GT3 Brasil: ‘Troca de motor era missão impossÁ­vel’, afirma engenheiro do Lambo

Propulsor do Lamborghini superaqueceu na primeira prova da rodada dupla e impediu que Boni e Feldmann pontuassem. Equipe viveu momentos dramáticos no box.

O imprevisÁ­vel é um dos principais atores do automobilismo. Foi isso o que ficou claro para a dupla formada pelo paulista Paulo Bonifácio e o paranaense Alceu Feldmann, que viram a liderança do Brasil GT3 Championship literalmente evaporar no forte calor que dominou o autódromo de Goiânia neste final de semana. A dupla chegou ao circuito com vantagem de 13 pontos e viu a chance de tÁ­tulo antecipado chegar bem perto na sexta-feira quando o Lamborghini Gallardo de Xandy Negrão e Andréas Mattheis teve o motor estourado por superaquecimento no último treino livre da sexta-feira. Atordoados com a surpresa desagradável e potencialmente desastrosa para suas pretensões na temporada, os vice-lÁ­deres tiveram que pedir que seu outro carro, um Viper, fosse trazido urgentemente da sede da equipe em Petrópolis (RJ), a 1.400 quilÁ´metros de distância. Mesmo assim, Negrão e Mattheis teriam que trabalhar, a partir do zero, o acerto para o bólido substituto, enquanto os concorrentes já tinham pelo menos um dia inteiro de trabalho de dianteira.

Mas o jogo virou completamente durante as corridas. Após o excelente desempenho do Viper nas tomadas de tempo – Mattheis cravou a pole da primeira corrida -, a prova inicial viu o Lamborghini dos então lÁ­deres do campeonato abandonar pelo mesmo motivo que foi o carrasco do Lambo de seus rivais: superaquecimento e danos irreparáveis Á s peças internas do motor. A equipe de Feldmann e Boni entrou então em um trabalho frenético para tentar colocar o motor reserva, mas as dificuldades eram muitas: a nova unidade chegou recentemente da Europa ainda não está totalmente preparada para uma troca de emergência e seriam necessárias muitas instalações de sistemas e peças retiradas do motor danificado.

“Em condições normais, na fábrica, essa troca demora de oito a nove horas, um dia inteiro”, explicou Dirk Martin, engenheiro alemão da preparadora Reiter Engineering, que chefia os trabalhos na equipe de Boni e Feldmann. “Acho que se tivéssemos umas quatro horas inteiras conseguirÁ­amos fazer um bom trabalho, mesmo assim assumindo os riscos de fazer uma tarefa complicada na correria. No entanto, tÁ­nhamos duas horas a menos do que isso. Tentamos, mas logo percebemos que seria muito difÁ­cil – uma verdadeira missão impossÁ­vel”. No momento em que os carros saÁ­am para alinhar para a prova complementar do fim de semana, válida pela oitava etapa, a equipe chefiada pelo alemão Martin abortava a tentativa de instalar o motor. Na estimativa de todos, com somente mais 40 minutos de trabalho a tarefa seria cumprida. “Disso, nunca saberemos ao certo”, comentou um dos mecânicos.

Enquanto trabalhava sob pressão e grande responsabilidade, a equipe de Boni e Feldmann via se aproximar o horário da segunda largada (14h45). No paddock, o clima de dúvida sobre a possibilidade da troca de motores do Lambo aumentou a expectativa em relação Á  prova complementar da rodada. E, para aumentar o prejuÁ­zo da dupla que liderou o torneio desde o inÁ­cio da competição – em agosto, na pista de Tarumã -, a segunda corrida do dia foi vencida justamente pelo Viper de Xandy e Andréas.

Agora, o jogo havia virado, com a dupla vencedora das duas provas deste domingo passando a liderar a classificação por seis pontos de vantagem – e justamente agora, na fase final, quando falta apenas mais uma rodada dupla, dia 2 de dezembro, em Interlagos. “O que se pode fazer numa situação dessas?”, lamentou o engenheiro alemão. “Vamos trabalhar duro para nos prepararmos bem. Mas estamos confiantes. Temos um bom carro e uma dupla de pilotos bem equilibrada. Ainda vamos dar trabalho na briga por este tÁ­tulo”.

O surpreendente sucesso do Viper, que havia sido relegado Á  condição de carro reserva de Mattheis e Negrão, fez a nova dupla lÁ­der do torneio repensar o status de seus dois supercarros: “Vamos fazer um teste em Interlagos. Só então vamos decidir com qual dos dois carros iremos disputar a rodada dupla que decidirá o tÁ­tulo”, avisou Andréas Mattheis, com a experiência de quem também domina as funções de piloto de testes e chefe de equipe.