Moto: Chofard e Scudeler vencem etapas finais do Brasileiro de Superbike em Interlagos

Resultados da sexta e última rodada dupla confirma invencibilidade do Team Scud Petrobras na temporada 2008 da principal categoria do paÁ­s.

As provas da sexta e última rodada dupla, disputadas neste sábado (15) no Autódromo Municipal José Carlos Pace, no bairro paulistano de Interlagos, confirmaram a invencibilidade do Team Scud Petrobras na temporada 2008 da categoria Superbike no Campeonato Brasileiro de Motovelocidade. Diante de um dos públicos mais numerosos do ano, os paulistas Pierre Chofard e Gilson Scudeler comemoraram as vitórias nas duas baterias.


Scudeler, campeão antecipado, chegou a Interlagos defendendo a própria invencibilidade, já que tinha vencido todas as 10 baterias disputadas até então. As chances de atingir sua meta eram consideráveis, uma vez que, na sexta-feira (14), conquistou sua terceira pole-position no ano. Dada a largada, manteve-se Á  frente, com o parceiro Chofard em segundo. Contudo, um acidente na segunda volta da corrida, na curva do Bico de Pato, mudou a seqüência dos fatos.


Com quatro pilotos envolvidos no acidente, a corrida foi interrompida com o acionamento da bandeira vermelha, para que as equipes de socorro e resgate pudessem desempenhar todo o trabalho necessário. No momento da relargada, a pretensão de vitória de Scudeler esbarrou no acendimento de uma luz azul no painel de sua moto. “Eu esperava a luz vermelha se apagar no semáforo. Quando a luz do painel acendeu, por reflexo, eu larguei”, contou.


O heptacampeão brasileiro admitiu seu erro. “O piloto fica extremamente concentrado no momento de uma largada, ou de uma relargada, como foi o caso. Se passar um passarinho voando perto da moto, ele sai acelerando”, exemplificou, em tom de bom-humor. “Quando vi a luz azul brilhar no painel, acelerei como que por instinto. AÁ­, vi que as luzes do semáforo ainda estavam vermelhas, fiquei numa indecisão tremenda.Quando todos largaram, caÁ­ para oitavo”, descreveu.


Além da perda de posições, Scudeler foi punido com um stop & go por ter movido sua moto antes da autorização da direção de prova e caiu para o fim do pelotão. Em corrida de recuperação, cruzou a linha de chegada após 17 voltas na oitava posição. “Eu vim recuperando posições andando num ritmo igual ao dos lÁ­deres, talvez até mais forte. Fiz uma boa corrida, infelizmente errei na relargada, é algo que pode acontecer, mas fiquei satisfeito”, resumiu.


O problema que tirou Scudeler da disputa pela vitória foi percebido pelo parceiro de time Chofard. “Eu tinha a expectativa de fazer uma boa corrida, mas não esperava vencer. Quando vi que o Gilsinho tinha queimado a largada, sabia que a missão de vencer era minha”, contou o paulista, duas vezes vice-campeão da Superbike. Em poucas voltas, assumiu a liderança a corrida, superando Danilo Andric, que comandava o pelotão desde a largada.


Uma vez lÁ­der, Chofard passou a abrir vantagem. Chegou a estar mais de oito segundos Á  frente. “Foi quando tive que diminuir o ritmo. O calor estava forte demais, os pneus estavam se desgastando rapidamente e eu estava perdendo a aderência”, explicou. “Assumi um cuidado extra para ultrapassar os retardatários, foi ótimo vencer. Agora, é pensar em 2009, vou negociar para o ano todo”, disse o piloto, que não participou de todas as corridas desta temporada.


Na segunda bateria, Scudeler largou em oitavo – o grid reproduziu, como manda o regulamento, o resultado final da primeira prova do dia. Submetendo-se a um ritmo forte, assumiu a liderança na sexta volta. “Andei muito forte no começo, isso me fez sentir o desgaste na metade da corrida. Tive, inclusive, uma sensação que nunca havia tido em toda a minha carreira, eu não via a hora da prova chegar ao fim, foi a primeira vez que isso me aconteceu”, revelou.


O desgaste excessivo manifestado pelo piloto paulista é conseqüência do acidente que sofreu durante um treino na pista paranaense de Cascavel, no dia 11 de outubro, que lhe causou uma contusão no ombro e o fez perder parte do dedo mÁ­nimo da mão esquerda. “Eu realmente senti o desgaste, até porque ainda estou buscando uma posição ideal de pilotagem na moto, a falta do dedo me obriga a isso. Tive que assumir uma pilotagem muito técnica nas voltas finais”.


A necessidade de Scudeler de readequar seu trabalho em pista decorreu, também, do desgaste dos pneus e do superaquecimento do motor de sua moto. “O calor castigou muito os equipamentos. Minha moto chegou a trabalhar com 120 graus, quando o limite é de 104 ou 105. Graças a Deus, consegui terminar a prova e comemorar mais uma vitória, eu tinha muita vontade, mesmo, de terminar o ano vencendo em Interlagos, diante de todo esse público”, disse.


