GP2 Series: Di Grassi cumpre metas da Renault

O piloto do programa de desenvolvimento de jovens talentos da marca francesa está sendo preparado para a temporada 2007.

O brasileiro Lucas Di Grassi passa pelo que pode ser definido como o perÁ­odo de maior provação de sua carreira no automobilismo. Aos 21 anos, ele disputa o Campeonato de Fórmula GP2 pela equipe italiana Durango, o time mais modesto e de recursos mais escassos do grid desta categoria tecnológica e esportivamente sofisticada. Lucas não brigou por vitórias, nem fez pole positions – como era rotina até o ano passado. Mas ainda assim deixou seus patrões satisfeitos: Di Grassi compete sob contrato do Renault Driver Development (RDD), o programa de desenvolvimento de jovens talentos mantido pela equipe Renault de Fórmula 1.

Como Lucas não conhecia a maior parte das pistas onde compete a GP2, e também pelo fato de o brasileiro ser novato em uma categoria que oferece apenas 30 minutos de treinos livres em suas provas, os gestores do programa o colocaram em uma equipe modesta para que realmente tivesse um ano de aprendizado e muito trabalho duro pela frente. Mas 2006 também tem representado uma temporada de luta no estilo David versus Golias: devido ao orçamento enxuto, Di Grassi não tem direito a treinos particulares com carros da World Series, uma prática corriqueira entre as grandes equipes, já que o regulamento não permite ensaios com o bólidos de GP2. Sua equipe também conta com poucos profissionais – o próprio Lucas costuma ajudar nas tarefas dos mecânicos – e seu carro é provavelmente o menos desenvolvido do grid.

Ainda assim, Lucas não perde o otimismo: â€œÉ muito fácil quando você, todos os anos, tem o melhor carro nas mãos. É só chegar e acelerar. Como desportista, eu estou sofrendo muito, pois todo piloto que se preze quer ter chances de vitória. Mas, de outro lado, tudo o que eu consigo na pista é muito valorizado, pois a categoria inteira sabe das condições com as quais estamos competindo”.

E Lucas tem realmente chamado a atenção com sua pilotagem. Tanto que, apesar de andar com um equipamento que não está Á  altura do utilizado pelas principais equipes, é considerado um dos três nomes mais reconhecidos do grid – e uma aposta certa para 2007, caso esteja em uma equipe Á  altura do seu potencial. Por exemplo, na corrida passada, no difÁ­cil traçado da Hungria, Di Grassi chegou a andar em quinto e talvez tivesse condições de subir ao pódio caso não tivesse abandonado. Em uma categoria na qual as grandes equipes têm orçamentos milionários – enquanto o time do brasileiro aperta o cinto e gasta apenas no que é absolutamente vital -, isso chega a ser desconcertante. Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos como, no caso da Fórmula 1, a Super Aguri andar na frente dos McLaren e Williams, o que evidentemente não acontece.

Por tudo isso, Lucas tem reforçado sua posição dentro do RDD. O programa para jovens talentos da Renault renova todos os anos seu grupo de contratados. Di Grassi faz parte do programa desde 2004 – e seu desempenho tem lhe garantido todos os anos a continuação no RDD. “Obviamente, minha meta é o sonho de todo piloto: chegar Á  Fórmula 1”, diz ele. “Mas para isso tenho que me manter no RDD. Eu sei que estou na categoria que é a ante-sala da Fórmula 1, mas sei também que ainda tenho que cumprir pelo menos mais um ano na GP2, em 2007, antes de aspirar estar numa boa equipe de Fórmula 1. Para isso, conto com o apoio do RDD. No ano que vem, já conhecerei as pistas e o carro da GP2, e espero disputar esta temporada com objetivos bem mais ambiciosos dos que a Renault me propÁ´s para 2006”.