Kart: Brasil perde invencibilidade no Mundial de Kart GP

Chuva, problemas nos motores e falhas na organização marcaram a prova que teve Cláudio Mack, da Alemanha, conquistando o tÁ­tulo mundial.

 


Parecia inusitado em um paÁ­s com clima desértico uma tempestade, mas, aconteceu ontem em Dubai. Segundo os moradores da cidade há mais de dez anos que não se via um dia inteiro de forte chuva. Como não era esperada, nada na cidade estava preparado para isso e assim, o que se viu foi um caos geral na capital do Emirados Árabes. Ruas alagadas, goteiras em lojas e um trânsito caótico marcaram o sábado na paradisÁ­aca Dubai.


Como não poderia ser diferente o Kartódromo de Dubai também sofreu as conseqüências do temporal. A rede de escoamento de água estava entupida com areia e, assim, alguns pontos de alagamento no circuito suspenderam todas as atividades do dia de ontem.


Hoje, ao amanhecer, a realidade estava restabelecida e com clima quente e temperatura na casa dos 25º tiveram inÁ­cio as atividades, que foram redimensionadas para serem realizadas em apenas um dia.


Apesar de estarem previstas cinco sessões de treinos livres anteriormente, apenas três delas aconteceram hoje, o que impossibilitou todos os competidores de fazerem seus ajustes e testarem algumas configurações diferentes para os karts. Assim, a decisão tomada por toda a delegação brasileira foi a de conhecer melhor o traçado e tentar se adaptar ao conjunto (Chassis, motor e pneus) fornecido pelos organizadores, sem sequer testar outros ajustes.


Da delegação brasileira, quem melhor se adaptou a este kart foi Alain Sisdeli que conseguiu ser bastante rápido nos treinos livres e, na tomada de tempos, ocupou a segunda posição com o tempo de 58s532, contra 58s353 do inglês Keiran Brookfield, o pole-position. Lucas Finger ocupou a quarta posição, João Gonçalves ficou em sétimo e Fernando Leme foi o nono. Dos demais brasileiro, Carlos Marcelino foi o 24º, Nicholas Henrique o 25º, Nathan Oliveira o 28º, Danilo Scussolino o 34º, CaÁ­to Viana o 36º, Andréia Octaviano a 37ª e, por fim, Edison Silva, o 47º.


Feitas as tomadas de tempo, assim como no mundial de kart dois tempos, foram criados três grupos que fizeram provas classificatórias entre si no formato AxB, BxC e AxC. Após estas provas foi feita a soma da pontuação dos pilotos para alcançar o grid de largada das provas final e pré-final. Estiveram garantidos na pré-final os 28 melhores classificados. Os demais pilotos partiram para uma prova de repescagem onde os seis melhores teriam o direito de também participar da pré-final.


Na primeira classificatória, AxB, João Gonçalves havia largou muito bem e entrou na disputa pelas primeiras posições com o inglês Keiran Brookfield e o alemão Cláudio Mack. Enquanto isso, Lucas Finger e Alain Sisdeli faziam bela prova em busca das primeiras posições. A prova terminou com vitória de Brookfield com o alemão em segundo e João em terceiro. Finger foi o quinto e Sisdeli o 6º.


Na prova seguinte, AxC, mais uma vez a chuva veio para atrapalhar e quase todos os motores começaram a apresentar problemas. Assim, os brasileiros pareciam se arrastar na pista e a melhor classificação ficou com Andréia Octaviano no 12º posto.


Na última prova classificatória, BxC, a pista já havia secado e, largando da pole-position Alain Sisdeli fez uma bela prova e chegou na segunda posição, atrás do australiano Richard Mcleod.


