Valtra Dakar Eco Team será a primeira equipe na história do Rally Dakar a competir usando o etanol como combustÁvel. Largada será hoje (1º), em Buenos Aires.
Por volta das 17h20 desta sexta-feira (1º), o Mitsubishi Pajero Sport Flex do Valtra Dakar Eco Team fará sua largada para a 32ª edição do Rally Dakar, a mais famosa, tradicional e perigosa competição off-road do planeta. Pela segunda vez, o Dakar acontece na América do Sul e será também a 22ª participação de Klever Kolberg no rally.
Kolberg, que correrá ao lado do navegador Giovanni Godoi, é um pioneiro no Dakar. Sua primeira participação, em 1988, foi a estréia brasileira na competição – ao lado de outros pilotos inscritos. E 2010 começa com um gosto especial. Será a primeira vez que um carro movido a etanol disputará o rally, com tecnologia 100% nacional – carro construÁdo e preparado no Brasil e combustÁvel brasileiro.
“O pessoal aqui na Argentina tem ficado interessado no nosso projeto, elogiaram bastante a idéia”, afirmou Kolberg. “A organização não deu nenhuma moleza para a gente”, disse o piloto, que correrá na categoria Experimental, para veÁculos movidos a combustÁveis provenientes de fontes de energia renováveis e ecológicas.
O Mitsubishi Pajero Sport Flex tem despertado a atenção dos outros envolvidos no rally, sejam pilotos, navegadores ou membros de outras equipes. “Eles ficam interessados, perguntam sobre detalhes, querem andar no carro… Isso desperta bastante curiosidade, já que é uma tecnologia ‘invisÁvel’: são apenas algumas peças diferentes, o combustÁvel e a parte eletrÁ´nica. Por fora, é um carro como outro qualquer”, detalhou.
“Muitos me perguntam como farei para abastecer o carro, já que não há etanol disponÁvel na Argentina nem no Chile”, disse Klever, cuja equipe realizou um longo trabalho de logÁstica, transportando oito mil litros do combustÁvel para os dois paÁses. O tanque do carro, que na versão de rua comporta 80 litros, foi aumentado para 560 e deverá ter autonomia para um dia inteiro de competições, sendo reabastecido após o final de cada especial.
Klever citou também a recepção do público ao projeto. “Aqui eles dão muito valor a esta questão da sustentabilidade. Enquanto fazÁamos a vistoria técnica, os competidores passavam com o carro por uma arquibancada lotada e havia um locutor que apresentava o time. E na nossa vez, ele nem entrou no mérito desta ser a minha 22ª participação no Dakar”, diverte-se. “O locutor se concentrou totalmente em falar que o nosso projeto era sustentável, e o público adorou. Algumas pessoas ainda nos perguntam o que é o etanol, mas é por isso que estamos aqui, para desmistificar e fazer o mundo saber que o etanol é um combustÁvel limpo e uma fonte de energia renovável”, afirmou.
Hoje, a competição sai de Buenos Aires e se dirige até a cidade de Colon, a 317 quilÁ´metros da capital argentina. Amanhã, a especial será de Colon até Córdoba, cidade que recebe também uma etapa do WRC (Mundial de Rally), completando um total de 684 quilÁ´metros na primeira etapa do Dakar 2010.
Sobre Klever Kolberg: Engenheiro e piloto, Klever Kolberg é o brasileiro que mais vezes participou do Rally Dakar, competição off-road mais difÁcil e perigosa do mundo, tendo sido um dos pioneiros no paÁs a disputá-la. O piloto criou a primeira equipe brasileira a participar do Dakar e vai competir pela 22ª vez em 2010. Um dos grandes nomes do off-road nacional, Klever começou na prova competindo de moto, entre 1988 e 1996, sagrando-se campeão da categoria Motos Maratona em 1993, ano em que foi o quinto colocado no geral. A partir de 1997 passou a disputar o Dakar entre os carros, obtendo o tÁtulo vice-campeão na categoria Carros Maratona em 1999 e 2000 e na categoria Carros Diesel em 2002. É autor de três livros sobre o assunto e é comentarista de rali no canal ESPN desde 2007.
Sobre Giovanni Godoi: Engenheiro mecânico com 20 anos de experiência no automobilismo nacional, sendo oito dedicados Á s competições off-road como engenheiro responsável pelo desenvolvimento dos veÁculos de competição da Mitsubishi. Em 2003 disputou o Rally dos Sertões, terminando em 17º na geral e terceiro entre os novatos, com o objetivo de entender e vivenciar as exigências a que o carro e a dupla piloto/navegador são submetidos em uma prova deste porte, e em paralelo, testar e desenvolver novos componentes. Esteve no Dakar 2009 com navegador de um caminhão de apoio.