Papo de Box: Jovens e policiais, por Oscar Sajovic

Eu havia entrado na Faculdade de Engenharia sem muita dificuldade, nem havia feito cursinho, mas tivera uma surpresa desagradável. Esperava encontrar matérias técnicas e só encontrara “Matemática”. Detestava Matemática.


Estava em compasso de espera, sem saber que rumo tomar enquanto acumulava dependências.
Nessa época fomos assistir a uma corrida em Interlagos, levados pelo Marquinho Maringá, um dos poucos colegas que tinha carro.

Junto conosco foi o Wilsinho Mizocami e o Marco de Cianorte.


Foi um fim de semana com várias corridas, F Ford; Divisão 1 (Marcas e Pilotos), classe A e B; Divisão 3; Divisão 4; e o Festival Maverick.


Depois desse fim de semana, comecei a pensar em abandonar a escola e partir para as corridas.


Encontrei firmeza no Pai do Wilsinho Mizocami.


O Velho tinha uma oficina e mandou Eu providenciar os tubos que Ele cobraria apenas a solda, para fazer o Santo Antonio.


Comprei alguns tubos no ferro velho e levei lá na Oficina dele.


Mas não poderia montar o Santo Antonio no carro, para que Papai não visse.


Não haveria explicação e Ele não queria nem ouvir falar de corridas.


Papai havia comprado uma BrasÁ­lia nova e havia deixado o Fuscão 1500 para que Eu fosse acompanhar o serviço na fazenda, enquanto Ele viajava para a outra fazenda.


O carro não era meu, Ele falava, mas para você trabalhar.


Isso não me incomodava, desde que Eu estivesse guiando, tudo estava bem.


Eu gostava muito dele, guiar era uma maneira de ajudá-lo.


Aos 12 anos guiava 600 km para Ele, quando saiamos da fazenda lá em MT, até o Rio Paraná.


Conversando com os Colegas de Faculdade, todos tinham alguma orientação para dar.


Du Pintinha, já tinha um Kart, que havia comprado em um ferro velho.


Tinha só três rodas e Ele dizia que havia perdido em um acidente.


Boy 70 dizia que havia feito um Curso de Pilotagem e procurava me orientar como deveria proceder, na pista.


Tinha vários Amigos de Infância que recentemente haviam entrado para a PolÁ­cia Militar.


Os Colegas me diziam que Eu deveria treinar muito, e mesmo assim iria andar em último.


 


Conversando com os Amigos que eram Policiais, Eles me falaram que poderiam me ajudar a treinar na rua, de madrugada, quando não havia ninguém andando pela Cidade.


Mas isso deveria ser segredo, senão Eles seriam punidos, se vazasse a história.


Nessa época sempre tirávamos racha, mas nas Rodovias, para não colocar ninguém em perigo.


Um dos Amigos, certa vez se atrasou muito para frear e acabou atravessando a Rondom no cruzamento com a Bauru Ipauçu, de ré, ao perder o controle de seu Chevette.


Hoje Ele é Delegado e aperta a Meninada que cai em suas mãos lá no Detran.


Mas naquela época Ele barbarizava.


Nas estradas não havia curvas e acertamos com os Policiais que treinarÁ­amos no sábado lá pelas 2 da madrugada.


Conforme combinado, Eu estava lá, no horário.


Mas os Policiais, nem notÁ­cia havia.


Fiquei esperando um pouco e como Eles não apareciam, resolvi me virar sozinho.


Eles segurariam o trânsito, se houvesse; nas ruas preferenciais que Eu cruzaria.


Mas havia outras que eram preferenciais e não haveria problema.


Ao menos nessas Eu teria a satisfação de andar.


E fui me virar sozinho.


Virar da Araújo Leite para a Sete de Setembro era uma delÁ­cia.


O carro vinha apoiado no batente da suspensão, balançando, transmitindo a irregularidade do piso para o carro, saindo de traseira, no limite, e era necessário vir trabalhando a direção, contra esterçando, Á s vezes um pouco mais, as vezes um pouco menos para não perder o controle.