Como os regulamentos da CIK/FIA apenas permitem a presença de 34 karts na pista e 51 pilotos participavam da prova, foi feita a somatória dos pontos das provas classificatórias das quais os 28 melhores garantiram uma vaga na pré-final. Os demais competidores partiram então em busca das seis vagas restantes em uma prova de repescagem. CaÁ­to Viana largou da 29ª posição, ou seja, pole-position. Nathan Oliveira foi o 34º, Nicholas Henrique o 40º, Danilo Scussolino o 45º e Edison Silva o 45º. Na prova, buscando poupar o equipamento ao máximo, CaÁ­to chegou em segundo e Nathan em terceiro. Os demais brasileiros na repescagem não conseguiram um lugar na pré-final.


A prova da Pré-final começou bem para os brasileiros. Largando muito bem Alain saiu da quarta posição para já na segunda curva ocupar a liderança da prova. Mas, muito pressionado pelos concorrentes, ele achou por bem não arriscar o equipamento e se manter em uma boa condição para a prova final. Ele chegou na quinta posição.  João Gonçalves, que havia largado da 21ª posição, fazia uma bela prova de recuperação e já era o oitavo colocado quando em um toque caiu várias posições e terminou apenas na 25ª posição. Os destaques foram Nathan Oliveira, que vindo da repescagem que lhe garantiu largar na 31ª posição ele chegou em 16º e Fernando Leme que saiu de 23º e chegou em 13º, marcando também a melhor volta da prova.


Na prova final, apesar de estar animado com sua performance, Alain Sisdeli viu suas chances de conquistar o tÁ­tulo se esvaÁ­rem em um toque do francês Wilfried Martins que o fez perder muitas posições. O grande nome da prova foi o do alemão Cláudio Mack que, após ter uma participação apenas mediana nas classificatórias e na pré-final veio determinado na última prova e a sete voltas para o final assumiu a liderança para não mais perdê-la até a bandeirada e a conquista do tÁ­tulo. Wilfried Martins da França ficou com o vice-campeonato e Keiran Brookfield, da Inglaterra, terminou em terceiro. Dos brasileiros, o destaque mais uma vez foi Fernando Leme, que saiu da 13ª posição para terminar no sexto lugar geral do Campeonato. João Gonçalves também esteve bem na prova final e após largar da 25ª marca recebeu a bandeirada em 11º. Lucas Finger foi o 13º, Alain Sisdeli o 15º, Carlos Marcelino o 22º, CaÁ­to Viana o 27º, Nathan Oliveira o 30º e Andréia Octaviano a 33ª colocada na prova. 


Com a melhor colocação entre os onze pilotos brasileiros que disputaram a prova Fernando Leme definiu como boa sua atuação na prova. “Com o problema da chuva e dos motores acabamos perdendo a possibilidade de realizar vários testes e tivemos que sair meio no escuro para as provas. Foi legal e válido como experiência e fiz o que foi possÁ­vel para vir para frente. Infelizmente dessa vez voltamos sem o tÁ­tulo”.


Paulo Breim, representante da marca Biland no Brasil e manager da categoria em território nacional não ficou satisfeito com a prova. “Fomos muito prejudicados pelos problemas que aconteceram. O kartódromo, apesar de muito bonito, não estava preparado para a grande chuva que tivemos ontem e apresentou vários pontos de alagamento. Por outro lado, no único treino que conseguimos fazer na chuva, praticamente todos os motores apresentaram problemas demonstrando que também existiam falhas nos propulsores suÁ­ços. Para piorar a situação, após cancelar todas as atividades do sábado e reajustar os horários para o domingo, as autoridades da prova se perderam e geraram atrasos maiores ainda fazendo com que a prova final só tivesse sua largada por volta das seis e meia da tarde. Foi uma pena, pois tÁ­nhamos uma grande delegação, com mais de três pilotos com reais chances de vitória e tivemos que nos contentar com apenas o sexto lugar conseguido por Fernando Leme”.


Paulo Breim revelou ainda que está pleiteando junto a Biland a realização do Mundial 2007 no Brasil. “Estamos negociando com os suÁ­ços para ver se conseguimos mais esta importante vitória para o Brasil. Se conseguirmos, partiremos então em busca de patrocÁ­nio para viabilizar a realização da prova”, finalizou.