GP2 Series: Lucas perdia 1 segundo por volta, e Glock admite ter carro mais veloz na temporada

Com a polarização da briga pelo tÁ­tulo entre o brasileiro e o alemão, todos, inclusive na F-1, procuram entender a grande briga do momento na categoria.

Com 13 etapas realizadas, o alemão Timo Glock lidera o Campeonato Mundial de Fórmula GP2 com 55 pontos, apenas um a mais do que brasileiro Lucas Di Grassi, membro do Renault Driver Development (RDD), programa de apoio a jovens talentos mantido pela Renault F1 Team. O duelo entre os dois tomou contornos de drama no fim de semana passado, quando Glock obteve a pole para a primeira prova da rodada dupla realizada na Hungria, e novamente prometia um passeio dominante pelos 4.381 metros da pista. No entanto, foi Lucas quem se impÁ´s, pulando da terceira posição para a ponta, em uma das largadas mais agressivas da história da GP2 – e uma das melhores de sua carreira. Na segunda corrida do fim de semana, outro duelo entre os lÁ­deres levantou as arquibancadas, quando Di Grassi defendia o quarto lugar dos constantes ataques de um ansioso Glock, até o carro do alemão quebrar. Naquela briga, chamou a atenção o fato de Lucas estar bem mais lento que os demais ponteiros: “Eu perdia um segundo por volta”, revelou ele depois da corrida, falando do problema de câmbio que o prejudicou na fase final da prova e o impediu de conquistar mais pontos – e a liderança do torneio. “Terminei a prova sem a 3ª, 4ª e 5ª marchas”.

O duelo entre Lucas e Glock vinha se delineando desde antes da primeira etapa do torneio, já que o alemão compete pela iSport, o time que domina tecnicamente a temporada 2007, enquanto Lucas defende a bicampeã mas já não tão brilhante ART. Em um desabafo publicado neste domingo no site Autosport.com, Glock revelou que foi tirado da corrida por um recorrente problema de câmbio e admitiu a superioridade técnica de seu equipamento: “Nós (a equipe iSport) temos todas estas poles e voltas mais rápidas, e contamos com carro melhor do que o dele (Lucas), mas ele continua pontuando enquanto eu não consigo devido Á  quebras”. Embora Glock tenha suas razões para reclamar, alguns erros cometidos pelo alemão denunciam que ele pode estar sentindo a crescente pressão imposta por Lucas e pela competitividade da GP2 em 2007.

Experiências distintas – Timo Glock é um piloto que já conta com uma considerável vivência em categorias de ponta do automobilismo internacional. Já em 2004 o alemão testava para a equipe Jordan de F-1, para a qual disputaria quatro GPs naquele ano. Em 2005, mudou-se para a Champ Cars, na qual se destacaria ao obter o oitavo lugar na tabela já em seu ano de estréia. No ano passado Glock retornou Á  GP2, competindo inicialmente pela BCN Competicion e, depois, pela iSport International, em uma campanha que já lhe renderia duas vitórias, cinco pódios e o quarto lugar na classificação geral. Por sua experiência, pelo desempenho em 2006 e pela evidente ascensão da iSport, todos na GP2 e na F-1 o viam como um forte favorito para o tÁ­tulo em 2007.

Lucas Di Grassi veio da F-3 para a GP2 em 2006, chegando Á  categoria depois de uma vitória tão espetacular quanto improvável no badalado e difÁ­cil GP de Macau – uma competição cobiçada pelos pilotos de carreira de todo o mundo. Naquele ano, o brasileiro competiu pela fraquÁ­ssima equipe Durango de GP2. Mesmo assim chamou a atenção com atuações que destoavam da capacidade de seu carro, o que lhe rendeu o contrato para competir pela ART. No entanto, na pré-temporada o time francês sofreu um baque com a morte de seu principal e ainda jovem engenheiro, Steeve Marcel (32 anos), e, depois, com um acidente que afastou o chefe de equipe Fréderic Vasseur da direção do time. O efeito imediato destas importantes ausências foi um declÁ­nio de performance que foi compensado pela inteligência e regularidade de Lucas até aqui: Di Grassi é o piloto que pontuou em mais etapas, deixando de marcar pontos apenas na segunda prova da rodada dupla do Bahrein, quando foi jogado para fora pelo austrÁ­aco Andréas Zuber.

A Fórmula 1 está de olho na briga do jovem brasileiro do RDD e do alemão Glock. Afinal, a GP2 já provou ser o mais difÁ­cil teste para quem sonha em chegar Á  categoria máxima. Basta lembrar o esforço que a nova estrela da McLaren, Lewis Hamilton teve que realizar para garantir o tÁ­tulo de 2006. Antes dele, o alemão Nico Rosberg – outro apontado como nova estrela da F-1, mas em 2006 – só viabilizou o tÁ­tulo no último evento do ano. Os dois antecederam Lucas na ART, em épocas mais brilhantes do time francês, mas ambos tiveram que suar a camisa para chegar ao tÁ­tulo. Na GP2 tem sido sempre assim.