Vinha derrapando nas 4 rodas e fazendo um barulhão, dos pneus radiais atritando com o asfalto.


Abria para aumentar o raio de giro da curva, até quase encostar as rodas na guia externa na entrada da curva, tangenciava passando muito próximo a guia interna e deixava o carro escapar, indo novamente próximo a guia externa.


Se descuidasse um pouco que fosse ia roda, pneus, câmara de ar e suspensão para o vinagre. Até o eixo poderia entortar se pegasse a guia.


Mas era uma delÁ­cia.


Da XV de novembro para a Antonio Alves, era melhor ainda. A Antonio Alves era bem mais larga e a velocidade poderia ser maior.


 


Que carnaval, só para dar uma treinadinha.


Acontecera um acidente, por isso havia tantos Policiais ali.


O Cunhado do Investigador que me pusera a arma na boca, depois de tomar todas e mais algumas, totalmente embriagado, enfiara o seu Fusca, embaixo de uma C14 que estava estacionada.


Era um problema conjugal.


Ele bebia porque desconfiava da Esposa.


E sobrara para mim.


Grossa ainda.


A coisa ficara pior porque o Marido saira do carro e se dizia ser um passarinho.


Com os polegares enfiados embaixo das axÁ­las, agitando os braços, Ele ficava correndo e balançando as “asas.


Dr Venâncio conseguiu amenizar a encrenca e me dispensou, mas o carro de corridas foi parar no pátio da Delegacia.


E no dia seguinte tive que ir com Papai e Mamãe lá.


Passei um vexame danado.


Imagino Papai e Mamãe.


Esses dias Ela esteve em casa e comentou a passagem pela primeira vez.


Contou tudo de novo e se divertiu contando.


Ela já passou dos 80 e foi uma Advogada criminalista respeitada.


Dr Venâncio mandou outro Delegado me passar um sabão lá na Delegacia.


Algum tempo depois Ele mesmo me disse.


Caprichei na conversa e o Delegado acabou dando a coisa por encerrada.


Mas me ameaçou muito, com um processo.


Acho que é por isso que a Justiça desse PaÁ­s não anda.


Que me apertassem, educadamente, o quanto quisessem.


Eu os respeitaria mais ainda.


Tive que ir retirar o carro no pátio da Delegacia após pagar um saco de multas.


Depois disso, resolvi que deveria correr mesmo.


Nunca mais iria largar disso.


Ainda estou na ativa, graças á Deus.


Ia me esquecendo.


Os Policiais que ficaram de me auxiliar no treino, foram chamados para dar reforço em um assalto em uma fazenda lá perto da HÁ­pica e não conseguiram me avisar.


Não puderam.


Um deles foi baleado e teve uma perna fraturada.


Mas prenderam os ladrões.


Hoje estão todos aposentados.


Continuam ainda meus Amigos.


Um deles morreu em um tiroteio com marginais.


Fica aqui minha homenagem a todos Eles.


Especialmente a esse Amigo que deu a vida no cumprimento do dever.

