F1: ‘Silverstone vai deixar saudades’, ressalta Nelsinho Piquet

Cenário da corrida inaugural do primeiro Mundial de Fórmula 1, circuito inglês se despede da categoria no próximo final de semana.

A Fórmula 1 está prestes a perder um dos mais importantes circuitos do seu calendário. A pista de Silverstone – que fica na pequena cidade de mesmo nome, na Inglaterra, e que foi palco da prova de abertura do primeiro Mundial de F1, em 1950 – recebe no próximo domingo (21), pela 43ª e última vez, a categoria máxima do automobilismo mundial. Isso porque a partir de 2010 a pista de Donington Park, em East Midlands, será a sede do GP da Inglaterra de Fórmula 1. Para o brasileiro Nelsinho Piquet, da equipe ING Renault, Silverstone é a pista mais familiar da temporada da Fórmula 1. “Corri dois anos de Fórmula 3 na Inglaterra e ganhei corridas em Silverstone, então é uma pista muito especial para mim”, relata Nelsinho, campeão britânico da F3 em 2004, que venceu duas vezes neste circuito.
 
Campo de aviação da força aérea britânica durante a II Guerra Mundial, a área onde hoje se encontra o autódromo também foi, durante alguns anos, uma fazenda onde se plantava cereais. Em 1948 o RAC (Royal Automobile Club) deu ao fazendeiro James Wilson Brown, a missão de transformar – em dois meses – a fazenda em uma pista de corridas. No dia 02 de outubro do mesmo ano, então, uma multidão foi até Silverstone para acompanhar a primeira corrida depois de vários anos sem provas durante a guerra. Em um circuito de aproximadamente 5,8 km, 23 carros disputaram a corrida vencida por Luigi Villoresi, a bordo de uma Maserati, que registrou uma velocidade média de 115 km/h. Silverstone também foi o palco do primeiro GP da história da Fórmula 1, disputado em 13 de maio de 1950. A vitória ficou com o italiano Giuseppe Farina, a bordo de um Alfa Romeo. Farina também se consagraria o primeiro campeão mundial da categoria, com três vitórias em sete etapas.
 
Atualmente com 5.141 metros de extensão, a pista é uma das mais velozes da temporada – com a terceira maior média de velocidade no ano, perdendo apenas para Spa-Francorchamps, na Bélgica, e Monza, na Itália. Tão veloz que em todo o primeiro trecho de volta, que compreende também uma das sequências de curvas mais rápidas da Fórmula 1, os pilotos sequer encostam no pedal do freio. “No primeiro setor nós apenas levantamos um pouco o pé do acelerador para direcionar o carro, mas não pisamos no freio”, conta Nelsinho Piquet.
 
Apesar de ser uma pista veloz, as equipes utilizam nÁ­veis mais altos de pressão aerodinâmica nos carros, com o objetivo de manter a estabilidade nas curvas mais rápidas – já que as retas em Silverstone são bastante curtas. A altura dos bólidos é outro desafio para os engenheiros, que precisam equilibrar pressão aerodinâmica com as traiçoeiras ondulações do asfalto. Por isso, não é raro ver os pilotos enfrentando a tendência dos carros a escapar de traseira nas saÁ­das de curva, em busca dos melhores tempos.
 
“A primeira vez na volta que usamos o freio é na curva Stowe (a sétima da pista). Na verdade, com os freios de carbono de um Fórmula 1, a gente começa a frear já dentro da curva, quando já estamos virando o volante, então o inÁ­cio do contorno é feito a cerca de 200 km/h”, lembra Nelsinho Piquet. “É possÁ­vel tentar uma ultrapassagem nesse ponto, mas como é um trecho curto de frenagem, você precisa pegar o vácuo na reta do Hangar para conseguir passar”, aponta. Os engenheiros da equipe ING Renault ainda acreditam que, apesar de o regulamento da Fórmula 1 ter diminuÁ­do a pressão aerodinâmica nos carros, os pneus slicks deverão manter o desempenho na pista de Silverstone – enquanto o rendimento do R29 em curvas de alta velocidade, caracterÁ­sticas do traçado inglês, anima o time. “Temos boas expectativas para essa prova, mas ao mesmo tempo mantemos os pés no chão porque não vamos, repentinamente, brigar por um pódio. Uma pista de alta velocidade, como Silverstone, parece ser ideal para o R29, que se adapta muito bem Á s curvas de alta. O sistema de freios, que talvez seja o ponto onde temos mais problemas no momento, não é muito forçado nessa pista, então seguimos confiantes para conquistar um resultado melhor que os da Turquia”, destaca Bob Bell, diretor técnico da equipe.
 
Em 42 provas que a Fórmula 1 disputou em Silverstone até aqui, 27 pilotos diferentes venceram – entre eles, três brasileiros: Emerson Fittipaldi (1975); Ayrton Senna (1988) e Rubens Barrichello (2003). O maior vencedor dessa prova é o francês Alain Prost, com cinco triunfos (1983, 1985, 1989, 1990 e 1993). Confira a programação para a oitava etapa do Mundial:
 
Sexta-feira – 19/6
Treino livre 1 – 6h Á s 7h30
Treino livre 2 – 10h Á s 11h30
 
Sábado – 20/6
Treino livre 3 – 6h Á s 7h
Treino classificatório – 9h
 
Domingo – 21/6
Corrida – 60 voltas – 9h