Chofard, que largou da pole-position por ter vencido a primeira prova do dia, também enfrentou problemas com a temperatura. “Minha moto também foi a 120 graus, começou a ferver, eu diminuÁ­ o ritmo para tentar baixar a temperatura e acabei desistindo da corrida. Preferi encostar nos boxes para não correr o risco de travar o motor da moto”, justificou o paulista, que mesmo sem participar de todas as provas terminou a temporada na sétima posição.


Scudeler, campeão, reforçou seus agradecimentos em Interlagos. “O tÁ­tulo não é só meu, é um prêmio pelo trabalho de toda a equipe, é uma conquista de toda a nossa estrutura. É uma conquista que eu também atribuo Á  organização do Brasileiro, porque o evento está crescendo cada vez mais e o grande público que tivemos hoje em Interlagos é uma mostra do excelente trabalho que os promotores estão fazendo”, declarou o piloto aos jornalistas.


O gaúcho Robson Portaluppi, outro piloto do Team Scud Petrobras, ficou em sétimo lugar na primeira prova e não marcou pontos na última. Foi quinto na pontuação final do campeonato. Scudeler e o mineiro Philippe Braga Thiriet foram os únicos pilotos que marcaram pontos em todas as 12 baterias. Assim, foram também os únicos que tiveram suas pontuações finais alteradas pela regra que determina o descarte do resultado de uma corrida por piloto.


Os pilotos do Team Scud Petrobras têm em suas motos CBR 1000RR as logomarcas de Petrobras, Podium, Honda, GP Lubrax, Shark, Leo Vince, Arlen Ness, TCX, Afam, Puig, Samacar, Ferodo, Braking, Luna e Calfin. Na etapa final deste sábado, em Interlagos, o resultado final das duas provas da Superbike foram os seguintes:
 
Primeira bateira, 17 voltas
1º) Pierre Chofard (SP/Honda), 29min01s443
2º) Murilo Colatrelli (SP/Suzuki), a 5s513
3º) Bruno Corano (SP/Suzuki), a 7s736
4º) Cristiano Vieira (GO/Honda), a 8s333
5º) Pablo Martins (SP/Honda), a 9s037
6º) Danilo Andric (SP/Yamaha), a 18s773
7º) Robson Portaluppi (RS/Honda), a 34s191
8º) Gilson Scudeler (SP/Honda), a 36s137
9º) Philippe Thiriet (MG/Honda), a 42s129
10º) Leandro Panades (SP/Suzuki), a 42s184
11º) Joel Felipe Soares (SP/Yamaha), a 56s119
12º) Marco Brunherotto (SP/Yamaha), a 1min03s625
13º) Daniel Gurgel de Mendonça (SP/Honda), a 1min08s450
14º) Rodrigo de Benedictis (SP/Suzuki), a 1min16s987
15º) MaurÁ­cio Paludette (SP/Suzuki), a 1min26s251
 
Segunda bateria, 17 voltas
1º) Gilson Scudeler (SP/Honda), 29min00s324
2º) Murilo Colatrelli (SP/Suzuki), a 4s982
3º) Cristiano Vieira (GO/Honda), a 6s615
4º) Pablo Martins (SP/Honda), a 6s717
5º) Bruno Corano (SP/Suzuki), a 7s726
6º) Danilo Andric (SP/Yamaha), a 11s951
7º) Leandro Panades (SP/Suzuki), a 39s182
8º) Ricardo Simohara (SP/Suzuki), a 42s269
9º) Philippe Thiriet (MG/Honda), a 45s869
10º) Daniel Gurgel de Mendonça (SP/Honda), a 57s801
11º) Marco Brunherotto (SP/Yamaha), a 1min00s764
12º) Sarin Carlesso (RS/Suzuki), a 1min20s619
13º) Rodrigo de Benedictis (SP/Suzuki), a 1min20s883
14º) MaurÁ­cio Paludette (SP/Suzuki), a 1min27s079
15º) Elton Rodrigues (SP/Suzuki), 1min28s473
 
Cumpridas as 12 etapas, considerado o descarte obrigatório de um resultado por piloto, os 10 melhores no Brasileiro de Superbike de 2008 foram: 1º) Gilson Scudeler, 275 pontos (286 brutos); 2º) Danilo Andric, 183; 3º) Murilo Colatrelli, 145; 4º) Cristiano Vieira, 143; 5º) Robson Portaluppi, 122; 6º) Bruno Corano, 121; 7º) Pierre Chofard, 107; 8º) Philippe Braga Thiriet, 87 (90); 9º) José LuÁ­s Teixeira, 68; 10º) Ricardo Simohara, 63.