GP2 Series: ‘Vamos precisar de uma revolução’, diz Lucas di Grassi

Com um carro totalmente desequilibrado, Lucas e sua nova equipe experimentam neste domingo (10) uma mudança radical no acerto. Na prova do sábado, brasileiro foi envolvido em acidente perigoso.

Como corrida, a primeira etapa do Campeonato Mundial de Fórmula GP2, em Barcelona, foi provavelmente a maior decepção da carreira do brasileiro Lucas Di Grassi. Muito veloz com o acerto de classificação, o jovem paulista de 24 anos viu sua tentativa de primeira vitória em 2009 escapar neste sábado (9) pela inadequação do ajuste utilizado na corrida – levando o piloto a ser prejudicado pelo consumo prematuro dos pneus que o obrigou a fazer um pit stop com três voltas de antecedência em relação aos demais competidores. Com o problema no acerto, o carro de Di Grassi, que perdeu a pole para Romain Grosjean por apenas 27 milésimos de segundo, chegou a ser um segundo mais lento que o Fórmula GP2 do francês vencedor da corrida, algo totalmente fora dos padrões para uma equipe de ponta da categoria.

“Para amanhã, vamos precisar de uma revolução, vamos ter que trabalhar muito e mudar bastante o acerto, pois estávamos completamente fora de ritmo durante a prova. Foi mesmo uma grande decepção”, comentou o brasileiro, que compete pela equipe Racing Engineering. “Mas estamos tranquilos, nós estamos apenas começando nosso trabalho. A temporada tem 19 corridas, e esta foi apenas a primeira”.

Na largada, Lucas partiu para cima do pole Romain Grosjean, tentando uma abertura do lado de dentro da curva. Mas, na freada, Grosjean cortou a trajetória do brasileiro com uma redução maior de velocidade, permitindo que o russo Vitaly Petrov e o francês Jerome D’Ambrosio assumissem a trajetória do lado de fora. Sem opção, Di Grassi ficou “encaixotado” entre Grosjean e D’Ambrosio, e acabou saindo da curva na quarta posição. “Perder as posições foi ruim, mas isso não foi o mais determinante na minha corrida. Eu sabia que poderia administrar a situação e tentar terminar no pódio. Mas o pior veio depois, já que com poucas voltas os pneus já estavam muito ruins, e aÁ­ meu carro passou a escorregar de lado em praticamente todas as curvas, saindo bastante de traseira”, conta Lucas, que este ano tem apoio da rede de revendas Eurobike e da metalúrgica Schioppa.

Diante das condições do carro, a equipe Racing Engineering chamou Lucas para o pit stop de troca de pneus. “Entrei três voltas antes dos demais, e só isso já mostra como meu acerto estava lixando os pneus. Mas não adiantou muito, pois algumas voltas mais tarde o carro estava instável de novo devido ao desgaste excessivo da borracha”, observou Lucas.

Uma constante na corrida foi a fila de carros que se formou atrás do brasileiro, já que Lucas tinha um ritmo de prova mais lento. “Na verdade, eu não tinha o que fazer. Fiquei ali tentando evitar que me passassem, mas sabia que no final da prova a situação iria ficar muito pior, pois a aderência piorava a cada volta”, conta Lucas.

Mas o brasileiro não teve oportunidade de provar a sua tese. Na 32ª das 39 voltas da prova, Di Grassi defendia o quinto lugar do venezuelano Pastor Maldonado, que vinha em uma corrida de recuperação. Os dois pilotos trocaram de posição, o que deu aos que estavam atrás a oportunidade de tentar uma manobra arriscada. O português Álvaro Parente foi um deles, mas perdeu o controle e atingiu o carro de Lucas. A roda dianteira esquerda do GP2 de Parente passou sobre a traseira direita do carro de Di Grassi, e isso fez o português ser lançado ao ar. Ao cair, já na área da brita, o carro de Parente aterrissou, de ponta-cabeça, sobre o GP2 de Lucas. “Uma das rodas bateu no meu capacete. Graças a Deus não aconteceu nada sério”, disse o brasileiro. Diego Nunes, outro paulista na corrida, também acabou sendo envolvido pela manobra do português, mas sem maiores implicações.