Na esquina da Sete com a Araujo havia um Turco que implicava com qquer coisa que visse.
E Ele já era meu conhecido. Sempre que Eu virava rápido alÁ­, Ele ficava me xingando.
Comecei a fazer o traçado que haviamos planejado e fui esquentando.
Procurando andar mais rápido a cada curva.
A coisa estava ficando boa e caprichei na esquina da Araujo com a Sete.
Vim com o carro em uma derrapagem controlada que dava gosto de ver.
Certinho, pensei; tem que ser assim desse jeito mesmo.
Vou arrebentar lá em Interlagos.
Do meio p/ o fim da curva, enchi o pé no acelerador.
Mas, puxa ainda me lembro do susto que tomei.
Vi a rua bloqueada por viaturas Policiais, com os giroflex acesos.
Havia uma porção delas.
E Policiais por todos os lados.
Que se assustaram e sairam correndo do meio da rua.
Alguns pularam p/ dentro dos jardins de residências que tinham o muro baixo.
O Delegado subiu e ficou em cima do muro.
Mas não sobrou nenhum na rua. Ninguém.
O único pensamento que me veio, além de frear e parar bem rápido o carro, foi; zebrou.
Parei encostando carro na sargeta.
Coalhou de Policiais, em volta do carro, todos falando alto e bravos.
Alguns de arma na mão.
Era um tempo de repressão dura aquele e os Policiais costumavam exagerar, amparados pela Lei.
Um Investigador mais exasperado, empunhando um revolver, e apontando-o p/ mim abriu a porta do carro, com a outra mão e gritando dava ordens p/ que Eu saisse do carro.
Não demorei nada nada, p/ atende-Lo.
Mas era acostumado a manusear armas e não tinha muito medo delas.
Lá onde Papai tinha Fda, no MT, todo mundo andava armado e não custava nada p/ matarem alguém.
Aos 7 anos Papai havia me presenteado com um Smith & Wesson calibre 32, cromado com cabo de madrepérola; que havia ganhado de meu AvÁ´, e havia me ensinado a atirar.
Haviamos gasto várias caixas de munição, até que Eu consegui “aprumar” a mira.
Aos 14 anos Papai me presenteara com outra arma, um Taurus 357 TA.
Eu havia treinado tanto que costumava comer perdizes caçadas com essa arma.

O investigador me pegou pelo braço e me jogou contra a parede, me xingando de Moleque irresponsável e enfiou o cano da arma dele na minha boca.
Lembro me de ter sentido na lÁ­ngua o gosto desagradável da pólvora, no cano da arma.
O Sujeito me xingou bastante e terminou dizendo que iria me dar um tiro na boca.
Eu respondi alguma coisa que Ele não entendeu.
Devido ao cano da arma estar dentro da minha boca, Eu não conseguira pronunciar bem as palavras.
Curioso, Ele retirou o cano da arma e perguntou o que Eu havia falado.
Papai e meus AvÁ´s, haviam me ensinado que um Homem não pode demonstrar o mêdo.
VovÁ´ Benjamim havia lutado na 1ª Guerra Mundial, como Voluntário, tendo recebido a Cruz de Ferro, por HeroÁ­smo em Combate. Ele fora ferido diversas vezes.
AvÁ´ João viera da Europa como refugiado PolÁ­tico, junto com meu BizavÁ´ Andrei e era um Homem de muita coragem.
Papai havia se alistado p/ lutar na 2ª Guerra, mas ela acabara antes dele embarcar.
Eles eram meus Heróis e o que mandassem Eu fazer, com toda certeza Eu faria, sem o menor receio.
Eu falei de novo p/ Ele ouvir.
Atire logo.
E fiquei olhando-o nos olhos.
Após aguns segundos, processando o que ouvira, Ele começou a gritar e me xingar e levantou a arma p/ bater na minha cabeça.
Mas foi contido por Dr Venâncio, o Delegado; que ainda ficou bravo com Ele.
Dr Venâncio era Pai do Venâncinho, Colega de Escola e gostava muito de conversar comigo, qdo Eu ia na casa dele.
Ele me puxou p/ longe de todo mundo e mandou Eu ficar bem quieto, que Ele iria tentar arrumar a situação.
O Investigador andava de um lado p/ outro, proferindo impropérios e me olhando de canto de olho.
Eu pensava, puxa; que carnaval fui armar.
Onde será que estavam meus Amigos Policiais?
O Turco, apareceu e começou a gritar p/ os PolÁ­ciais me levarem preso, que Eu era um perigo p/ a População, que punha em risco a Cidade e não parava de falar.

