F1: Renault comemora 30 anos na categoria

Descrita por aqueles que viveram a ocasião, a equipe Renault, que no dia 16 de julho de 1977 fez sua estréia na principal categoria do automobilismo de monopostos – no circuito de Silverstone, parecia tudo, menos uma escuderia de Fórmula 1.

Um grupo de jovens cheios de entusiasmo, inexperientes, se lançando no desconhecido com toda a sua energia em uma aposta improvável: um motor turbo. Mas eles perseveraram e tiveram sucesso. Dizem que a imitação é a forma mais sincera de lisonja, e assim, poucos anos depois, todos os carros da F1 passaram a tentar a vitória nos Grandes Prêmios com motores turbo.

E para comemorar esta data tão importante, a equipe ING Renault F1 Team realizou uma pintura especial no seu atual modelo, batizado de R27, inspirada no primeiro carro da Renault na Fórmula 1, o RS01, que correu em Silverstone há exatos 30 anos, num claro sinal de reconhecimento e respeito ao pioneirismo e Á  coragem de todos os integrantes daquele momento histórico.

Apenas 16 voltas no dia 16 de julho de 1977. Em um fim de semana que viu a estréia do piloto canadense Gilles Villeneuve na Fórmula 1 e uma corrida dominada por James Hunt, que se impÁ´s desde a pole position, aquelas poucas voltas poderiam passar despercebidas. Nas folhas de resultado, a explicação da quebra e do conseqüente abandono é incrivelmente simples: “turbo”. O carro já havia feito o suficiente, porém, para ganhar um curioso apelido: chaleira amarela. E era aÁ­ que estava o segredo.

Trinta anos mais tarde e aquele grupo de estreantes sonhadores e corajosos passou para a história da principal categoria do automobilismo de monopostos. Em 25 temporadas de Fórmula 1, a Renault conquistou oito tÁ­tulos de construtores e sete de pilotos. Os motores Renault obtiveram 113 vitórias, 154 pole positions e 114 melhores voltas. E neste domingo quatro motores V8 RS27 participarão do Grande Prêmio da Inglaterra de 2007, dois equipando os carros da equipe Renault F1 Team e outros dois instalados nos bólidos da escuderia Red Bull Racing.

A tecnologia é sem dúvida diferente e muita coisa mudou, mas uma coisa permanece a mesma: o espÁ­rito de competição. É isso o que une a equipe ING Renault F1 Team Á quele grupo de jovens engenheiros apaixonados que, há 30 anos, estava determinado a alterar o universo da Fórmula 1, e que hoje continua a nortear a busca de resultados cada vez mais ambiciosos.

“Eu gostaria de aproveitar esta oportunidade para deseja um ‘feliz aniversário’ a todas aquelas pessoas que contribuÁ­ram com esta nossa aventura e que fizeram parte da famÁ­lia Renault F1: os técnicos, pilotos, mecânicos, engenheiros e fornecedores. A Fórmula 1 tem sido uma fabulosa aventura humana em termos de desempenho esportivo e tecnologia. E para nós, na Renault, o sucesso é mais do que uma herança esportiva, é a fonte de verdadeiro orgulho”, comenta Alain Dassas, Presidente da Renault F1 Team.

Celebrando a aventura

Em uma posição modesta no grid de largada daquele Grande Prêmio da Inglaterra, no dia 16 de julho de 1977 em Silverstone, o piloto Jean-Pierre Jabouille ocupava o cockpit do modelo RS01, ostentando o número 15. A seu lado um prestigioso vizinho na 11ª fila: o bicampeão mundial (1972-1974) Emerson Fittipaldi. O brasileiro examinou o carro francês detidamente. Pioneira na era turbo, a parceria Renault-Jabouille inaugurava uma nova era. A curiosidade que ela despertava inspirava também certa apreensão. Os adversários já sentiam que aquela equipe estava destinada ao sucesso.

Em nome da inovação tecnológica do turbo, a Renault havia obtido do presidente da FOCA (Formula One Construction Association), Bernie Ecclestone, o direito de entrar na competição sem a obrigatoriedade de competir na temporada completa. Já no dia 14 de julho a expectativa paralisava o alto comando do time, formado por Gérard Larrouse, François Castaing, Bernard Dudot, Michel Lepraist, entre outros. Nos treinos, Jabouille quase não se classificou para a prova.

Mas o alÁ­vio de ter garantido a primeira participação na F-1 se esvanecia na obrigação de realizar uma demonstração promissora. Porém, a participação da Renault naquele que seria seu primeiro GP na Fórmula 1 durou apenas 16 voltas.

Aquele foi só o primeiro capÁ­tulo. Questão de paciência e trabalho, duas qualidades muito exigidas pela Fórmula 1. A história da Renault na categoria mal havia começado. Mas profetizando a epopéia do turbo e da Renault, na ansiedade de um domingo de iniciação em Silverstone, aquela foi a semente lançada pelos homens e mulheres que integravam a fábrica francesa. Em Silverstone, a aventura da Renault havia adquirido sua dimensão humana e tecnológica. Um grande passo havia sido dado. O melhor haveria de vir. Irretocavelmente.

Declarações de membros da equipe de 1977

Gérard Larousse (Chefe da equipe Renault Compétition): Quando começamos o programa de Fórmula 1 com a Renault, não tÁ­nhamos muitas esperanças de terminar as corridas, pois o motor era muito frágil. Mas eu estava 100% convencido que poderÁ­amos solucionar os problemas em algumas semanas ou meses. Mas o que eu esperava, acima de tudo, era que pudéssemos ter uma verdadeira vantagem sobre os motores normalmente aspirados quando disputássemos três GPs especialmente: Kyalami, Zeltweg e Dijon, pistas localizadas em maior altitude. Este era o objetivo! Apenas dois anos depois já tÁ­nhamos alcançado a primeira vitória em Dijon.

Jean-Pierre Jabouille (Piloto): Nós havÁ­amos chegado a Silverstone com algo totalmente novo: pneus radiais Michelin, uma estréia mundial na época, um motor turbo comprimido, e um jovem piloto recém-coroado campeão de Fórmula 2 chamado Jean-Pierre Jabouille! Era tudo novo. Eu era bem realista quanto a Silverstone. Sabia que no final terÁ­amos sucesso, mas antes de tudo deverÁ­amos terminar aquela corrida. O carro era muito difÁ­cil de pilotar por duas razões: primeiro pelo tempo de resposta do turbo e depois por que os pneus Michelin ainda não eram progressivos – tinham aderência, mas quando a perdiam era sem aviso prévio!  A entrada do turbo era muito súbita e juntamente com os pneus Michelin isso tornava o carro difÁ­cil de pilotar.