F3 Sulamericana: “Novo” Interlagos não assusta forasteiros

Informações privilegiadas sobre o novo piso dão vantagem aos times paulistas, pois equipes de fora não poderão treinar na pista paulistana.

As equipes do Campeonato Sul-Americano de Fórmula 3 retomam na próxima semana a preparação para a rodada dupla que encerra no dia 16 de dezembro, em Interlagos, a temporada de 2007. O regulamento da categoria permite sessões de testes particulares, desde que sejam feitas nas pistas-sede de cada um dos times inscritos na competição. Assim, a maioria dos times instalados em São Paulo treinará em Interlagos, palco das duas últimas corridas do ano, o que acabará sendo uma vantagem em relação Á  concorrência:

“Todo mundo sabe que a reforma, muito bem-vinda, feita para a Fórmula 1 no piso de Interlagos mudou completamente a pista. Os carros de todas as categorias estão muito mais rápidos lá. Há quem diga que, agora, estamos falando de outra pista, com um acerto complemente diferente do que fazÁ­amos no passado”, detalha o estreante goiano Rodolpho Santos (Neo QuÁ­mica/Palu Suisse/Wurth), cuja equipe é baseada em BrasÁ­lia.

“Como só resta a rodada de Interlagos, um efeito prático para a F-3 neste final de temporada é que os times que estão fora de São Paulo terão sua base de dados aquele traçado (informações utilizadas para acerto dos carros) parcialmente inutilizada. No automobilismo profissional a gente chega na pista e coloca o carro para andar com o melhor acerto que a equipe obteve na última vez que esteve naquele circuito. Mas antes da rodada dupla final da F-3 as equipes paulistas poderão trabalhar livremente o acerto para o novo piso enquanto quem é forasteiro terá que se virar com os poucos treinos oficiais no final de semana das provas. Essa é a realidade. Mas minha equipe (Amir Nasr Racing) tem recursos que podem nos ajudar a reduzir a desvantagem”.

“Mesa de bilhar” – Assim como a Fórmula 1 e a Le Mans Series, que disputou a Mil Milhas, a Fórmula 3 espera encontrar pela frente um piso impecável. “Como o pessoal disse, o asfalto está liso e perfeito como uma mesa de bilhar”, compara Rodolpho Santos. “O piso é uniforme, sem ondulações e não deve haver pontos com esfarelamento, algo que costuma acontecer no asfalto e que prejudica bastante a aderência”, continua o piloto da Neo QuÁ­mica/Palu Suisse/Wurth. “Essa é uma situação bem diferente da Interlagos de antes, que tinha ondulações e até algumas falhas no piso em pontos importantes. Agora, segundo as informações que tenho das equipes de F-3 que já treinaram lá, o contato pneu-asfalto é excelente, pois as ondulações não tiram mais a banda de rodagem do pneu do piso e as falhas no asfalto não reduzem o grip (aderência). O nÁ­vel de aderência do asfalto também aumentou, então os tempos devem cair bastante já nos primeiros treinos”.

Rodolpho crê que o tempo da pole-position supere a melhor marca registrada até agora na pista, de 1:28.330, estabelecida por Fernando Galera (Mad Croc/PropCar Racing) no último dia 1º, durante uma sessão de testes. “Acho que a pole-position vai baixar disso, vai ficar na casa de 1min27s”, prevê o piloto da Neo QuÁ­mica/Palu Suisse/Wurth. “Como disse, teremos pela frente um novo Interlagos. Na verdade, uma pista melhor, que favorece velocidades bem maiores”, conclui, lembrando que os F-3 são os carros de corrida mais velozes da América do Sul.

Referências – Segundo Rodolpho Santos, a equipe Amir Nasr já está de posse de informações que podem ajudar a minimizar a falta de familiaridade em relação Á s reações dos F-3 no novo piso. “Um de nossos engenheiros trabalhou na Mil Milhas justamente para coletar dados e obter referências que possam ser úteis”, diz ele. “Além disso, haverá uma prova da Stock Car antes da corrida da F-3. Como nossa equipe atua nas duas categorias, teremos mais informações para cruzar com os dados da F-3 em Interlagos”.

Outro fato de importância central e que deve minimizar o impacto da reforma da pista entre as equipes do chamado grupo forasteiro é que não houve alteração no traçado propriamente dito. “O raio e o tamanho das curvas ainda são os mesmos”, conta Rodolpho Santos. “No fim, temos apenas um elemento muito importante que mudou: a qualidade do piso, que alterou a aderência geral. Mas é um elemento fundamental em um esporte em que os décimos de segundo fazem diferença. Estou ansioso para saber novidades dos treinos dos demais times em Interlagos, e com isso ter uma idéia de quanto teremos que avançar quanto estivermos lá na semana da corrida”.

Foto: Luca Bassani