Histórias: Equipes Independentes – Parte 4

Conheça a história da equipe Rob Walker em sua passagem pela F-1:


Equipe Rob Walker:

Rob Walker herdou a fortuna da famÁ­lia do fabricante do famoso UÁ­sque Johnnie Walker, com a idade de três anos. Mas só pode de fato tomar posse do dinheiro quando completou a maioridade. Com dezessete anos começou a se envolver com as corridas de moto e carro. Correu em diversas provas até a Segunda Guerra Mundial interromper a sua curta carreira. Ele se juntou a Marinha Real como piloto de avião, combatendo até quase o fim do conflito em 1945. Walker voltou a competir vencendo pequenos eventos. Tornou-se chefe de equipe logo depois, comprando um Aston Martin DB2 e contratando Tony Rolt como piloto.


Walker comprou um Connaugth equipado com um motor Francis e inscreveu Tony Rolt para o GP da Inglaterra de 1953. O inglês largou em 10º, abandonando a corrida. Era a estréia da RRC Walker Racing Team na F-1. Nos dois anos seguintes a equipe compareceu apenas nas etapas inglesas. Mas em outros eventos a Rob Walker esteve sempre presente e além de Rolt jovens pilotos como Stirling Moss, Tony Brooks e Peter Collins pilotaram para o time. Em 1957 a equipe adquiriu um Cooper-Climax T43 e inscreveu o australiano Jack Brabham nos GPs da Inglaterra e Alemanha.

Na temporada de 1958 Rob Walker decidiu entrar em definitivo na F-1. Na primeira etapa do ano, GP da Argentina, a maioria das equipes não viajou para a América do Sul inclusive a Vanwall do inglês Stirling Moss. Walker ofereceu um dos seus Cooper para o piloto, que venceu a corrida depois de optar por uma estratégia diferente. Ele não parou nos boxes para trocar os pneus, cruzando a linha de chegada praticamente na lona. Foi a primeira vitória de uma equipe particular na F-1 e também a primeira de um carro com motor central. Na etapa seguinte Moss retornou a Vanwall e o francês Maurice Trintgnant assumiu o carro para o restante da temporada. Contando com o abandono dos principais concorrentes o francês venceu a segunda corrida consecutiva para a equipe. No restante da temporada Trintgnant conseguiu apenas mais um terceiro lugar, no GP da Alemanha. Outros pilotos com o alemão Wolfgang Seidel pilotaram para a equipe em alguns GPs.

Com a saÁ­da da Vanwall da F-1, Walker contratou Moss para toda a temporada de 1959. Trintignant continuava na equipe. Apenas no GP da Inglaterra Moss pilotou outro carro, o BRM, em que foi terceiro lugar. Com os novos Cooper T51 Stirling Moss conquistou duas vitórias no ano, nos GPs de Portugal e Itália, terminando em terceiro no mundial. Trintgant foi segundo no GP dos EUA, e sexto no mundial. O piloto oficial da Cooper, o australiano Jack Brabham foi o campeão da temporada.


 


A equipe começou o ano de 1960 com o Cooper T51, e apenas Moss como piloto. Na corrida seguinte GP de MÁ´naco, Walker estreou o Lotus 18, conquistando uma memorável vitória, a primeira de um modelo construÁ­do por Colin Chapman na F-1. Nos treinos de sexta-feira para o GP da Bélgica Moss se acidentou sofrendo diversas fraturas e ficando duas etapas fora. Este fim de semana foi um dos mais trágicos da historia da F-1, pois além do acidente de Moss, no mesmo dia o inglês Mike Taylor, num Cooper particular, também se acidentou gravemente, não retornando as pistas. E na corrida dois pilotos perderam a vida, os ingleses Alan Stacey (Lotus) e Chris Bristow (Cooper).  A equipe não colocou um substituto preferindo esperar o retorno do inglês, no GP de Portugal. Ele venceria também a última etapa do ano, o GP dos EUA, terminando o certame em terceiro, com 19 pontos, um a mais do que o piloto oficial da Lotus, o inglês Innes Ireland.  Na F-2 houve um fracassado plano de construir um carro próprio o Walker Special.


 


Moss venceu pela segunda vez nas ruas do principado de MÁ´naco, em 1961. Conquistou outra vitória no ano, no GP da Alemanha. Neste ano Walker se envolveu no projeto do Ferguson, carro de F-1 com tração nas quatro rodas. O modelo Ferguson P99 foi inscrito pela equipe para a disputa do GP da Inglaterra, com o inglês Jack Fairman largando em 20º. Depois que Fairman abandonou o GP, Moss que também havia abandonado com seu Lotus pegou o carro para voltar Á  disputa, sendo desclassificado porque empurraram o carro na saÁ­da dos boxes.


