano, disputando a etapa de Laguna Seca, da Grand-Am. O campeão da ChampCar em 2002 e piloto da Toyota na F-1 por duas temporadas, deve retornar em definitivo as corridas no ano que vem.

Alexandre “Xandinho” Negrão, aos 22 anos, está desde 2005 na Europa. Filho de Xandy, que fez historia na Stock Car Brasileira, foi campeão da F-3 Sulamericana em 2004, mas em três anos de GP2 Series, somou apenas 25 pontos. Neste ano assinou com a principal equipe do FIA GT, e parece encontrou o seu caminho. Xandinho é o vice-lÁ­der da temporada de um dos campeonatos mais disputados da Europa.

A belga Vanina Ickx tem se dedicado Á s provas de turismo. Com 33 anos a filha de Jacky, estreou nas 24 Horas de Le Mans de 2001, tendo passado dois anos no DTM e neste ano disputa o Le Mans Series, com um Pescarolo-Judd.

Outro ex-piloto de F-1, o francês Jacques Laffite, foi parceiro de equipe da filha Marguerite, no Europeu de GT3 no ano passado. Em 2008 ela disputa na França, o Porsche Matmut Carrrera Cup.

O holandês Klaas Zwart, tri-campeão do EuroBoss, e o espanhol Emilio de Villota, ex-F-1, são exemplos raros. Eles têm um filho e uma filha nas pistas. Com 57 anos, Klaas foi parceiro do filho, Erik no Europeu de GT3 de 2007. E em 2004 substituiu a filha, Paulien, que havia sofrido um forte acidente no ETCC. Neste ano Erik é o 14º colocado no Europeu de GT3 e Paulien disputa o Toerwagen Diesel Cup, sendo 4º colocada.

Maria de Villota, com 29 anos, já passou pela F-3 Espanhola, disputou quatro provas no WTCC, o Mundial de Turismo, e foi 3º colocada no ADAC Procar no ano passado. Em 2008 disputou até agora uma prova no Europeu de F-3000. Seu irmão, Emilio de Villota Jr, aos 26 anos, esteve recentemente disputando um prova da TC2000 Argentina. Seu melhor resultado nas pistas foi em 2005, quando foi 8º colocado na F-Palmer Audi.