Na esquina da Sete com a Araujo havia um Turco que implicava com qquer coisa que visse.
E Ele já era meu conhecido. Sempre que Eu virava rápido alÁ­, Ele ficava me xingando.
Comecei a fazer o traçado que haviamos planejado e fui esquentando.
Procurando andar mais rápido a cada curva.
A coisa estava ficando boa e caprichei na esquina da Araujo com a Sete.
Vim com o carro em uma derrapagem controlada que dava gosto de ver.
Certinho, pensei; tem que ser assim desse jeito mesmo.
Vou arrebentar lá em Interlagos.
Do meio p/ o fim da curva, enchi o pé no acelerador.
Mas, puxa ainda me lembro do susto que tomei.
Vi a rua bloqueada por viaturas Policiais, com os giroflex acesos.
Havia uma porção delas.
E Policiais por todos os lados.
Que se assustaram e sairam correndo do meio da rua.
Alguns pularam p/ dentro dos jardins de residências que tinham o muro baixo.
O Delegado subiu e ficou em cima do muro.
Mas não sobrou nenhum na rua. Ninguém.
O único pensamento que me veio, além de frear e parar bem rápido o carro, foi; zebrou.
Parei encostando carro na sargeta.
Coalhou de Policiais, em volta do carro, todos falando alto e bravos.
Alguns de arma na mão.
Era um tempo de repressão dura aquele e os Policiais costumavam exagerar, amparados pela Lei.
Um Investigador mais exasperado, empunhando um revolver, e apontando-o p/ mim abriu a porta do carro, com a outra mão e gritando dava ordens p/ que Eu saisse do carro.
Não demorei nada nada, p/ atende-Lo.
Mas era acostumado a manusear armas e não tinha muito medo delas.
Lá onde Papai tinha Fda, no MT, todo mundo andava armado e não custava nada p/ matarem alguém.
Aos 7 anos Papai havia me presenteado com um Smith & Wesson calibre 32, cromado com cabo de madrepérola; que havia ganhado de meu AvÁ´, e havia me ensinado a atirar.
Haviamos gasto várias caixas de munição, até que Eu consegui “aprumar” a mira.
Aos 14 anos Papai me presenteara com outra arma, um Taurus 357 TA.
Eu havia treinado tanto que costumava comer perdizes caçadas com essa arma.

O investigador me pegou pelo braço e me jogou contra a parede, me xingando de Moleque irresponsável e enfiou o cano da arma dele na minha boca.
Lembro me de ter sentido na lÁ­ngua o gosto desagradável da pólvora, no cano da arma.
O Sujeito me xingou bastante e terminou dizendo que iria me dar um tiro na boca.
Eu respondi alguma coisa que Ele não entendeu.
Devido ao cano da arma estar dentro da minha boca, Eu não conseguira pronunciar bem as palavras.
Curioso, Ele retirou o cano da arma e perguntou o que Eu havia falado.
Papai e meus AvÁ´s, haviam me ensinado que um Homem não pode demonstrar o mêdo.
VovÁ´ Benjamim havia lutado na 1ª Guerra Mundial, como Voluntário, tendo recebido a Cruz de Ferro, por HeroÁ­smo em Combate. Ele fora ferido diversas vezes.
AvÁ´ João viera da Europa como refugiado PolÁ­tico, junto com meu BizavÁ´ Andrei e era um Homem de muita coragem.
Papai havia se alistado p/ lutar na 2ª Guerra, mas ela acabara antes dele embarcar.
Eles eram meus Heróis e o que mandassem Eu fazer, com toda certeza Eu faria, sem o menor receio.
Eu falei de novo p/ Ele ouvir.
Atire logo.
E fiquei olhando-o nos olhos.
Após aguns segundos, processando o que ouvira, Ele começou a gritar e me xingar e levantou a arma p/ bater na minha cabeça.
Mas foi contido por Dr Venâncio, o Delegado; que ainda ficou bravo com Ele.
Dr Venâncio era Pai do Venâncinho, Colega de Escola e gostava muito de conversar comigo, qdo Eu ia na casa dele.
Ele me puxou p/ longe de todo mundo e mandou Eu ficar bem quieto, que Ele iria tentar arrumar a situação.
O Investigador andava de um lado p/ outro, proferindo impropérios e me olhando de canto de olho.
Eu pensava, puxa; que carnaval fui armar.
Onde será que estavam meus Amigos Policiais?
O Turco, apareceu e começou a gritar p/ os PolÁ­ciais me levarem preso, que Eu era um perigo p/ a População, que punha em risco a Cidade e não parava de falar.



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