 


O ano de 1962 foi terrÁ­vel para Rob Walker. No inicio do ano Strling Moss sofreu um grave acidente em Goodwood, na disputa do Glover Trophy, um prova extra-campeonato, em que correu com um Lotus da equipe BRP. Era o fim da carreira do inglês, um dos mais completos pilotos da história da F-1, e que infelizmente nunca se sagrou campeão. O veterano francês Maurice Trintignant retornou então a equipe para a temporada. A equipe não apareceu em todas as etapas do mundial, não marcando nenhum ponto no campeonato. No final do ano o jovem mexicano Ricardo Rodriguez alugou um carro da equipe para a disputa do GP do México, prova extra oficial, que serviria para homologar o autódromo mexicano para a próxima temporada. Rodriguez bateu o carro na Peraltada e faleceu.


 


Depois de várias temporadas utilizando o chassi Lotus em 1964 a equipe passou a usar o Cooper, primeiro o modelo T60, substituÁ­do pelo T66 no meio do ano. O sueco Joakim Bonnier pilotou o carro conquistando seis pontos no mundial.


 


Bonnier continuou na equipe em 1964. O chassi Brabham BT11 com motor BRM foi o equipamento escolhido para a disputa do mundial. Os resultados continuaram fracos, Bonnier somou apenas três pontos. No GP dos EUA o suÁ­ço Joseph Siffert foi o terceiro, levando a equipe de novo ao pódio, depois de três anos. O austrÁ­aco Jochen Rindt estreou na F-1, no GP da Áustria, com um carro da equipe.


 


Dois Brabham foram inscritos para 1965. Um BT7, com motor Climax para Bonnier, que já o vinha usando desde o final de temporada passada e o BT11 com motor BRM para Siffert. Apenas o suÁ­ço conquistou pontos no mundial, cinco no total.


 


Apenas Siffert permaneceu na equipe em 1966. Depois da primeira etapa do ano, GP de MÁ´naco, o chassi Brabham foi trocado pelo Cooper T81, com motor Maserati de 3 litros, de acordo com o novo regulamento que entrava em vigor. Um quarto lugar, no GP dos EUA, foi o único bom resultado no ano.


 


A equipe mudou de nome em 1967, passando a se chamar oficialmente Rob Walker/Jack Durlacher Racing, devido a um acordo de patrocÁ­nio. Com o chassi Cooper-Maserati, Siffert se mantinha no time conquistando seis pontos no mundial, com dois quartos lugares.


 


Rob Walker conseguiu convencer Colin Chapman a fornecer um chassi Lotus 49, com motor Ford, para a temporada de 1968. E no GP da Inglaterra Joseph Siffert surpreendeu, vencendo a corrida, depois de contar com o azar do neozelandês Chris Amon, da Ferrari, que liderava a corrida com folga e abandonou. Foi a última vitória de uma equipe independente na F-1. Siffert marcou 12 pontos no certame.


 


Com o modelo Lotus 49B, Siffert conquistou 15 pontos no mundial de 1969. Foram dois pódios, um segundo na Holanda e um terceiro em MÁ´naco. No final do ano Siffert se transferiu para a equipe oficial da BRM.


 


O acordo com a Jack Durlacher acabou, sendo substituÁ­do por um com a Brooke Bond Oxo em 1970. O bicampeão mundial Graham Hill, que havia saÁ­do da equipe oficial da Lotus, foi contratado para guiar o 49B. O melhor resultado conquistado por Hill foi um quarto lugar no GP da Espanha. Foram sete pontos no mundial. No final do ano o acordo com a Brooke Bond Oxo foi estendido por três anos, mas Hill se transferiu para a Brabham. Walker decidiu então fechar a equipe. O GP do México foi o último disputado pela equipe.


 


Walker fechou um acordo com John Surtess, que havia montado equipe própria na F-1 para gerenciar um dos carros do time. O patrocÁ­nio passou para Surtees e Walker levou o inglês Mike Hailwood para a equipe. Hailwood conquistou bons resultados, como o segundo lugar no GP da Itália de 1972. No fim de 1973 o acordo com a Brooke Bond Oxo terminou. Hailwood foi para a McLaren, num terceiro carro patrocinado pela Yardley em 1974. No final daquele ano Haliwood deixou a F-1 e Rob Walker, depois de mias de 20 anos de envolvimento com as corridas, decidiu se dedicar ao jornalismo, como cronista da revista norte-americana Road & Track. Rob Walker teve um pequeno envolvimento como sócio da equipe de Harry Stiller, que em 1975 colocou em algumas etapas um Hesketh para o australiano Alan Jones. Depois disso ele e a esposa Betty passaram a viajar o mundo para acompanhar as corridas, até a década de noventa, quando Rob Walker começou a ter problemas de saúde, falecendo no dia 29 de abril de 2002.


 


A Rob Walker Racing Team disputou 120 GPs, com 9 vitórias, 10 pole-positions, 9 melhores voltas.