GP2 Series: Campeão de Macau, Lucas vive situação inédita na carreira

Prejudicado por um carro e equipe nitidamente inferiores ao restante do grid, piloto paulista enfrenta mais um desafio na Turquia. Desde sua estréia, em 1997, Di Grassi venceu em todos os campeonatos que disputou até agora mas seu Dallara não tem condições de andar na ponta.

“Estou aqui para competir para valer até a última volta da última corrida do ano”

A temporada 2006 promete se encerrar como uma campanha totalmente atÁ­pica na carreira do paulista Lucas Di Grassi. Desde sua estréia, em 1997, no kartismo, Lucas jamais terminou um ano sem vencer pelo menos duas corridas. Atualmente, na Fórmula GP2, ele compete pela equipe italiana Durango, um time que deve terminar 2006 classificado como o mais fraco do grid. Se todo carro é um espelho da equipe Á  qual pertence, então o diagnóstico do Dallara usado por Lucas também não é dos melhores. Por isso, quem vive os bastidores da GP2 tem se acostumado com uma incongruência: a maior luta do atual campeão do prestigioso GP de Macau, uma prova cobiçada por todos que fazem carreira no automobilismo profissional, não é exatamente contra seus adversários, mas sim contra as condições que tem nas mãos. Neste fim de semana, a GP2 realiza mais uma rodada dupla, na Turquia, e verá Lucas novamente tentando superar os problemas para chegar na zona de pontuação. Para alguém com o currÁ­culo do piloto paulista, esta é uma situação inédita.

Das nove corridas disputadas até agora, Di Grassi foi prejudicado por problemas mecânicos no carro e erros de estratégia da equipe em oito delas. Mas nada disso desanima Lucas: “O que passou não dá para consertar. Agora eu preciso é chegar o melhor possÁ­vel nas quatro corridas que ainda faltam (duas por fim de semana, na Turquia e Itália)”, diz ele. “A única solução é trabalhar muito na pista e, entre as corridas, trabalhar mais ainda”, continua Di Grassi.

Atualmente, Lucas é o único brasileiro sob contrato do Renault Driver Development (RDD), o programa de apoio a jovens talentos mantido pela equipe francesa de Fórmula 1. Segundo planejaram os gestores do RDD, 2006 deve ser um ano de aprendizado para o brasileiro. “Nesta categoria praticamente não há treinos e eu não conheço boa parte das pistas. Então, sou realmente um novato. E então 2006 é um ano para que eu me prepare. Neste quesito, tudo está indo bem”, relata Lucas.

Mas, claro, qualquer um preferiria aprender e ao mesmo tempo ter condições de vencer. “Essa não é a filosofia do RDD”, explica Lucas. “Eles jamais colocam um piloto na melhor equipe, especialmente se ele ainda for novato na categoria. O RDD prega um desenvolvimento contÁ­nuo do piloto, então, como membro do programa, eu sigo as instruções sem questionar. Estou aqui para competir e é isso o que vou fazer até a última volta da última corrida do ano”, diz ele.

Apesar das dificuldades, Di Grassi tem conseguido chamar a atenção na GP2 – tanto que suas atuações o colocaram no centro das atenções dos chefes de equipe, que já buscam nomes de peso para disputar a temporada 2007. Foi o caso do ocorrido na etapa da França, quando Lucas chegou em oitavo na primeira prova e largou na primeira fila, na segunda prova da rodada dupla. “Minha meta para a Turquia é ter um desempenho semelhante ao que conseguimos na França”, resume ele. “Meu carro realmente é um problema, mas é o que tenho este ano e não vou me deixar desanimar: vou entrar na pista e pilotar como se estivesse brigando pela vitória. Todo piloto tem que ter garra. E acho que é nessas horas que ela faz a diferença”.

O circuito – Para conhecer o traçado turco, Lucas percorreu a pista de moto pela manhã desta quinta-feira e, na parte da tarde, voltou a andar pelo circuito a pé. O traçado de 5.338 metros de extensão é mais um a sair da prancheta do cultuado arquiteto alemão Hermann Tilke, autor ainda de outras pistas pelo mundo. Entre suas criações, está o novo traçado de Hockenheim, na Alemanha, assim como as pistas de Sepang (Malásia), Sakhir (Bahrein) e Xangai (China).

Como a maior parte das pistas projetadas pelo alemão, o autódromo de Istambul também combina retas velozes seguidas por curvas fechadas, o que exige freadas bruscas. Um dos pontos mais difÁ­ceis do traçado é a Curva 8, com quatro pontos de tangência. No ano passado, até o heptacampeão Michael Schumacher rodou com sua Ferrari nesse trecho durante o treino de classificação.

Istambul também apresenta alguns pontos de familiaridade para os pilotos brasileiros, o que pode favorecer Lucas no processo de aprendizagem do circuito. Além do clima bastante quente nessa época do ano, a saÁ­da da reta dos boxes e a entrada na Curva 1 lembram bastante o trecho do “S” do Senna de Interlagos.

Os treinos começam nesta sexta-feira (25/08), quando acontece também a definição do grid para a primeira corrida. No sábado (26/08), a primeira prova conta com 34 voltas. Já no domingo (27/08), a disputa terá 23 voltas na preliminar do Grande Prêmio da Turquia de Fórmula 1.

Confira os horários:

Sexta-feira, 25 de agosto
03h30 – 04h00: Treino livre
09h30 – 10h00: Classificação

Sábado, 26 de agosto
10h00 – 11h15: Corrida 1 (34 voltas)

Domingo, 27 de agosto
05h00 – 05h45: Corrida 2 (23 voltas)

* – Horários de BrasÁ­lia.